quinta-feira, setembro 07, 2006

Reinado diz que resistirá se o tentarem recapturar

Camberra, 07 Set (Lusa) - O major Alfredo Reinado, que em Maio liderou a revolta de militares que contestavam o ex-primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, e que está em fuga há uma semana, avisou hoje em entrevista que disparará contra quem o tentar recapturar.

Reinado disse à cadeia de televisão australiana SBS, em entrevista por telemóvel a partir de um local desconhecido em Timor- Leste, que estava armado e disposto a defender-se, avisando as forças internacionais para não o procurarem.

"Só quero que saibam: Não (venham) à minha procura porque eu não sou um problema para este país", alertou Reinado.

"Mas se mesmo assim vierem atrás de mim, eu vou impedi-los. Se dispararem contra mim eu também vou disparar contra eles. Tenho o direito de me proteger no meu país", ameaçou.

O comandante das forças australianas em Timor-Leste, brigadeiro Mick Slater, tomou a ameaça a sério, mas disse que já tinha havido contactos com Reinado, esperando que o líder dos militares rebeldes se renda em breve.

"É uma ameaça séria, não há que o negar, mas nesta fase não estou preocupado", disse Slater à cadeia de televisão australiana Nine Network.

"Se ele se entregar aos soldados australianos, será tratado com justiça", acrescentou.

A fuga de Reinado e de outros 56 reclusos ocorreu a 30 de Agosto, tendo os presos saído pelo portão principal da cadeia de Becora, segundo disse na altura à Lusa o director nacional das prisões de Timor-Leste, Manuel Exposto.

Tanto Manuel Exposto como o ministro da Justiça timorense, Domingos Sarmento, atribuíram a aparente facilidade da fuga à ausência de segurança no exterior da cadeia, que estava atribuída às forças da Nova Zelândia.

O major Alfredo Reinado, que comandava a Polícia Militar, abandonou a cadeia de comando das Falintil-Forças de Defesa de Timor- Leste (F-FDTL) no início de Maio, para liderar militares rebeldes que contestavam o executivo do ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri, entretanto substituído no cargo por José Ramos-Horta.

Durante a crise, Reinado afirmou em várias ocasiões obedecer apenas às ordens do Presidente da República e comandante supremo das forças armadas timorenses, Xanana Gusmão, com quem se encontrou a 13 de Maio.

Três dezenas de pessoas foram mortas em confrontos ocorridos sobretudo em Maio, em que estiveram envolvidos diversos grupos, incluindo militares e polícias.

A onda de violência provocou ainda cerca de 180 mil deslocados.

Depois de ter estado durante algum tempo na Pousada de Maubisse, a sul de Díli, Reinado foi detido pelas forças australianas na capital timorense a 25 de Julho, por posse ilegal de material de guerra, na sequência de uma busca da GNR às casas que tinha ocupado com os seus homens.

Ouvidos em tribunal, Reinado e 14 dos seus homens viram ser- lhes aplicada a medida de coação de prisão preventiva.

Na altura, fonte judicial disse à Lusa que "quando lhe foi comunicada a medida de coacção, Alfredo Reinado desatou aos insultos e os militares australianos tiveram de ser reforçados para o transportar para a cela".

Depois da fuga, o advogado de Reinado, Paulo Remédios, disse à Lusa que o seu cliente temia pela sua segurança na cadeia de Becora.

JCS/EL/PNG/JPA.

1 comentário:

  1. Até já nem a Lusa duvida do envolvimento de Xanana.

    Ou será que o Eduardo Lobão já não recebe mais informações e "outras coisas" mais dos seus "contactos"?

    Agora já não está sozinho torna-se mais dificil o jogo não é verdade Eduardo?

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