terça-feira, novembro 21, 2006

Assassínio activista da reconciliação pode condicionar iniciativas de diálogo

Díli, 21 Nov (Lusa) - O assassínio na madrugada de segunda-feira em Díli d e um activista da Comissão de Diálogo para a Reintegração Comunitária pode condicionar futuras iniciativas de promoção do diálogo, disse hoje à Lusa a presidente desse órgão.

"Eu própria estou assustada. Muitos dos elementos da Comissão (de Diálogo para a Reintegração Comunitária) já me disseram que nem envergam a camisola azul (símbolo da reconciliação) por recearem represálias", salientou Maria Domingas Alves "Micató", no final do encontro que promoveu entre a imprensa e Madalena Quintão, viúva de José Barros Soares, de 40 anos.

José Barros Soares, que deixa oito filhos, foi assassinado horas depois de ter sido arrastado à força da sua casa, no bairro de Ai-Mutin, por desconhecido s encapuzados.

Professor de formação e activista empenhado da Comissão, José Barros Soares foi sequestrado às 03:00 de segunda-feira (18:00 de domingo em Lisboa) e o corpo foi encontrado, com sinais de múltiplos golpes de arma branca, sobretudo na cabeça, disse à Lusa o director do Hospital Nacional Guido Valadares, António Caleres Júnior.

O corpo foi encontrado na Avenida de Comoro na manhã de segunda-feira.

A Comissão de Diálogo para a Reintegração Comunitária é uma estrutura criada pelo Presidente Xanana Gusmão, que em parceria com o Programa "Simu Malu" (ex pressão em tétum que em português se pode traduzir por "Mútuo Acolhimento"), coordenado pelo Ministério do Trabalho e Reinserção Comunitária, tem realizado encontros a nível local para ultrapassar as diferenças comunitárias, na base da violência que amiudadamente irrompe em Díli.

Para "Micató", a morte de José Barros Soares "pode ser um retrocesso no processo de diálogo".

Natural de Maliana, no distrito de Bobonaro, o corpo de José Barros Soares saiu hoje do hospital, para o funeral na sua terra natal.

A viúva, Madalena Quintão, natural de Uato Carbau, no distrito de Viqueque , disse à Lusa que não quer continuar em Díli, pelo que, juntamente com os oito filhos, vai regressar à parte leste do país, onde tem família.

José Barros Soares e o cidadão brasileiro Edgar Gonçalves Brito, o primeiro estrangeiro a morrer desde o início da crise em Timor-Leste, em Abril passado, foram as vítimas mais recentes da violência na capital timorense.

Esta onda de violência levou as Nações Unidas a anunciar o reforço das patrulhas policiais.

António Caleres acrescentou à Lusa que somente desde domingo, deram entrada no hospital mais 39 feridos, todos resultantes de confrontos entre grupos rivais.

Numa manifestação de solidariedade para com o cidadão brasileiro, a comunidade residente deste país em Timor-Leste realiza hoje uma marcha silenciosa, na qual se integrará o primeiro-ministro José Ramos-Horta, disse à Lusa fonte do seu gabinete.

EL-Lusa/Fim
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2 comentários:

  1. Confesso que perante este crime hediondo me apetece ficar calada. Mas é lá isso possível? Um pais de oito filhos, morto assim bárbaramente? Um grande abraço de solidariedade aos órfãos, viúva e restantes familiares e amigos.

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  2. E muito vergonhoso e trite um Timor pequenino e Dili tambem uma cidade uma cidade pequenina com uma forca militar e policial comandada pelas Nacoes Unidas nao consegue controlar os bandidos ainda ate agora terrorizam o pobre povinho nas cidades e nas montanhas.Ha sim protectores desses terroristas e bandidos.
    Timor Leste e um Povo Cristao que proteja o seu povo, indicando os autores criminais para serem apanhados e julgados, merecendo as justicas pelas suas maldades contra a humanidade.

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