Tradução da Margarida:
The Canberra Times - Sábado, Julho 8
Comentário: Quem beneficia da confusão em Timor-Leste?
Por Bruce Haigh [antigo diplomata Australiano e comentador politico. Durante o tempo em que esteve no DFAT trabalhou em questões Indonésias.]
Os media parecem ter a intenção de evitarem investigar as causas subjacentes da tensão em Timor-Leste. Há mais perguntas que respostas. Há contudo, alguns factos conhecidos. Xanana Gusmão e José Ramos Horta mudaram para se alinharem com a liderança de ambas a Austrália e a Indonésia. Ambos concordaram em engavetar acusações contra soldados Indonésios acusados de matar civis em Timor-Leste em 1999. Essa postura acalmou ambas Austrália e Indonésia. Ambos favorecem investimento privado dos interesses da Austrália e da Indonésia.
Nem a Indonésia nem a Austrália gostam de Mari Alkatiri. Ele é a favor da prossecução dos soldados Indonésios. Nesta questão a Indonésia tudo tem feito para evitar ter de responder por esses crimes e a Austrália mudou para evitar embaraçar a Indonésia.
O Ministro dos Estrangeiros Downer foi provocado pelas negociações teimosas de Alkatiri sobre as reservas de petróleo e gás no Mar de Timor.
O Primeiro-Ministro desconfia profundamente do seu passado comunista, da sua precaução com os homens de negócios e da sua hostilidade com o Banco Mundial e o FMI. Howard está preocupado com as suas ligações a Cuba e meteu na cabeça que o governo de Alkatiri podia ter-se preparado para abrigar terroristas. Esta linha de pensamento é apoiada pela Administração dos USA. Isto pode parecer um tanto histérico, mas a atmosfera intelectual dominante nos gabinetes de Howard e do Presidente Bush nesta altura. Por preguiça ou ignorância os media Australianos alinharam com este pensamento dominante e, a grande maioria, relata os eventos de Timor-Leste através desta óptica. À esquerda temos o mau, Mari Alkatiri e à direita temos Gusmão e Horta. Há tensão real em Timor-leste mas está a ser encorajada por influências superiores estrangeiras? Quem são os jovens do oeste de Timor-Leste?
Na minha opinião a sua tenacidade em se amotinarem foram para além da afronta e tiveram uma elasticidade e foco para além duma vulgar emoção compreensível. Destruíram provas forenses contra soldados indonésios guardados no Gabinete do Procurador-Geral em Dili e roubaram 36 computadores. Quantos amotinados alvejariam provas forenses e pilhariam 36 computadores quando podiam ter levado TVs ou aparelhagens de hi-fi? Mais recentemente alvejaram as casas de líderes da resistência que se mantiveram hostis à Indonésia. Porque é que estava um oficial treinado pelos Australianos das forças de defesa de Timor-Leste sentado nas montanhas a pedir a resignação de Alkatiri, tendo a sua família, antes, saído para a Austrália onde permanece com familiares? Alkatiri tinha e continua a ter apoio popular. Não foi derrotado no Parlamento Nacional, então do que é que este oficial reclamava? Porque é que Alkatiri sentiu a necessidade de demitir 600 soldados?
A ilusória teoria do esquadrão de ataque que foi trobeteada pela ABC pode ter alguma coisa a ver com isso mas a pergunta precisa de ser feita, de quem estava Alkatiri a procurar proteger-se? Em caso algum o pequeno número de pessoas alegadamente recrutadas por Alkatiri não seriam suficientes para cumprir o programa de assassinatos a que são ligados e com toda a certeza não podiam tomar conta das 600 tropas a quem Alkatiri deu guia de marcha. E porque é que o Ministro da Agricultura, que é um candidato ao posto de Primeiro-Ministro, veio à Austrália no clímax dos motins em Dili?
Se há uma uma não santa aliança entre a Indonésia e a Austrália sobre o desejo mútuo para se verem livres de Alkatiri, não durará para além do presente plano de jogo. A Austrália não quer que Timor-Leste seja um Estado pedinte. A Indonésia quer; seria um exemplo para outras províncias inquietas. Portanto continuará a mexer a panela. A Austrália aparentemente sabe isso. Há uma propostas para erigir rapidamente quartéis para abrigarem 3000 soldados. (Donde virão?) Contudo, nesta altura, na ausência de reportagens abrangentes ou investigativas, prevalece o spin. O spin dominou durante um tempo em 1999 quando o Downer disse que não havia ligação entre as forças armadas Indonésias e as chamadas milicias (elementos vadios, segundo Downer) mas a verdade veio a lume antes do fim desse ano, sem o mínimo pedido de desculpas de Downer ou de Howard, e o mesmo se passará outra vez.
Contudo, o perigo é que, a tentativa para embaraçar Alkatiri por uns meios ou por outros, tendo falhado, ele possa continuar numa posição que estrague o plano do jogo Australiano para a criação duma entidade concordante e ajude o plano do jogo Indonésio de manter Timor-Leste num estado de desassossego. Com dois vizinhos poderosos e rivais será sempre assim para Timor-Leste? Somente por causa dos jogadores envolvidos, os media Australianos não se deviam manter de fora nem se devia permitir que o spin dominasse. Precisamos de saber quem tirou vantagens dos motins prolongados quando, tendo em conta a dor reconhecida e mutualmente partilhada no passado, todos os Timorenses têm interesse em investirem num acordo negociado. É do interesse de quem ver-se livre de Alkatiri? Quem é que está a mexer a panela, qual a razão e o que é que se ganha com isso?
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Era bom que quem traduz se limitasse a fazê-lo sem achar-se no direito de salientar algumas partes em detrimento de outras. Assim tipo tradução isenta, por uma vez.
ResponderEliminarPorque não salientou, poe exemplo, a pergunta "Porque Alkatiri sentiu necessidade de demitir 600 soldados?"
Ou, mais importante ainda e revelador aí sim de oportunismo face à ausência de autoridade, "Destruíram provas forenses contra soldados indonésios guardados no Gabinete do Procurador-Geral em Dili e roubaram 36 computadores. Quantos amotinados alvejariam provas forenses e pilhariam 36 computadores quando podiam ter levado TVs ou aparelhagens de hi-fi?"
Louvado.
Ai Timor
Eu a pensar que o Rai Timor vinha agora explicar ao pormenos as questõrs dos militares desertores, mas ainda não é desta.
ResponderEliminarmargarida, essas explicações não lhe sairão da boca dele agora, vão sair de onde têm de sair primeiro... depois talvez saiam é mais pormenores para fazer doer o estômago aos mais duros de cabeça.
ResponderEliminar"Quem beneficia da confusão em Timor-Leste?"
Não vislumbro outra resposta que não seja - AO NÚCLEO DURO DA FRETILIN!
Aliás estava isso já bem sinalizado muito antes de terem descambado na confusão... aquelas palavrinhas mágicas de profecias não são mesmo para esquecer...
Estarão a Indonésia e a Austrália interessadas em destruir a Fretilin?
ResponderEliminarComo não se pode destruir TL sem antes destruir o povo, a dominação, ou a tentativa, deverá vir por cima.
Olho vivo timorenses!
Alfredo
Brasil