A semana online
12-09-06
O major rebelde Alfredo Reinado, que há 13 dias se evadiu da cadeia de Becora, em Díli, ameaçou agora com uma revolução ou com luta até à morte se o Governo de José Ramos-Horta não for demitido e todo o poder em Timor-Leste entregue ao Presidente Xanana Gusmão, noticiou ontem o jornal The Australian.
Numa entrevista a apresentar esta semana pela televisão indonésia e revelada em primeira mão pelo correspondente em Jacarta daquela publicação australiana, Stephen Fitzpatrick, Reinado - um oficial de 39 anos treinado pela Austrália - acusa o deposto primeiro-ministro Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, partido maioritário, de "manter o controlo remoto do Governo, por intermédio dos seus agentes".
Segundo o militar rebelde, que estará armado, tal como outros elementos que lhe obedecem, o actual Executivo encontra-se sob a influência daquilo a que chama "a mafia de Moçambique, incluindo Mari Alkatiri"; referindo-se assim ao facto de durante a ocupação indonésia alguns dos dirigentes da Fretilin terem vivido em Maputo, como hóspedes da Frelimo.
No sábado, o Comité Central da Fretilin recomendou ao independente Ramos-Horta, que em tempos também pertenceu à Frente Revolucionária e depois se afastou, que não interfira "nos assuntos que digam respeito à vida partidária" e que "tome medidas concretas e imediatas no sentido de garantir a segurança das populações".
Decidiu ainda o partido que mais lutou pela independência de Timor-Leste criar uma comissão que o prepare para as eleições presidenciais e legislativas de 2007, colocando na direcção da mesma José Maria dos Reis, secretário-geral adjunto. Mas Reinado disse agora à televisão indonésia duvidar de que haja estabilidade suficiente para que a ida às urnas se possa concretizar.
"Ele e os seus homens estão nas montanhas não muito longe de Díli", afirmou ao Sydney Morning Herald o seu advogado, Paulo Remédios. "Muita gente me diz que a polícia e os militares australianos sabem onde ele está". Jorge Heitor 12 de Setembro de 2006
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