A Semana Online
04-09-06
Os dois fugitivos da cadeia de Becora, em Díli, que na sexta-feira se tinham apresentado às autoridades policiais no distrito de Aileu voltaram a fugir, revelou à Lusa o tenente Paulo Cabrita, da GNR: "A certa altura disseram que iam a casa, a cerca de 10 quilómetros; e quando as forças da Malásia lá chegaram (para os escoltar de regresso a Díli) os familiares contaram-lhes que já tinham escapado".
Entretanto, o principal dos 57 reclusos em fuga desde quarta-feira, o major Alfredo Reinado, teve como que o seu tempo de antena na rádio e na televisão timorenses, afirmando que se actualmente há crise em Timor-Leste é porque "o Governo não tem capacidade para dirigir e não segue uma boa polícia".
O Executivo não reagiu de imediato a este insólito facto de um homem que está a ser procurado por soldados e polícias de vários países ter tido a oportunidade de haver sido escutado nos meios estatais de comunicação social.
Por outro lado, o comissário português Antero Lopes, ao serviço das Nações Unidas, declarou à AFP crer que poderá vir a conferenciar com Reinado, um oficial de formação australiana, de modo a conseguir eventualmente a sua rendição: "Não é necessário capturá-lo. Creio que ele aparecerá e estabelecerá o diálogo".
O ministro timorense da Justiça, Domingos Sarmento, havia criticado o contingente neozelandês destacado no país por não haver garantido a segurança no exterior da cadeia de Becora. Mas a verdade é que já na segunda-feira a primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, anunciara que um pelotão dos seus homens ia ser retirado de Timor-Leste por se haver entendido que "a situação de segurança estava a melhorar".
De acordo com os oficiais da GNR destacados em Díli, o que se verifica porém desde há mais de uma quinzena são actos quase diários de violência. E ainda ontem de madrugada uma casa foi queimada junto ao hospital da cidade e três viaturas de missões internacionais apedrejadas nas imediações do porto.
Colocado perante as críticas que o primeiro-ministro José Ramos-Horta já fez a australianos e neozelandeses por estarem a ser tão pouco efectivos, o ministro australiano dos Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, que hoje é aguardado no país, para conversações, a efectuar amanhã, declarou sexta-feira ser ainda cedo para se começarem a lançar culpas sobre quem quer que seja quanto à grande fuga da semana passada.
"Vamos ouvir as conclusões da investigação, antes de chegarmos a conclusões apressadas sobre quem é que é responsável e como é que tudo aconteceu", disse Downer, citado pela ABC Online.
Jorge Heitor
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