Quinta, 8 Junho 2006
Celso Filipe
A dupla derrota em Timor
À luz do único elemento disponível – o preço oferecido pelos licitantes – é perfeitamente justificável que a Galp tenha perdido o concurso para a exploração de petróleo no mar de Timor Leste para a Eni.
Timor, que Portugal ajudou a tornar-se a mais jovem nação do século XXI, tomou uma decisão racional, baseada exclusivamente no encaixe financeiro e nas contrapartidas oferecidas pela empresa italiana. Nada a opor.
Em contrapartida, a derrota da Galp é um acto de gestão lamentável. E a inépcia do Governo revela que a famigerada diplomacia económica se continua a praticar nas conversas mundanas se salão, de gin tónico numa mão e croquete na outra, incapaz de influenciar as decisões realmente importantes.
Para a Eni, que por acaso até é accionista da Galp, vencer um concurso em Timor é manifestamente irrelevante. Ao invés, para a empresa portuguesa devia tratar-se de uma licitação importante, tendo em conta a sua estratégia internacional.
Esta derrota em Timor revela uma dupla irresponsabilidade. Da Galp e do seu responsável pelo pelouro internacional (o engenheiro Fernando Gomes, recordam-se?) e do Governo e da sua estrutura diplomática.
O silêncio das duas partes relativamente a este desaire só reforça a conclusão de que a incompetência continua impunemente a fazer escola.
Até quando?
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