segunda-feira, julho 17, 2006

Desde as 7 da manhã de hoje - GNR actua em toda a cidade

A partir das 7 da manhã de hoje a GNR passou a actuar em toda a cidade.

Foi criada a Força Conjunta de Coordenação da Polícia, constituída pela GNR, polícias da Malásia, Austrália e Nova Zelândia (estes sob comando australiano), que consiste num centro de comando da polícia internacional.

Este centro de comando, constituído por elementos de todas as polícias, tem o seu quartel-general no Timor Lodge, estando também presentes elementos de ligação militares.

A cidade foi dividida em 3 grandes áreas de intervenção, a que correspondem 3 centros operacionais, esquadras, Comoro, Díli Central e Bécora.

Numa primeira fase, as forças policiais patrulham a cidade das 7 da manhã às 11 da noite, ficando o período da noite da responsabilidade das forças militares, que podem, sempre que se justifique, chamar as forças policiais.

A GNR opera em toda a cidade como Força Rápida de Intervenção, patrulhando durante todo o dia com duas viaturas a área de Comoro e outras duas viaturas as áreas de Díli Central e Bécora.

A GNR é responsável por intervir em situações de incidentes graves e de ordem pública e as outras forças policiais estão destinadas para resolver incidentes pequenos e controlar o trânsito.


Os números de telefone de emergência são da responsabilidade dos militares australianos, que encaminharam para o centro de comando da polícia as ocorrências de incidentes.

Nºs de telefone de emergência: 7230365 e 3322772.

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10 comentários:

  1. De quem terá sido a brilhante ideia de as chamadas de urgência não irem directo para o Comando da Policia?

    Se os militares australianos forem tão eficientes e rápidos a passarem as chamadas de urgência ao comando da polícia como foram a socorrer os cidadãos contra os ataques e a volência em Dili então ficará tudo na mesma.

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  2. Dear Malai,

    Esta boa altura para fazer ferias.

    Um amigo.

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  3. o professor Boaventura Sousa Santos escreve sobre Timor,,, no Brasil (!) porque aparentemente não existe espaço para certos sectores de opinião em Portugal:
    "A interferência da Austrália na fabricação da crise timorense está cada vez mais clara: documentos de política estratégica australiana de 2002 revelam a importância de Timor Leste para a consolidação da posição regional australiana, tanto no plano econômico como militar"
    A crise política em Timor, para além de ter colhido de surpresa a maior parte dos observadores, provoca algumas perplexidades e exige, por isso, uma análise menos trivial do que aquela que tem vindo a ser veiculada pela comunicação social internacional. Como é que um país, que ainda no final do ano passado teve eleições municipais, consideradas por todos os observadores internacionais como livres, pacíficas e justas, pode estar mergulhado numa crise de governabilidade? Como é que um país, que há três meses foi objeto de um elogioso relatório do Banco Mundial, que considerou um êxito a política econômica do governo, pode agora ser visto por alguns como um Estado falhado?

    À medida que se aprofunda a crise em Timor Leste, os fatores que a provocaram vão se tornando mais evidentes. A interferência da Austrália na fabricação da crise está agora bem documentada e vem desde há vários anos. Documentos de política estratégica australiana de 2002 revelam a importância de Timor Leste para a consolidação da posição regional da Austrália e a determinação deste país em salvaguardar a todo o custo os seus interesses. Os interesses são econômicos (as reservas de petróleo e gás natural estão calculadas em trinta mil milhões de dólares) e geomilitares (controlar rotas marítimas de águas profundas e travar a emergência do rival regional: a China).

    Desde o início da seu governo, o primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, um político lúcido, nacionalista mas não populista, centrou a sua política na defesa dos interesses de Timor, assumindo que eles não coincidiam necessariamente com os da Austrália. Isso ficou claro desde logo nas negociações sobre a partilha dos recursos do petróleo em que Alkatiri lutou por uma maior autonomia de Timor e uma mais eqüitativa partilha dos benefícios. O petróleo e o gás natural têm sido a desgraça dos países pobres (que o digam a Bolívia, o Iraque, a Nigéria ou Angola). E o David timorense ousou resistir ao Golias australiano, subindo de 20% para 50% a parte que caberia a Timor dos rendimentos dos recursos naturais existentes, procurando transformar e comercializar o gás natural a partir de Timor e não da Austrália, concedendo direitos de exploração a uma empresa chinesa nos campos de petróleo e gás sob o controlo de Dili.

    Por outro lado, Alkatiri resistiu às táticas intimidatórias e ao unilateralismo que os australianos parecem ter aprendido em tempos recentes dos seus amigos norte-americanos. O Pacífico do Sul é hoje para a Austrália o que a América Latina tem sido para os EUA há quase duzentos anos. Ousou diversificar as suas relações internacionais, conferindo um lugar especial às relações com Portugal, o que foi considerado um ato hostil por parte da Austrália, e incluindo nelas o Brasil, Cuba, Malásia e China. Por tudo isto, Alkatiri tornou-se um alvo a abater. O fato de se tratar de um governante legitimamente eleito fez com que tal não fosse possível sem destruir a jovem democracia timorense. É isso que está em curso.

    Uma interferência externa nunca tem êxito sem aliados internos que ampliem o descontentamento e fomentem a desordem. Há uma pequena elite descontente, quiçá ressentida por não lhe ter sido dado acesso aos fundos do petróleo. Há a Igreja Católica que, depois de ter tido um papel meritório na luta pela independência, não hesitou em pôr os seus interesses acima dos interesses da jovem democracia timorense ao provocar a desestabilização política com as vigílias de 2005 apenas porque o governo decidiu tornar facultativo o ensino da religião nas escolas. Toleram mal um primeiro-ministro muçulmano, mesmo laico e muito moderado, porque o ecumenismo é só para celebrar nas encíclicas.

    E há, obviamente, Ramos Horta, Prêmio Nobel da Paz, um político de ambições desmedidas, totalmente alinhado com a Austrália e os EUA e que, por essa razão, sabe não ter hoje o apoio do resto da região para a sua candidatura a secretário-geral da ONU. Foi ele o responsável pela passividade chocante da CPLP (Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa) nesta crise. A tragédia de Ramos Horta é que nunca será um governante eleito pelo povo, pelos menos enquanto não afastar totalmente Mari Alkatiri. Para isso, é preciso transformar o conflito político num conflito jurídico, convertendo eventuais erros políticos em crimes e contar com o zelo de um procurador-geral para produzir a acusação. Daí que as organizações de direitos humanos, que tão alto ergueram a voz em defesa da democracia de Timor, tenham agora uma missão muito concreta a cumprir: conseguir bons advogados para Mari Alkatiri e financiar as despesas com a sua defesa.

    E que dizer de Xanana Gusmão? Foi um bom guerrilheiro e é um mau presidente. Cada século não produz mais que um Nelson Mandela. Ao ameaçar renunciar, criou um cenário de golpe de Estado constitucional, um atentado direto à democracia por que tanto lutou. Um homem doente e mal aconselhado, que agora corre o risco de hipotecar o crédito que ainda tem junto do povo para abrir caminho a um processo que acabará por destruí-lo.

    Timor não é o Haiti dos australianos, mas, se o vier a ser, a culpa não será dos timorenses. Uma coisa parece certa, Timor é a primeira vítima da nova guerra fria, apenas emergente, entre os EUA e a China. O sofrimento vai continuar.

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  4. "a ONU adverte para a escassez de fundos para assistência humanitária"
    www.un.org/spanish/news

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  5. Fernando: já aqui, quando o artigo saiu – e esse artigo do BSS que transcreve, saiu primeiro em Portugal, na Visão e foi transcrito no Timor-online – não vale pois a pena tentar vitimizar o BSS, tanto mais que ele é colaborador habitual da Visão do Dr. Balsemão, mas como dizia, quando esse artigo saiu eu contestei precisamente a conclusão do BSS “Timor é a primeira vítima da nova guerra fria, apenas emergente, entre os EUA e a China”, pelo teor fatalista da mesma. Pois dizer-se isso é dizer-se que nesse quadro qualquer resistência é vã e eu não acho. Acho que uma luta só é vã quando se desiste de lutar e como se percebe, não só a Fretilin não desistiu de lutar como à frente da luta têm o seu Secretário-geral, Mari Alkatiri.

    E transcrevo parte da entrevista que Mari Alkatiri deu ao Expresso de 15/07/06, em que é o próprio que rejeita ligações a martelo entre o que fez e a China:

    “Expresso: A raiz deste conflito tem a ver com a riqueza que se supõe haver, nomeadamente com o petróleo?

    Mari Alkatiri: Não tenho dúvidas. Eu vejo até grandes analistas, que trabalham com dados que não são correctos quando dizem que eu me aproximei da China, que havia um acordo com a China sobre a área do petróleo. A China não tem uma única concessão neste país na área do petróleo. Primeiro, porque nunca participou nos concursos públicos, segundo, porque não há nenhum acordo com a China nessa área. O único acordo que se fez foi de pesquisa geológica, não de exploração.

    Expresso: Mas porque fala da China?

    Mari Alkatiri: Porque todos dizem que a Austrália não veria com bons olhos o facto de eu estar a aproximar-me da China na área do desenvolvimento no sector do petróleo. Há realmente um país que nos apoiou e continua a fazê-lo, mas desinteressadamente, no sector do petróleo. Mas é a Noruega, não a China.

    Expresso: Há muita gente que faz a ligação destes acontecimentos a um interesse australiano de o afastar a si para melhor controlar ou conformar Timor às suas pretensões. Com Xanana ou com Ramos-Horta, será diferente?

    Mari Alkatiri: Não sei. Eu como primeiro-ministro, procurei defender até às últimas consequências os interesses do meu povo. Liderei as negociações sobre as riquezas e os recursos do mar de Timor-Leste, que ninguém pode negar que foram negociações bem sucedidas para o meu país, e estou orgulhoso disso. Consegui fazer de Timor-Leste, tido como inviável, um país que todos sabem que é absolutamente viável, um Estado sustentável, e isto em apenas quatro anos de governação. Tenho a certeza que Timor-Leste iria arrancar, a partir do último ano do meu mandato, 2006/2007, para a fase real de desenvolvimento humano e económico, porque já há condições para o fazer. E mais ainda: no caso de vitória da Fretilin em 2007, o próximo mandato será para pôr este país num patamar ainda mais elevado. O plano era esse.”

    PS: não sejamos pois mais papistas que o papa e principalmente, não esqueçamos que são as tropas da Austrália que estão em Timor-Leste e é a Austrália que quer construir em Timor-Leste uma base permanente para 3000 soldados.

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  6. O artigo do Prof Boaventura Sousa Santos foi inicialmente publicado na Revista Visao, a 4 de Julho de 2006. Soh depois eh que foi publicado em diversas publicacoes brasileiras.

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  7. "Os números de telefone de emergência são da responsabilidade dos militares australianos, que encaminharam para o centro de comando da polícia as ocorrências de incidentes."

    ????????? Quer dizer que são os australianos que passam as chamadas que querem? E porquê?

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  8. Esta 'história' da base militar já vem de há muito - não é nada de novo.

    Já em 2000, os EUA tinham o plano de instalar uma base em TL. Inicialmente a intenção apontava para Ataúro e a razão do interesse reside na profundidade das águas dos estraitos a norte de TL que constituem rotas priviligiadas para submarinos. A sua profundidade dificulta a detecção por satélite.

    A única novidade é que os EUA delegaram nos seus 'delegados regionais' a tarefa de instalar a base ...

    Até hoje, TL recusou ... será que com este novo 'regime maratona' a autorização será dada?

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  9. Pouco conhecia de Alkatiri, tinha uma grande admiração pele Xanana,pelo que tenho lido neste blog, ao londo deste tempo sinto-me espupefacta com a sua actuação a favor do protectorado, colocando em risco a independencia de Timor.Na verdade quando esteve preso achei estranha aquela intrevista com os indonésios, parecia que aceitava a permanência deste em Timor.Aqui em Portugal sem ser politica nem pertencer a partido nenhum estive envolvida sentimentalmente na luta e vestida de branco em manifestações pela libertação de Timor.
    Neste momento e para bem de Timor desejo que Alkatiri seja candidato ás presidências,e continue a construção desse país.Lamento que Freitas do Amaral tivesse saído do ministério, pois estava a fazer um bom trabalho, e não se intimidava com Américas Aust....etc

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  10. Babija!
    Sim isso nao e novo.Atauro foi realmente considerado, para mudar depois para as aguas em frente da residencia do Mari.E que ele regava tanto que a profundidade dessas aguas passaram a ser o dobro das do Atauro.

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