domingo, julho 02, 2006

Parlamento regressa ao trabalho com lei eleitoral no topo da agenda

Eduardo Lobão, da Agência Lusa Díli, 02 Jul (Lusa) - O parlamento de Timor-Leste regressa segunda-feir a ao trabalho com os olhos postos na apresentação e debate de uma lei eleitoral que garanta a realização de eleições no país, sejam elas antecipadas ou não, dis se hoje à Lusa fonte parlamentar.

A apresentação de uma proposta de lei eleitoral terá de partir de uma o u mais das 12 bancadas com assento parlamentar porque a proposta que o Governo j á tinha entregue, e que estava a aguardar agendamento, deixa de ter existência l egal com a queda do governo, provocada pela demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, prontamente aceite pelo Presidente Xanana Gusmão, no passado dia 26 de Junho.

A demissão do Governo marcou a transferência da coordenação da governaç ão para o ministro de Estado, dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, José Ramos Horta, que terá a responsabilidade de dirigir a equipa governamental até à forma ção de um Governo de transição, de base alargada.

Mari Alkatiri retoma, como anunciou previamente no acto de renúncia, o lugar de deputado para que foi eleito nas eleições de 2001 e vai preparar o part ido maioritário, a FRETILIN, para as legislativas.

As eleições poderão realizar-se no período previsto, em Abril ou Maio d e 2007, mas caso fracassem os contactos políticos, actualmente centrados no Parl amento, o presidente Xanana poderá optar pela dissolução, com a ida às urnas a r ealizar-se em Novembro.

Para tanto, bastará adaptar o Regulamento Eleitoral concebido pelas Naç ões Unidas e que regulou as eleições de 2001, ganhas confortavelmente pela FRETI LIN com 57,37 por cento dos votos.

Nos últimos dias, e no âmbito do esforço para ultrapassar a crise polít ica, Xanana Gusmão reuniu com todas as bancadas parlamentares e a Comissão Polít ica Nacional da FRETILIN mantém-se reunida desde sábado.

Entretanto, com o final das manifestações pró e contra Mari Alkatiri, q ue ao longo da semana passada se realizaram em Díli, a capital timorense regress ou este fim-de-semana à normalidade, em que apenas a instalação de postos de con trolo de identificação de pessoas e carros, a cargo dos efectivos militares inte rnacionais estacionados em Timor-Leste, relembra que o país ainda não saiu da pr ofunda crise social, política e militar em que mergulhou no final de Abril.

Cerca de 2.200 efectivos militares da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal começaram a chegar ao país a 25 de Maio passado.

A vinda daqueles efectivos, na sequência da desintegração da Polícia Na cional, das divisões no seio das forças armadas e da actividade criminosa de gru pos de civis, potenciada pela distribuição de armas, partiu de uma iniciativa co njunta da Presidência da República, Governo e Parlamento.

A questão da distribuição de armas a civis está já a ser investigada, n um processo que tem como primeira vítima o ex-ministro do Interior Rogério Lobat o.

Depois de ouvir as quatro acusações relacionadas com a alegada distribu ição de armas, e pelas quais arrisca uma pena de 15 anos de cadeia, Lobato, que é também vice-presidente da FRETILIN, viu-lhe ser aplicada a medida de coacção d e prisão domiciliária, devido ao risco de fuga do país.

Esta medida de coacção foi entretanto aligeirada sábado, passando o ex- ministro, por razões de segurança, a estar abrangido pela obrigatoriedade de se manter na sua residência.

Mari Alkatiri, implicado neste processo, deverá ser ouvido nos próximos dias, logo que o advogado que o representará chegue a Díli, segundo o ex-chefe do governo.

A atestar a dimensão social da crise em Timor-Leste estão as cerca de 1 50 mil pessoas distribuídas por campos de acolhimento, a maior parte dos quais n a capital.

As Nações Unidas, que solicitaram no dia 12 à comunidade internacional que ajudasse a financiar as operações de assistência humanitária para os próximo s três meses, alertaram este fim-de-semana que o atraso na libertação desses fun dos está a obrigar à redução da prestação dos apoios aos desalojados.

Os deslocados, que se encontram na maioria em instituições ligadas à Ig reja Católica, receiam regressar às suas casas, por temerem a repetição da onda de violência que entre Abril e Maio causou a morte a 30 pessoas e a destruição d e centenas de casas e estabelecimentos comerciais.

EL Lusa/Fim

6 comentários:

  1. Agora para o Lobão da Lusa a responsabilidade do PM no despedimento dos 600 já passou à história, agora a amalgama já é com os “2.200 efectivos militares da Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal” quando é sabido que de Portugal nem um único militar aí está. E de repente também já não há pai para a “desintegração da Polícia Nacional” nem para as “divisões no seio das forças armadas” nem para a “actividade criminosa de grupos de civis”, a quem sistematicamente imputava a responsabilidade ao PM. Mais, agora o Lobão até já diz que a vinda das tropas (e curiosamente omite os polícias) “partiu de uma iniciativa conjunta da Presidência da República, Governo e Parlamento.” E o que até aqui era para o Lobão o “esquadrão da morte” do Alkatiri e da Fretilin para eliminar opositores, passa, também em passo de mágica a ser uma mera questão de “distribuição de armas a civis”, já não imputada exclusivamente ao PM. Assim continua o spin do Lobão. E o que à um mês atrás ara da máxima relevância, as discriminações contra os do oeste, a vala comum e os mais de 60 mortos, cadê deles? Esfumaram-se, o que só prova que não passaram de meros pretextos para justificar o golpe.

    ResponderEliminar
  2. O seu comentario margarida so e prova que a menina nao consegue acompanhar mesmo o desenrolar da situacao. Fica presa no passado e espera que todos facam o mesmo. GET ON WITH THE PROGRAM! (Percebe o que isto quer dizer?)

    ResponderEliminar
  3. ixados ao passado ficaram os dirigentes da Fretilin! Alerta! ACordem que o tempo escasseia! Demonstrem que não tinham operações no sentido de desestabilizarem o país caso as coisas não vos estivessem a correr bem nas próximas eleições!

    Assumam a podridão que montaram meus senhores!

    Ou os senhores do blog são só ressaibiados da esquerda que estão a dar uma mãozinha ao sr. Mari Alkatiri?

    É ou não verdade que qualquer timorense que entre em timor vindo dos seus estudos ou mesmo trabalho tem de pertencer ou passar a pertencer à Fretilin? Caso contrário chapéu! É ou não verdade? O resto são escravos?

    Pintar tudo de Fretilin dá um ar estranho a um país que lutou como lutou!

    ResponderEliminar
  4. "a proposta que o Governo já tinha entregue, e que estava a aguardar agendamento, deixa de ter existência legal com a queda do governo, provocada pela demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, prontamente aceite pelo Presidente Xanana Gusmão, no passado dia 26 de Junho."

    PERCEBERAM AGORA A IMPORTÂNCIA DO TIMING DO GOLPE?

    Elementar né?!!!

    ResponderEliminar
  5. Este bolg sempre pautou por um elevado nível de registo de opiniões.
    O que está a acontecer agora?!

    ResponderEliminar
  6. Anónimo das 12:43: Agora o golpe chama-se "situação"? O seu pudor enternece-me!

    ResponderEliminar