Díli, 22 Set (Lusa) - A situação de segurança em Díli continua "muito frágil e volátil", admitiu hoje o japonês Sukehiro Hasegawa, pouco antes de deixar Timor-Leste, onde desempenhou o cargo de representante especial do secretário-geral da ONU.
Citando Kofi Annan, secretário-geral da ONU, Hasegawa reconheceu que as Nações Unidas saíram de Timor-Leste "talvez demasiado cedo", referindo-se à transmissão, em Maio de 2004, para Timor-Leste das responsabilidades nas áreas da defesa e segurança, com a consequente diminuição do número de "capacetes azuis".
"Penso que se trata de uma lição que foi aprendida pela comunidade internacional, pelo que o Conselho de Segurança decidiu na sua resolução 1704 [aprovada a 25 de Agosto] estabelecer uma nova missão, a qual, considero, tem a oportunidade de dar um contributo significativo para reconstruir esta sociedade, algo fracturada", salientou.
Sukehiro Hasegawa, que falava durante uma conferência de imprensa, adiantou ainda que o processo de construção da paz "exige mudanças na cultura da governação e na mente das pessoas".
"Esta é uma das partes mais difíceis do processo de construção de um país", acrescentou.
Elegendo a actual crise política e de segurança como o pior momento do seu mandato de cerca de dois anos e meio à frente de missões das Nações Unidas em Timor-Leste, Sukehiro Hasegawa lamentou que o efeito da convulsão social que o país viveu "tenha obscurecido muito do bom trabalho alcançado, com a assistência da ONU".
"Neste últimos dois dias tive oportunidade de voltar a falar com os dirigentes mais importantes de Timor-Leste, designadamente o Presidente Xanana, o primeiro-ministro Ramos-Horta, o presidente do Parlamento Francisco Guterres 'Lu-Olo' e o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri (...) e apelei-lhes para que percebam o perigo que podem correr se caírem no que chamo 'buraco negro' que é a armadilha do conflito", disse.
A este respeito, Hasegawa deu como exemplo a responsabilidade daqueles líderes políticos em assegurarem que as recomendações que integrarão o relatório que está a ser elaborado pela Comissão de Inquérito Independente da ONU - encarregue de identificar as causas e os responsáveis pela violência de Abril e Maio passado -, "não sirvam de justificações para dizerem aos seus seguidores que as expectativas deles não foram cumpridas".
Com a saída de Sukehiro Hasegawa, a actual missão da ONU será dirigida interinamente pelo actual "número dois", o dinamarquês Finn Reske-Nielsen, até à chegada do novo representante especial de Kofi Annan, ainda não anunciado oficialmente, mas que fonte das Nações Unidas disse terça-feira à Lusa, em Nova Iorqu e, tratar-se do antigo Presidente de Cabo Verde António Mascarenhas Monteiro.
EL-Lusa/Fim
Sem comentários:
Enviar um comentário