Sou brasileira, e estive em Timor-Leste durante dois anos trabalhando. Trabalhei com afinco e estive presente, como muitos brasileiros, quando dos acontecimentos de Abril e Maio deste ano, quando vi nosso trabalho - de malaes e timorenses - serem arrastados ao chão. Mas, mesmo com dor, medo e lágrimas, seguimos em frente... não poderia ser diferente, nessa terra do sol nascente, porque diferente não e o exemplo desse povo timorense.
Quando, mesmo contra minha vontade, tive que voltar ao Brasil, senti-me "abandonando o barco" em plena tempestade que assolava esse país, roubando o riso e a esperança desse povo já tão sofrido.
Mas essa é a história deles que eu respeito, compreendo e aceito que escrevam com suas próprias mãos.
A nos, malaes, so nos e permitido o papel de co-participantes na medida em que somos chamados a colaborar. Não nos cumpre transformar ou mudar o curso e a direcção. Mas eu me pergunto, temos feito a nossa parte??
Quantos timorenses já morreram até agora? E quantos mais serão necessários morrer para que possamos entender a mensagem?
Desta vez foi um brasileiro... brasileiros são povos irmãos dos timorenses, amados por eles, desde o braço armado que ai estiveram ensinando capoeira, samba e futebol, aos professores que ensinaram português com música e que ainda insistem em ensinar em plena crise, quando todos ja se foram ate aos missionários que de tanta humildade, sem o limite da língua (falam tetum e ate outros dialectos) já não são malaes, e sim verdadeiros timorenses.
Por isso, e provável que hoje sintam em Timor que morreu um quase-timorense e não realmente um internacional...
E eu me pergunto, numa escala de importância, as autoridades internacionais agiriam diferente se, ao invés de um brasileiro tivesse morrido um australiano ou um americano em Timor-Leste?
Quantos mais precisaram morrer para que se de um BASTA a essa situação??
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