Díli, 15 Nov (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, alertou hoje para "possíveis interferências" no processo em curso de normalizaçã o de relações entre as forças de defesa e de segurança de Timor-Leste.
Em declarações à Lusa no final de uma parada em Díli em que participara m 600 efectivos das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e da Políc ia Nacional de Timor-Leste (PNTL), Ramos-Horta disse que a iniciativa "já é uma garantia muito importante para que as duas instituições não voltem a digladiar-s e".
"Independente de possíveis interferências, de pessoas estranhas às inst ituições", alertou, sem entrar em detalhes.
Ramos-Horta referiu que a parada realizada hoje em frente ao Palácio do Governo, presidida pelo chefe de Estado, Xanana Gusmão, e na presença dos titul ares dos restantes órgãos de soberania, constituiu "um dos muitos passos" que tê m sido dados "ao longo de semanas de diálogo muito paciente" e com "muita abertu ra e muita franqueza".
"Mas são precisos mais passos para sarar completamente as feridas, esta bilizar o país e preparar para as eleições [presidenciais e legislativas de 2007 ], para que de futuro os acontecimentos trágicos de Abril, Maio, Junho e Julho n ão voltem mais a acontecer", frisou.
Ramos-Horta salientou que participou em "inúmeras reuniões" com militar es e polícias e destacou que os comandos das duas forças "deram passos enormes e m frente na sua aceitação mútua".
Notório no início da cerimónia foi o forte abraço trocado entre o coman dante das F-FDTL, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, e o comissário Paulo Marti ns, comandante da PNTL.
Ramos-Horta recordou idêntico abraço trocado pelos dois homens, há cerc a de duas semanas, em casa do Presidente Xanana Gusmão, em Balibar, arredores de Díli, durante um encontro de confraternização patrocinado pelo chefe de Estado e pelo primeiro-ministro.
"Participei nos encontros privados que tivemos com eles, o Presidente e eu, e já na altura, o comandante Paulo Martins, com lágrimas nos olhos e a soluçar, a pedir desculpa ao brigadeiro-general Taur Matan Ruak pelo ataque à sua casa, em Maio passado", recordou.
"Paulo Martins negou rotundamente que tivesse dado ordens para esse ataque, cuja responsabilidade disse pertencer a um oficial da polícia, sem qualquer aval do comando da PNTL. Na altura, Taur Matan Ruak abraçou-o e aceitou a explicação", adiantou.
O primeiro-ministro timorense referia-se ao ataque levado a cabo a 25 d e Maio, contra a residência de Taur Matan Ruak por elementos liderado pelo antigo 2º comandante da PNTL no distrito de Díli, Abílio Mesquita "Mausoko".
Aquele quadro da PNTL encontra-se actualmente detido, a aguardar a conclusão da instrução do processo-crime que foi aberto por esse ataque.
Referindo-se novamente aos encontros que têm reunido militares e polícias, José Ramos-Horta disse que vão "continuar nos próximos dias e semanas".
Quanto ao regresso da PNTL e das F-FDTL às suas actividades normais, Ramos-Horta disse que no caso da polícia "importa ter muita cautela".
"Vamos continuar primeiro com todo o esforço de verificação dos polícia s. Não vamos acelerar demais o processo, porque é preciso muita cautela. Nada de falsos entusiasmos e fazermos corta-mato para a normalização da PNTL", acrescentou.
O processo de verificação referido pelo primeiro-ministro diz respeito ao controlo que está a ser feito a cada agente, confirmando que não existem acusações quanto à participação nos actos de violência registados desde Abril passado.
"Do lado das forças de defesa, temos estado em reunião com eles, com membros do governo, com as forças internacionais e as Nações Unidas", afirmou.
"Devo dizer, muito claramente, que eu enquanto primeiro-ministro e ministro da Defesa [pasta que acumula no II Governo Constitucional], não vejo razão para que não seja feita a normalização das actividades das F-FDTL", frisou.
Na sequência da crise, as F-FDTL remeteram-se no final de Maio às suas unidades.
"Obviamente que não serão actividades ligadas ao que é o trabalho normal de polícia. Mas sim a livre circulação dos elementos das F-FDTL em todo o território, para que possam fazer os seus trabalhos de treino e exercícios de formação", explicou.
O processo está ainda a decorrer, mas Ramos-Horta está convicto que dentro de uma semana, já haverá um documento a esse respeito.
"Ainda estamos neste processo de consultas, com o próprio comando das F -FDTL, e talvez na semana que vem já teremos um documento para falar com os australianos e as Nações Unidas para a normalização da vida" das forças armadas, garantiu.
No final da cerimónia, a Lusa tentou obter comentários do Presidente Xanana Gusmão, mas o chefe de Estado recusou repetidamente falar à imprensa.
A parada realizada hoje visou demonstrar a normalização das relações entre as duas instituições, mas persistem ainda receios sobre eventuais aproveitam entos para deteriorar a crise.
Nesse sentido, a Lusa teve acesso a SMS enviados pela cooperação australiana aos cidadãos australianos, aconselhando-os a que regressassem a casa a par tir das 16:30 locais (07:30 em Lisboa), devido à realização da parada, por receio de eventuais incidentes.
Também o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) distr ibuiu um SMS informando os seus funcionários que evitassem as zonas da cidade po r onde iria passar a "marcha de paz das F-FDTL e da PNTL".
A parada foi acompanhada por cerca de 1.500 pessoas e não se registaram quaisquer incidentes.
EL-Lusa/Fim
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"Obviamente que não serão actividades ligadas ao que é o trabalho normal de polícia. Mas sim a livre circulação dos elementos das F-FDTL em todo o território, para que possam fazer os seus trabalhos de treino e exercícios de formação" explicou o Horta.
ResponderEliminarIsto é, o Horta que abriu a porta a 3000 militares Australianos para fazer trabalho de polícia em Timor-Leste – trabalho que fizeram tão mal que levou a 2000 casas serem queimadas, a triplicar o número de deslocados e à fuga de 56 presos da prisão – e como prémio autorizou-os a construírem instalações sólidas na zona do Aeroporto, deixa para as F-FDTL o papel de “circularem” pelo país depois de os manter presos nos quartéis quase 6 meses?
Pensa o Horta que as F-FDTL vão aceitar passivamente o papel de meros participantes em paradas para Timorense ver?
"Paulo Martins negou rotundamente que tivesse dado ordens para esse ataque, cuja responsabilidade disse pertencer a um oficial da polícia, sem qualquer aval do comando da PNTL. Na altura, Taur Matan Ruak abraçou-o e aceitou a explicação”, adiantou o Horta. E adiantou bem. Aliás ele, Horta, sabe que a ordem para o ataque à casa do Brigadeiro-General foi dada pelo PR Xanana Gusmão. Toda a gente em Timor sabe que tanto o Paulo Martins como os majores desertores das F-FDTL recebiam ordens directas do Xanana. Como aliás também o Horta recebia.
ResponderEliminarSó uma dúvida: o bispo de Dili também discursou ontem ou afinal não apareceu? É que foi mencionada a sua participação mas nem nas fotos nem nas notícias subsequentes aparece qualquer menção.
Ai Margarida(s), Margarida!... Percebendo tão pouco da situação em Timor-Leste porque teima tanto em dar opiniões e fazer acusações que já não convencem ninguém?!
ResponderEliminarDeixem essa táctica de lado e sigam o exemplo daqueles que estão relamente a lutar para devolver a normalidade a Timor e a esclarecer as confusões que vocês foram armando.
É tempo de fazer mea-culpa e entrar no caminho da verdade e da união. Afinal tanto acusam os australianos e vocês próprios têm feito um aproveitamento da instabilidade em proveito próprio e teimam em fomentar a desunião.
Admitam que esse tempo já passou e que é hora de olhar em frente. O povo já sofreu demasiado e a vossa estratégia resultou num rotundo falhanço de que já ninguém duvida.
Prestem agora um bom serviço a Timor-Leste e dêem a mão à palmatória. Nós sabemos perdoar, se se mostrarem genuinamente arrependidos e dispostos a trabalhar em prol do bem comum.
Timor-Leste precisa de mais pessoas que tenham por missão servi-lo e não servir-se dele.
P.S. E, já agora, espero que tenham a dignidade de não censurar este post... como têm feito a tantos outros que procuram esclarecer e não desinformar!
Afinal o Anónimo nada refutou do que eu escrevi e nem sequer me soube esclarecer sobre a presença ou ausência do bispo. Percebe-se pelo estilo delico-doce que é mais do lado do Horta. Mas tal como o Xanana, completamente atascadinho neste golpe, eles e os restantes comparsas só não querem afinal é que os Australianos se vão... E depois falam em perdão, verdade, união. Mas nunca os ouvir falar em assumirem as responsabilidades, erros, traições, cobardias. É que, mesmo para os católicos antes do perdão tem de haver contrição e antes desta tem de haver reconhecimento dos erros. Mas para o Horta e o Xanana os erros ou são dos outros ou são de todos... deles é que nunca! Bruxo!
ResponderEliminarE MUITO TRISTE VER O PAULO MARTINS ESTAR TAMBEM PRESENTE NESTE ACTO CERIMONIAL DA PARADA FALINTIL/FDTL E PNTL.
ResponderEliminarE UMA POLITICA SUJA DOS HIPOCRITAS CAUSADORES DA CRISE EM QUE POS A POPULACAO SEM CASAS E AGORA TEM MEDO E VERGONHA DE SE MOSTAREM A FACE AO TRIBUNAL DA JUSTICA VEM MENTIR AO POVO COM A FANTOCHADA DA RECONCILIACAO.
ONDE ESTAVA A RESPONSABILIDADE DO COMISSARIO PNTL LEI E ORDEM PAULO MARTINS,EM ABANDONAR O DEVER QUE LHE FOI ENTREGUE PARA CRIAR DESORDENS NA SOCIEDADE CONTRA O GOVERNO DE MARI.
FAZER ENTAO UMA REFLEXAO A RENOMEACAO DO PAULO MARTINS .