Díli, 14 Nov (Lusa) - Centenas de jovens voltaram hoje às ruas de Díli para exigirem a paz, encenando uma concentração junto ao Parlamento Nacional, on de dizem querer que os líderes políticos timorenses concertem a paz.
A manifestação de hoje, que voltou a integrar passagens por vários bair ros da capital, foi sempre acompanhada por polícias da ONU (UNPOL), não se tendo verificado qualquer incidente.
Segunda-feira, primeiro dia desta iniciativa, registaram-se pequenos in cidentes na rotunda de Caicoli e junto ao Matadouro, no bairro de Balide, mas os confrontos mais graves ocorreram em Bebonuk, tendo provocado um ferido grave e um ferido ligeiro.
Residentes em Bebonuk disseram hoje à Lusa que os confrontos se verific aram por falta de informação.
"Não sabíamos que os jovens estavam a realizar uma manifestação pela pa z, pelo que nos sentimos ameaçados quando vimos muitos 'lorosae' a entrar na nos sa zona", disse à Lusa um residente "loromonu" (naturais da zona oeste do país) referindo-se à presença de vários timorenses da parte leste, e que preferiu não se identificar.
A barreira levantada segunda-feira a separar as duas zonas em Bebonuk f oi entretanto hoje levantada por moradores locais, sendo agora possível transita r dentro das labirínticas ruas daquele bairro.
Fonte militar disse à Lusa que o número de jovens hoje envolvidos na ma nifestação e concentração junto ao Parlamento Nacional era de cerca 400.
Pedro Pereira, um dos participantes nas manifestações pela paz, sublinh ou a independência dos promotores da iniciativa face aos partidos políticos, ref erindo que o objectivo é demonstrar que os jovens devem estar unidos.
Os manifestantes, entre os quais estudantes e membros de grupos rivais, voltaram hoje a transportar consigo bandeiras nacionais de Timor-Leste e cartaz es e panos com apelos à unidade.
Em comunicado distribuído à imprensa, o primeiro-ministro, José Ramos-H orta, saudou a iniciativa dos jovens, sublinhando parecer que "a paz, não a guerra, está a irromper em Timor-Leste".
Ramos-Horta acrescentou que a manifestação sucede a vários encontros pa trocinados por si próprio e pelo Presidente da República, Xanana Gusmão, com as chefias das forças armadas e quadros da Polícia Nacional.
No comunicado, enviado pelo gabinete do primeiro-ministro, destaca-se q ue José Ramos-Horta, que detém a pasta da Defesa, "prefere ser conhecido como o capelão das forças de Defesa".
"Embora uma das suas responsabilidades seja assegurar que os militares tenham armas, ele [Ramos-Horta] declarou que não voltará a comprar armas para o Exército nem para a polícia", lê-se no documento.
Citando Ramos-Horta, o comunicado prossegue: "Existem demasiadas armas no nosso país. Todos presenciámos demasiadas mortes, demasiada violência e demas iado desgosto. Considero que o meu papel é interpretar o pensamento das forças a rmadas e da polícia. Chega de armas".
Para tornar pública a aproximação entre as forças de defesa e a polícia, que se envolveram em confrontos armados ao longo da crise político-militar iniciada em Abril, realiza-se quinta-feira, defronte do Palácio do Governo, uma "formatura de normalização das relações", conforme a expressão utilizada por fonte da Presidência da República, em declarações à agência Lusa.
Xanana Gusmão presidirá à iniciativa, acompanhado do presidente do Parlamento Nacional, do primeiro-ministro e do presidente do Tribunal de Recurso, que visa demonstrar o "espírito de unidade e solidariedade" das forças armadas e da polícia e o seu empenho em "ultrapassar a crise actual", segundo uma nota à imprensa divulgada pela Presidência da República.
Assistirão à iniciativa membros do Governo e do Parlamento Nacional, acrescenta.
EL-Lusa/Fim
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