Sydney, Austrália, 06 Jul (Lusa) - Mari Alkatiri afirmou hoje que a sua demissão do cargo de primeiro-ministro foi "uma conspiração orquestrada" e acus ou os "media" e alguns políticos australianos de "não gostarem" dele devido às n egociações sobre o petróleo do Mar de Timor.
"Não tenho dúvidas de que o conjunto dos 'media' australianos tentou de monizar-me - a realidade é essa. Porquê? Não tenho dúvidas de que alguns ministr os e responsáveis australianos não gostam de mim porque me conhecem como um nego ciador exigente", disse o ex-primeiro-ministro timorense numa entrevista publica da hoje pelos jornais australianos Sydney Morning Herald e The Age.
Para Alkatiri, contudo, tanto Timor-Leste como a Austrália perdem com a sua demissão, porque o Governo estava a preparar a apresentação de uma proposta de lei para a ratificação de um acordo com a Austrália sobre a exploração do ca mpo de gás e de petróleo Greater Sunrise, no valor de 41 mil milhões de dólares australianos (cerca de 23,9 mil milhões de euros).
"Agora volta tudo à mesa das negociações", disse.
Depois da independência de Timor-Leste, Mari Alkatiri chefiou as negoci ações com a Austrália sobre os recursos petrolíferos do Mar de Timor, processo q ue lhe granjeou a reputação de negociador forte e intransigente na defesa dos in teresses do seu país.
Na entrevista publicada hoje, Mari Alkatiri descreve a sua demissão com o "uma conspiração orquestrada", mas escusa-se a avançar com responsáveis concre tos, adiantando que ainda tem de fazer alguma investigação para acusar alguém.
"Tenho a certeza de que, um dia, tudo se vai saber", disse.
Sobre o seu futuro político, Mari Alkatiri afirma que se vai manter no cargo de secretário-geral da FRETILIN e dirigir o partido maioritário até às ele ições previstas para o início do próximo ano.
"Vencer as eleições é a minha principal tarefa neste momento", disse.
"Mas vai ser muito mais difícil devido à situação de insegurança. Os me mbros da FRETILIN, particularmente os da parte ocidental do país, continuam a se r intimidados por homens armados", acrescentou, explicando que se a situação de segurança não melhorar "pode ser difícil organizar as eleições".
Questionado sobre se pode voltar a ser nomeado primeiro-ministro em cas o de vitória eleitoral, Alkatiri remete qualquer decisão para a FRETILIN e admit e que pode ser benéfico escolher outra pessoa.
"Essa será uma decisão do partido... Espero que o partido não mo imponh a. Talvez seja melhor ter outros [nomes] para o cargo de primeiro-ministro. Se c alhar o que temos de fazer é não pensar no passado e olhar para a frente", disse .
Alkatiri escusou-se, por outro lado, a comentar a possibilidade de ser sucedido no cargo de primeiro-ministro pelo actual ministro da Defesa e dos Negó cios Estrangeiros, José Ramos Horta, que foi fundador da FRETILIN mas abandonou o partido durante a ocupação indonésia de Timor-Leste.
"A FRETILIN apresentou três soluções... três nomes diferentes (...) O q ue o país precisa agora é de uma reconciliação até às eleições", disse.
Segunda-feira passada, o porta-voz da FRETILIN disse à Agência Lusa em Díli que o partido apresentará ao Presidente da República, Xanana Gusmão, três n omes para sucederem a Alkatiri: José Ramos Horta, independente, Estanislau da Si lva, membro do comité central do partido e ministro da Agricultura, e Rui Araújo , também independente e ministro da Saúde.
Mari Alkatiri, secretário-geral da FRETILIN desde 2001, demitiu-se da c hefia do Governo a 26 de Junho, cedendo à exigência de Xanana Gusmão, que ameaço u resignar se o líder do partido maioritário não se demitisse.
Nas últimas eleições, realizadas em Agosto de 2001, a FRETILIN elegeu 5 5 dos 88 deputados à Assembleia Constituinte, posteriormente transformada em Par lamento Nacional.
MDR.
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