terça-feira, novembro 21, 2006

Cerca de 300 pessoas na marcha em memória de brasileiro assassinado

Díli, 21 Nov (Lusa) - Cerca de 300 pessoas participaram hoje numa marcha silenciosa em Díli em memória do cidadão brasileiro assassinado domingo passado, o primeiro estrangeiro vítima da violência em Timor-Leste provocada pela crise político-militar iniciada em Abril.

Edgar Gonçalves Brito era missionário evangélico há cerca de dois anos em Timor-Leste.

A homenagem foi convocada por SMS (mensagens de texto por telemóvel) por outros cidadãos brasileiros e autorizada pelas autoridades timorenses, tendo o primeiro-ministro José Ramos-Horta, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Luís Guterres, e pela vice-ministra da pasta, Adalgisa Magno, aderido à iniciativa.

Os embaixadores do Brasil, António de Souza e Silva, e de Portugal, João Ramos Pinto, estiveram igualmente presentes.

A marcha silenciosa iniciou-se com uma concentração na Praça da Paz, em Lecidere, e prosseguiu a pé até à Praça dos Heróis da Independência, defronte da igreja de Motael, numa distância de cerca de 2,5 quilómetros.

Chegados a Motael, um pastor evangélico, uma freira católica e um religioso muçulmano fizeram breves declarações em prol da paz, numa manifestação de diálogo inter-religioso, após o que os participantes, brasileiros na maioria, mas também alguns portugueses e timorenses, abandonaram o local, deixando para trás velas acesas.

No final, em declarações à imprensa, José Ramos-Horta salientou estar no local também em representação do Presidente Xanana Gusmão, ausente por motivos de saúde.

"Para Timor-Leste (a morte do cidadão brasileiro) é uma tragédia. Sentimos a perda de qualquer vida humana, timorense ou estrangeira, em particular de alguém, um missionário brasileiro, que está aqui por devoção ao povo de Timor", afirmou.

Ramos-Horta reconheceu que continua a faltar paz em Timor-Leste.

"Continua a faltar paz. A paz é sempre difícil de construir, é preciso paciência e uma longa caminhada. (A paz) não é feita só com acordos. É feita com diálogo, com muita paciência, e é isso que vamos continuar a fazer, apesar dos revezes causados pelos inimigos da paz", defendeu.

Confrontado com a morte de Edgar Gonçalves Brito, e do timorense José Barros Soares, activista da Comissão de Diálogo para a Reintegração Comunitária, cujo corpo foi descoberto sem vida segunda-feira de manhã em Díli, José Ramos-Horta garantiu que o diálogo vai continuar.

"Vamos continuar com o diálogo. Amanhã (quarta-feira) o Presidente Xana na preside à primeira fase do programa Diálogo Nacional de Alto Nível, processo que vai continuar nos próximos dias, semanas e provavelmente meses", revelou.

Para o primeiro-ministro timorense, o que o país mais precisa é de diálogo.

"O que este país precisa mais, e não tinha no passado, é dialogo e vamos fazer tudo para que neste país o hábito do diálogo, a cultura do diálogo ganhe raízes e seja a única via para que a violência acabe de vez e nunca mais volte" , vincou.

EL-Lusa/Fim
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