quinta-feira, novembro 30, 2006

'Falta decisão política para difusão da língua portuguesa'

LUSA Brasil - 29-11-2006, 15:01:59

Rio de Janeiro, 29 Nov (Lusa) - O embaixador do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Lauro Moreira, defendeu nesta quarta-feira o incentivo à cultura como forma de difundir a língua portuguesa e disse que falta atuação política.

"Ao desenvolver a cultura, nós estaremos, obviamente, promovendo a nossa língua portuguesa. Na medida em que se dinamiza a área cultural e artística, automaticamente valoriza-se a própria língua", disse à Agência Lusa o embaixador, que participa, no Rio de Janeiro, do Fórum Mundial Cultural 2006.

Segundo Moreira, que assumiu a Missão Permanente do Brasil na CPLP em meados de agosto, "faltam interesse e decisão política para a difusão da língua portuguesa" e o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), criado em 1989 e considerado o berço da CPLP, ainda não conseguiu deslanchar.

"Talvez não tenhamos encontrado a melhor maneira de dinamizar o IILP, apesar de já estar havendo um esforço grande nesse sentido. É possível que estejamos insistindo no caminho equivocado", admitiu o embaixador.

Língua portuguesa no mundo


Atualmente, há cerca de 220 milhões de pessoas que falam português, a sétima língua do mundo e a terceira do Ocidente, atrás apenas do inglês e do castelhano. Mas todos os países da CPLP estão de acordo em que é preciso ampliar a voz da língua portuguesa no mundo.

O embaixador observou que se fala da valorização da língua portuguesa "como se ela fosse um fim em si mesma, quando na verdade a língua é instrumento", e insistiu em que "não se pode difundir a língua sem incentivos às atividades culturais".

Exemplo brasileiro

Na opinião do embaixador, o novo cargo diplomático criado pelo governo brasileiro para tratar exclusivamente de assuntos internos da CPLP foi um "passo inédito e pioneiro", tendo sido muito bem recebido pelos outros membros da Comunidade.

Lauro Moreira espera que a iniciativa brasileira possa ser seguida por outros países, mas reconhece a existência de "graves dificuldades em termos de recursos financeiros".

"Dificilmente países como a Guiné-Bissau, o Timor Leste e São Tomé e Príncipe vão ter a possibilidade de criar uma embaixada desse tipo em Lisboa. Mas outros países como Angola, Portugal e Moçambique podem perfeitamente fazer isso", afirmou o embaixador.

Fórum

O 2º Fórum Cultural Mundial (FCM), que acontece até 30 de novembro no Rio de Janeiro e em Salvador, reúne mais de 400 ativistas, políticos e especialistas do setor.

O Fórum pretende estimular discussões sobre inclusão e mobilidade social, o papel das artes e das manifestações culturais para o desenvolvimento humano e econômico nacional e internacionalmente, e tem interesse em fomentar o diálogo Sul-Sul sobre esses temas.

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