Público - 27 Setembro 2006
Chefe do Governo conferenciou com “peticionários” e prometeu-lhes reintegração nas Forças Armadas
Jorge Heitor
O primeiro-ministro de Timor-Leste, José Ramos-Horta, reuniu-se ontem com uma centena dos 591 militares que assinaram em Fevereiro uma petição em que se afirmavam discriminados; e manifestou o desejo de também dialogar com o major rebelde Alfredo Reinado, que anda desde o fim do mês passado a monte nas montanhas e exige a sua demissão.
Ramos-Horta, que entretanto assinou um acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a fim de conseguir apoio técnico e logístico para as eleições presidenciais e legislativas de 2007, disse aos "peticionários" - há mais de seis meses aquartelados num acampamento dos arredores de Díli - que pretende ouvir as suas queixas e garantir alguns salários que tenham em atraso.
O primeiro-ministro declarou, segundo a Associated Press, que quem não tenha estado envolvido nos actos de violência destes últimos cinco meses poderá ser reintegrado nas Forças Armadas.
A tentativa de entendimento com os descontentes, incluindo o próprio Reinado, que em 30 de Agosto fugiu da cadeia de Becora, na capital, verifica-se numa altura em que o independente Ramos-Horta tenta prosseguir uma cohabitação difícil com a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), à qual pertence a maior parte dos elementos do seu Governo.
Num aparente desejo de não ficar numa situação difícil, criticado por um lado pelas estruturas da Fretilin e pelo outro por Alfredo Reinado, o primeiro-ministro procura um espaço de manobra, de modo a conseguir aguentar-se no lugar até à concretização das eleições do próximo ano.
Timor-Leste tem sido um país instável, incluído por alguns observadores na lista dos estados falhados, mas parece um pouco mais calmo desde os incidentes que em Maio e Junho levaram à queda do primeiro-ministro Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, e à sua substituição por José Ramos-Horta, mais próximo do Presidente Xanana Gusmão.
Primeiro-ministro entre dois fogos
O líder dos peticionários, tenente Gastão Salsinha, converge com o major Reinado em que o actual chefe do Governo se encontra muito dependente do apoio condicional que a Fretilin lhe possa dar, não conseguindo assim agradar às forças da oposição que em princípio com ele simpatizavam.
Mark Aarons, um dos autores do livro East Timor: A Western Made Tragedy, manifestava ontem no jornal The Australian a opinião de que a linha dura da Fretilin gostaria de ver Ramos-Horta substituído pelo vice-primeiro-ministro Estalisnau da Silva, igualmente titular da Agricultura, Floresta e Pescas.
Por isso mesmo, para aligeirar as pressões que sobre ele se exercem, é que Ramos-Horta manifestou nos últimos dias o desejo de ouvir as reivindicações dos peticionários, esclarecendo que "o dever de um primeiro-ministro é falar com toda a gente, só que por vezes isso não é possível devido a uma sobrecarga de trabalho".
No caso específico da justiça, que Reinado alega não funcionar bem, o Prémio Nobel da Paz que está actualmente a dirigir o Executivo afirmou, segundo a imprensa local, que toda a gente deve compreender que o Governo não pode comentar ou interferir no curso da justiça. Pois que se trata de ramos separados do poder.
José Ramos-Horta garantiu a segurança necessária para que o polémico major Reinado desça das montanhas e venha ao seu encontro. E também aceitou as solicitações da Frente Nacional para a Justiça e Paz (FNJP), grupo oposicionista liderado pelo major Alves Tara, para que seja criada uma comissão especial encarregada de apurar quem é que na verdade foi responsável pela crise que nos últimos seis meses fez tremer o Estado timorense, colocando em risco a independência do mesmo.
Quanto às exigências que têm sido feitas para que proceda a uma remodelação, esclareceu que isso não se apresenta fácil, uma vez que não é o chefe de nenhum partido, mas sim alguém escolhido por consenso entre a Comissão Política da Fretilin, o Presidente Xanana Gusmão e os dois bispos católicos do território.
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O PM encontrou-se com os revoltosos.
ResponderEliminarNo seu "esconderijo"?
E não levou o mandado de captura consigo?
Satítico, baralhou-se uma vez mais...
ResponderEliminar"O primeiro-ministro declarou, segundo a Associated Press, que quem não tenha estado envolvido nos actos de violência destes últimos cinco meses poderá ser reintegrado nas Forças Armadas."
ResponderEliminarO problema aqui é como saber quem é quem. Será que trazem o carimbo na testa? Ou estamos perante uma justiça ad hoc, paralela à comissão de inquérito da ONU e dos tribunais, sendo a douta sentença lavrada pelo 1º Ministro?
Algo de semelhante já havia acontecido antes, quando o Presidente resolveu substituir os tribunais e declarar Mari Alkatiri culpado e o "braço no ar" ilegal.
Ordenados em atraso???? Mas afinal os revoltosos não foram expulsos das FDTL pelo seu comandante Taur Matan Ruak (lembro o comunicado de Xanana na TV, em que afirmou discordar de tal decisão)? Desautoriza-se mais uma vez o General Taur? E os expulsos vão receber soldo, sendo civis?
Considero muito grave e irresponsável esta cedência do 1º Ministro a desertores e foragidos.
Mais lamentável é se recordarmos a série de promessas mirabolantes que Ramos Horta fez no seu discurso de tomada de posse e que até à data não cumpriu.
Mark Aarons nunca entrevistou ninguem a quem ele criticou neste artigo ao passo que John Martinkus procurou factos de ambos os lados mostrando assim etica jornalistica. Timor-Leste precisa de jornalistas do calibre do Martinkus.Conheco Martinkus ha muitos anos. Sempre foi um jornalista integro e tenho por ele um respeito profundo.
ResponderEliminarFactos sao factos. Nao concordo que se diga que "um heroi sera sempre um heroi" . Os seres humanos sao vulneraveis as circuntancias. O heroi de ontem pode ser hoje um traidor e vice-versa. O tempo dira. Ainda que o relatorio das Nacoes Unidas encubra as evidencias sobre os autores internos do golpe de estado, tenho a esperanca que a verdade vira a tona. Cada timorense consciente levantar-se-a no momento oportuno. Aconselho aos que se envolveram directamente no golpe para que nao facam mais jogadas pretendendo ser inocentes. Estamos atentos as manobras dos golpistas.
Sao planos sitematicos do Xanana e do Ramo Horta com os revoltosos , isso nao e segredo para nos os refigiados . Estes golpistas do governo estao sempre a tentar de manipular as coisas . Estao a ver , de que eles estao mais procupados com a necessidade do rebeldes mas sim esqueceram os sofrimentos dos povitos nos campos de desalojados . Um rebelde como Alfredo e Salcinha estao bem tratados do que os refigiados .. as coisas estao mais clara para nos acompanharmos ... prometeram para capturar Alfredo mas no fim o que acontece era isso . Heroi e sempre heroi mas os golpistas tambem sao sempre golpistas como Xanana e Ramos Horta . Eles fingem de de ser apoiantes do ex PR Caboverde depois do anuncio da sua recusacao , mas antes disso quantas cartas e que o Xanana enviou ao Kofi Annan para nao nomear o ex PR de Caboverde . So os malucus e que acreditam aos comentarios do Xanana e Ramos Horta
ResponderEliminarViva Xanana
ResponderEliminarViva Ramos Horta
Viva Alfredo
Viva Petitionarios
Continua a trabalhar para Timor. Verdadeiros herois de Timor.
Abaixo com comunistas. Alkatiri e Rogerio. Sao criminosos.
No dia 7 vamos ver esses dois presos. Hah ha ah haaaah.
Cuitadinhos de FRETILIN que nao sabe governar. Melhor da para quem sabe, os jovens politicos como PD e os do PSD. Vamos ter uma Governo de UNIDADE NACIONAL com Xanana lider do executivo.
"Cuitadinhos de FRETILIN que nao sabe governar. Melhor da para quem sabe, os jovens politicos como PD e os do PSD. Vamos ter uma Governo de UNIDADE NACIONAL com Xanana lider do executivo."
ResponderEliminarO comentário anterior revela bem os objectivos e os autores do golpe de estado.
Todos juntos,Xanana, Ramos Horta, Alfredo (Reinado), Petitionarios, PD e PSD.
Com Xanana líder do executivo, num regime presidencialista, como sempre foi a sua ambição.
Quando o comentador das 1:23:36 PM fala do dia 7 e acrescenta que Alkatiri e Rogerio irao parar a cadeia, pergunto: Se o relatorio indicar outros como culpados e nao os dois, qual sera a reaccao deste tao pouco inteligente comentador?
ResponderEliminarDigo tao pouco inteligente porque se denunciou completamente. Mostra claramente que esta' a favor de um dito governo de "Unidade Nacional" como resultado de um golpe. O que claramente demonstra que tem pavor `a democracia, ao voto popular e `a justica. O sr ou a sra estaria a viver bem debaixo de um regime de tipo suhartista que desta feita se chamaria xanahorta.
Ditadura tem sempre a mesma natureza, recusa eleicoes democraticas, manipula a justica, persegue os seus opositores, condena os adversarios, inclusive a morte.
De certeza que o comentarista estaria muito bem encaixado num regime desta natureza, nao e'?
E melhor vive em Timor com nosso grande lideres historicos como o Horta e Xanana do que vive abaixo do suhrtista dictador Alkatiri.
ResponderEliminarA igreja suporta Horta e Xanana, o povo suporta Horta e Xanana, os partidos incluindo algums de FRETELIN suporta Horta e Xanana. Nos sommos catolicos e nao muculmanos. FRETELIN fica para historia e o museu. Agora e tempo de jovems Timorenses e partidos de nova gerasao PD.
Vamos ver em 2007 o ano historico quando o povo vota contra FRETELIN.
hahahaha