Díli, 17 Ago (Lusa) - O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, manifestou-se hoje confiante de que a chegada a Díli de uma força policial internacional irá criar as condições necessárias para que o país regresse à normalidade.
Numa conferência de imprensa com Anthony Banbury, director regional do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas, Ramos-Horta manifestou-se confiante de que o Conselho de Segurança da ONU aprove esta semana o envio para Timor-Leste de um contingente policial internacional de cerca de 1.600 homens para fazer face aos problemas de segurança que têm afectado o país desde final de Abril, que provocaram cerca de três dezenas de mortos e mais de 150.000 deslocados .
Devido à crise de segurança, as autoridades timorenses solicitaram a intervenção de uma força policial e militar a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia, que se encontra em Timor-Leste desde Maio, devendo o Conselho de Segurança da ONU aprovar sexta-feira, em Nova Iorque, uma resolução sobre a nova missão da organização no país.
Com milhares de deslocados ainda nos campos temporários de acolhimento em Díli, entre oito mil e dez mil só na escola D. Bosco, o chefe do Governo disse que a força policial internacional será distribuída pelo país, irá controlar e patrulhar de forma mais eficaz as ruas e contribuirá para o regresso da segurança.
Depois, explicou, quando estiverem garantidas as condições de segurança, será suspensa a distribuição de alimentos nos campos de acolhimento e promovido o regresso das pessoas às suas casas onde, aí sim, será mantido o apoio humanitário que tem vindo a desenvolver-se nos campos.
A população "alvo" do Programa Alimentar Mundial é, no longo prazo e segundo Ramos-Horta, um conjunto de 300.000 crianças em todo o território.
Anthony Banbury vai permanecer dois dias em Timor-Leste, onde manterá contactos com o Governo, a Presidência da República, agências das Nações Unidas e doadores.
Em Timor-Leste, o PAM tem um orçamento de cerca de 14 milhões de dólares (10,8 milhões de euros) para dois anos de trabalho, num programa que inclui o fornecimento de bens alimentares de primeira necessidade e alimentos ricos em proteínas.
A continuação do PAM em Timor-Leste está a ser trabalhada numa acção de coordenação com o Governo e com as necessidades reais do país, segundo Anthony Banbury.
Para Timor-Leste, os grandes doadores de bens e fundos são os Estados Unidos, Austrália, Japão e Comissão Europeia, referiu.
Instado a comentar uma possível intervenção do PAM para o transporte dos bens recolhidos em Macau para Timor-Leste e que continuam em armazéns daquela Região Administrativa Especial da China, Anthony Banbury manifestou-se surpreendido com o facto de "ninguém da organização ter contactado" as Nações Unidas sobre a questão.
"Nós temos meios para promover esse transporte e vamos contactar os organizadores da recolha dos bens em Macau para ajudar no que for necessário", concluiu.
JCS.
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