Díli, 07 Nov (Lusa) - O ex-primeiro-ministro de Timor-Leste Mari Alkatiri foi hoje ouvido novamente pelo Ministério Público, no âmbito do processo em que foi constituído arguido por alegado envolvimento na distribuição de armas a civis durante a crise político-militar no país.
"Já tinha pedido à Procuradoria-Geral da República para que acelerassem o meu processo, e hoje fui novamente ouvido", disse Mari Alkatiri à Agência Lusa, escusando-se a dar mais pormenores.
"Estou, naturalmente, disponível para ser ouvido sempre que for convocado", frisou.
Mari Alkatiri, que prestou declarações pela primeira vez no Ministério Público a 20 de Julho, foi constituído arguido no mesmo processo em que figura o seu então ministro do Interior Rogério Tiago Lobato, que já foi formalmente acusado.
Em causa está a alegada distribuição de armas a civis denunciada por Vicente da Conceição "Railos", antigo comandante da guerrilha contra a ocupação indonésia, que figura no processo como testemunha.
Mari Alkatiri foi acusado por "Railos" de ter ordenado a Rogério Lobato que procedesse à distribuição de armas para a eliminação de adversários políticos, dentro e fora da FRETILIN, partido maioritário em Timor-Leste, de que é secretário-geral.
Alkatiri, que em consequência da crise se demitiu do cargo de primeiro-ministro, tem repetidamente negado as acusações, insistindo ao mesmo tempo na rápida resolução da investigação em curso.
O seu nome foi referenciado no recente relatório elaborado por uma comissão das Nações Unidas sobre os factos e as circunstâncias da violência registada em Abril e Maio.
Nesse relatório, divulgado a 17 de Outubro, a comissão, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, recomenda uma investigação adicional para determinar se o ex-primeiro-ministro deve ou não ser responsabilizado criminalmente pela distribuição de armas.
No relatório, a comissão da ONU adianta que não foram encontradas provas que sustentassem uma recomendação para que Alkatiri seja acusado de "envolvimento pessoal" na distribuição, posse ou utilização ilegal de armas.
Contudo, a comissão da ONU adianta ter recebido informações que "levam à suspeita" de que Alkatiri sabia da distribuição ilegal de armas da polícia pelo seu ex-ministro do Interior.
EL-Lusa/Fim
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