Díli, 12 Out (Lusa) - O ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri denunciou hoje a "falta de objectividade" e a "seriedade intelectual" do relatório divulgado terça-feira pelo International Crisis Group (ICG), intitulado "Resolver a Crise em Timor-Leste", que acusou basear-se em "pressupostos preconceituosos".
Na sua reacção, distribuída pelo Departamento de Informação e Mobilização da FRETILIN, partido maioritário timorense, que lidera, Mari Alkatiri refere que o relatório é da autoria de Sydney Jones, lamentando que "use o nome de uma organização respeitável para transmitir uma mensagem muito pouco objectiva".
"A autora esconde-se atrás da credibilidade do ICG para transmitir opiniões e recomendações baseadas em interpretações pessoais e factos falsos, rumores e boatos em vez de apresentar factos a partir de uma pesquisa séria e objectiva", acrescentou Mari Alkatiri.
O relatório foi divulgado terça-feira, e ao longo de 32 páginas, o ICG analisa a crise iniciada no início do ano com a petição de um grupo de militares que se queixava de discriminação e a violência que se seguiu, até à entrada em cena de forças internacionais e à aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU de uma nova missão alargada para Timor-Leste.
Nas conclusões do texto, o ICG salienta que o Presidente Xanana Gusmão e Mari Alkatiri devem abster-se de participar nas eleições previstas para 2007 em Timor-Leste, caso contrário a situação pode voltar a degenerar em violência.
"Xanana Gusmão e Mari Alkatiri devem pensar no impensável - esquecer qualquer papel nas eleições para que novos líderes possam emergir", lê-se nas conclusões.
Mari Alkatiri acusa designadamente a autora do relatório de "combinar peças perdidas numa tentativa de montar um quebra-cabeças inexistente, descrevendo um quadro rico em labirintos conspirativos dignos de Agatha Christie".
O International Crisis Group é uma organização independente, não governamental e sem fins lucrativos, que através da análise dos acontecimentos e do recurso a especialistas tem por objectivo prevenir e resolver conflitos.
Actualmente, o ICG é co-presidido pelo ex-comissário europeu para as Relações Externas Chris Patten e pelo ex-embaixador norte-americano Thomas Pickering, tendo o antigo chefe da diplomacia australiana Gareth Evans como presidente e o ex-chefe de Estado moçambicano Joaquim Chissano entre os membros do conselho de administração.
EL/MDR-Lusa/Fim
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