Público - Terça, 21 de Novembro de 2006
Adelino Gomes
Segunda parte do artigo "A teoria das conspirações"
O Presidente da República de Timor-Leste, Xanana Gusmão, pediu ao comité central da Fretilin (CCF) que lhe dê os nomes das personalidades estrangeiras que alegadamente abordaram oficiais superiores das Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL) para um golpe de Estado no país, dizendo que, se os receber, denunciará "essa conspiração internacional".
O pedido do Presidente consta da segunda parte de um artigo de resposta a acusações do CCF contra a sua actuação ao longo da crise de Abril/Maio que levou a confrontações sangrentas entre forças militares e policiais e à resignação do primeiro-ministro, Mari Alkatiri.
Publicado no único diário de língua portuguesa do país, Jornal Diário Nacional de Timor-Leste, sob o título "A teoria das conspirações", o artigo deverá ter, pelo menos, uma terceira parte, anunciada pelo autor no final deste segundo texto, divulgado a semana passada.
Xanana Gusmão reage neste segundo artigo a uma "análise da situação" subscrita pelo CCF, em 29 de Outubro, na qual os principais dirigentes do partido no poder atribuem a crise que Timor-leste atravessa a um "plano bem traçado", aplicado ao longo dos últimos quatro anos com o objectivo de criar "um clima de caos e ingovernabilidade" e que passava pelo aliciamento das forças armadas para um golpe para "salvar o país" de um "governo impopular" [da Fretili]. O alegado aliciamento teria sido levado a cabo por personalidades estrangeiras e por elementos ligados à Igreja e aos partidos da oposição, segundo chegou a declarar o próprio Mari Alkatiri, citando informações que lhe haviam chegado de oficiais superiores das FDTL.
"Esforço de cooperação"
O Presidente enumera um conjunto de "muitas diferenças de postura" relativamente a Alkatiri, entre as quais o pedido de demissão do ex-ministro Rogério Lobato, a escolha do primeiro embaixador, a legislação sobre impostos e imigração, o Código Penal e, mais recentemente, a "contratação política", pela Fretilin, do Korka, um grupo de artes marciais que passou a fazer a segurança das reuniões deste partido. Apesar destas "importantíssimas" diferenças, porém, houve um "esforço de cooperação" entre os dois órgãos de soberania.
No texto, carregado de expressões sarcásticas em relação à direcção da Fretilin eleita no último congresso e em particular aos dirigentes que viveram no estrangeiro durante a ocupação indonésia, Xanana acusa o ex-chefe do Governo de duplicidade. Alkatiri, conta, disse-lhe que desconfiava do papel de Lobato nas confrontações de 28 de Abril, mas poucos meses depois foi eleito vice-presidente da Fretilin, de que o ex-primeiro-ministro é secretário-geral. "A acusação, afinal, era falsa. Não brinquemos a acusar levianamente as pessoas", critica o Presidente timorense.
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Ao contrário do que diz o Presidente da República o problema de Timor-Leste não é o Comité Central da Fretilin.
ResponderEliminarOntem morreu mais um timorense, pertencente à comissão de reconciliação comunitária e um cidadão Brasileiro.
O problema de Timor Leste é que a violência não pára. É que há muita gente que não respeita nem a vida das pessoas, nem a autoridade do Estado e das suas instituições. Já não respeitam sequer a autoridade do Presidente Xanana. Quantos apelos já fez ele à paz? E a paz veio?
Cada vez o que ele diz conta menos, e o facto de agora se ter tornado em Presidente Jornalista que assina crónicas periódicas nos jornais só serve para que o que diga conte cada vez menos.Banalisa o que diz e assim enfraquece o que diz. Um presidente a sério deve falar pouco mas a sua palavra deve ser efectiva.
Qualquer senhor doutor que o presidente Xanana desdenha lhe teria dito isso se ele os quisesse ouvir. Porque vem nos manuais de ciência política.
E o facto de a palavra do Presidente não contar é um problema, porque sem autoridade não há ordem, e sem ordem e disciplina não há paz e sem esta não é possivel o desenvolvimento económico.E o povo sofre!
O povo sofre!
E isto é o que a FRETILIN tem dito desde o inicio. É preciso respeitar a ordem instituída. É preciso respeitar a autoridade do Estado.
A mudança se vier tem de ter lugar com eleições livres e justas.
É uma indignidade que enquanto morrem cidadão timorenses e agora estrangeiros (cooperantes que sairam dos seus países para ajudar Timor Leste)nas ruas de Dili, o Presidente ocupe o seu tempo a escrever artigos e a inflamar os ânimos contra um partido político!
O presidente Xanana não percebeu o quanto o cargo de presidente da República num sistema constitucional semi-presidencial, como o timorense, é exigente. Politicamente exigente. O presidente tem de fazer política sem entrar no jogo político partidário. Em nome dos interesses do Estado, e das suas instituições, acima dos interesses político partidários.
O Presidente tinha legitimidade para, atenta a crise criada, procurar outra solução governativa com outro primeiro ministro, mas não podendo dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas (por inexistência de leis eleitorais e condições lotísticas para a sua realização) tinha de se ter entendido com o partido maioritário. Pelo menos perante a opinião pública. E não entrar, como entrou, em guerra (pelo menos) verbal com a sua direcção. É aí que o presidente perde. E com ele Timor Leste.
O presidente com tão extensos artigos nos jornais mostra nervosismo e fraqueza. Porque se escreve tanto quer dizer que não pode ou não sabe fazer mais nada. Só se descredibilisa. E com ele o Estado timores ( ou o que resta dele.
Se a coisa assim continua não tarda que surjam (se é que já não surgiram) os saudosos da ocupação Indonésia.
O PRESIDENTE DA REOPUBIPLICA DE TIMOR LESTE AGORA PORTA-SE COMO COMO QUALQUER PESSOA VULGAR,COMO JORNALISTA QUE JA NAO TEM A QUALQUER NA PRESIDENCIA DA RPUBLICA .
ResponderEliminarCRITICAR A FRETILIN E CRITICAR AOS SEUS MILITANTNTAES QUE SUPORTAM O PARTIDO MAIORITARIO NO PARLAMENTO E NO GOVERNO.
A MAIOR PREOCUPACAO DE XANANA NESTE MOMENTO ACTUAL DA CRISE NAO E COM O ESTADO DE TIMOR LESTE MAS SIM COM A FRETILIN QUE E O SEU ADVERSARIO POLITICO.
Este comentário deve vir de alguém não timorense, entendo-o mas se for um timorense a dizer isto, significa que ele tem pouca cultura sobre a crise que passa no seu proprio país.
ResponderEliminarO que aconteceu foi um salva de aviso para o nascimento de um regime ditador que vai contra o principio da democracia que defendemos até momento.
Fretilin como partido maioritario tem envolvido tanto na crise (desejo de governar 50 anos, o que impossivel num país democrático como Timor): os esforços para tal desejo são bem vistos, muitas ameaças feitas através de discursos, discriminação, distribuição de armas...estes foram feitos por aqueles que tem sempre na ponta da lingua a palavra "a Constituição"...
Sabemos que Xanana não é Deus mas Ele é alguém que tudo fez para tornar claro "o jogo sujo" que alguns membros do primeiro governo Constitucional cometeu...O senhor talvez que o povo seja enganado com as politicas sujas mas eu como timorenses e defensor da democracia neste país defendo que o que Xanana fez (escrecer)agora é outra forma de resolver os problemas, tentou ajudar a população (45 a 55% analfabetos)a perceber a verdade das mentiras que causaram danos materiais e morais do povo Timor...
Será possível que depois de tudo o que se tem passado que ainda haja ceguinhos que não percebem que o combate político se faz sem violência, sem traições e ás claras, nas eleições? E antes delas nos debates, nos esclarecimentos, nas manifestações, nos protestos, mas SEM VIOLÊNCIA, SEM TROPAS ESTRANGEIRAS, SEM ARMAS, e no respeito pelos poderes de cada órgão e sem um órgão meter o bedelho nas funções dos outros, como infelizmente para os Timorenses o incompetente do Xanana continua a fazer, sendo o primeiro a dar o péssimo exemplo de minar a autoridade tanto do Parlamento, como dos Tribunais, como antes minou a autoridade do Governo e dando azo à total bandalheira que actualmente se vive em Dili?
ResponderEliminarE que é ele o Xanana quem desde sempre tem mentido descaradamente ao povo de Timor e até agora, para vergonha dele e de todos os Timorenses, mentiu com todos os dentes para levar á resignação do seu legítimo Primeiro-Ministro e por isso os Timorenses passaram pela vergonha de o relatório da ONU não só ter censurado o seu PR como o ter desmentido quando escreveu preto no branco que: “Relativamente ao ex-Primeiro-Ministro, a Comissão não possui provas com base nas quais ela poderia recomendar que o Sr. Mari Alkatiri devesse ser processado judicialmente por estar envolvido
na movimentação, posse ou uso ilegal de armas.” (parágrafo 133, página 62 do Relatório da ONU).
E que quanto ao Xanana que a Comissão tenha deixado escrito que: “Relativamente ao discurso de 23 de Março de 2006 (…),
a Comissão considera que o Presidente da República deveria ter mostrado maior contenção e respeito pelos canais institucionais esgotando os mecanismos disponíveis, tal como o Conselho Superior de Defesa e Segurança, antes de fazer um discurso público à nação. Similarmente, a
Comissão nota que, ao intervir pessoalmente junto do Major Reinado (…), o Presidente da República não consultou nem cooperou com o comando da FFDTL, aumentando desta forma a tensão entre o Gabinete do Presidente e a F-FDTL.” (Parágrafo 77, páginas 77 e 78).