No site da UNOTIL nas notícias de terça-feira, 2 de Maio 2006, está a transcrição desta entrevista da ABC com o Ramos-Horta sobre os acontecimentos, nomeadamente os do dia 28 de Abril. Lendo-a percebe-se que de facto os Alfredos tinham por objectivo “esticar” as coisas até ao escândalo, que já estavam a perder o gás e que tiveram que deitar mãos aos hooligans para levar a agenda até ao fim. Deixei o link para quem quiser ler o original em inglês:
"Apresentador/Entrevistador: Sen. Lam
Entrevistado: O Ministro dos Assuntos Estrangeiros de Timor-Leste Jose Ramos-Horta
RAMOS-HORTA: Deixe-me pôr as coisas no contexto. Dos quase 600 Soldados despedidos, nunca mais do que 200 ou 300, participaram nas demonstrações. E o seu comportamento foi na maioria pacífico. O resto nunca participou nas demonstrações; já estavam nas suas aldeias há várias semanas. E é isto que tenho tentado dizer aos media há muitos, muitos dias – a maioria dos soldados estão pacificamente de volta nas suas aldeias.
Portanto, por outro lado, dos que ficaram, entre 200 ou 300, mais de 100 indicaram ontem, que querem entregar-se à polícia.
LAM: Então o governo está num modo conciliatório? Tivemos relatos que as tropas do governo podem estar a persegui-los nos montes?
RAMOS-HORTA: Absoluto disparate. As tropas do governo já saíram, já entregaram o controlo dos subúrbios da cidade à polícia e as forças armadas agora estão destacadas muito mais longe do distrito de Dili, somente para prevenir algum possível regresso dos hooligans que foram responsáveis pelos estragos na sexta-feira. Outra vez, eu enfatizo, os ex-militares, largamente, a maioria, com talvez algumas muito poucas excepções, estiveram envolvidos na pilhagem na capital.
LAM: E ministro, o governo no mês passado prometeu fazer alguma coisa sobre as queixas dos soldados mas falhou o ultimato das três pm na sexta-feira. Porque é que até agora não foi capaz de arranjar uma resolução?
RAMOS-HORTA: Isso outra vez, é um absoluto disparate. Fui eu o líder da parte do governo encarregue de falar com os soldados despedidos, durante alguns dias. E tive conversas muito produtivas com os soldados.
Contudo, nessa altura concluí que os soldados tinham perdido o controlo da demonstração. Eles tinham autorizado aquele grupo que liderou a violência, de tomar o controlo da agenda. No dia antes da violência, tínhamos chegado a um acordo, tínhamos escrito um comunicado, e o comunicado até já tinha sido emitido, anunciando o estabelecimento de uma comissão de investigação, que tinha sido acordada comigo pelos soldados demitidos. Contudo, na sexta-feira, de manhã, somente 200 soldiers permaneciam no local, a maioria já tinha partido. Os jovens, particularmente alguns hooligans, e os seus líderes, tinham tomado o controlo da demonstração, e foram eles os responsáveis pela violência. Portanto é um absoluto disparate dizer que o governo não tinha tomado nenhuma decisão sobre as suas queixas. Uma comissão de investigação é uma comissão para investigar as alegações, e não para tomar uma decisão antes de ouvir todos os lados. (ABC net.au)"
http://www.unotil.org/UNMISETWebSite.nsf/cce478c23e97627349256f0a003ee127/3d7f6956fa10ec31492571620034fee2?OpenDocument
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