quarta-feira, junho 21, 2006

Dos leitores

Raul Vaz
A mulher do herói

Fosse Timor uma terra pobre e haveria miséria. Mas também paz. É essa a realidade que reduz a raça humana à sua condição – traduzida no egoísmo que se afirma como o mais forte dos sentimentos. Em Timor, onde há petróleo e gás natural, continua a haver miséria. E guerra.
Ontem era a Indonésia com a Austrália à espreita, agora são os australianos com os indonésios na expectativa. Como sempre há romantismo em doses que nos elevam ao limiar inatingível da bondade: Xanana Gusmão continua mítico, ainda com força para lutar contra a adversidade. Igual aos que não souberam, ou não puderam, deixar que outros crescessem fora do olhar protector. E o que vemos hoje? Xanana a pedir que o deixem resolver aquilo que ele sabe não poder mudar. Porque há a cobiça humana, esse pecado feito virtude pelos homens que só querem vencer. Mas há mais, numa versão que julgávamos difícil numa jovem democracia. A mulher do herói emite opiniões. Depreciativas em relação a um governo, também ele eleito pela lógica saudável do voto. E vemos Kirsty Sword, mulher do Presidente Xanana Gusmão, a desmultiplicar-se em declarações definitivas, garantindo que «o Governo perdeu a confiança da população». Antes de Kirsty, já o primeiro-ministro australiano tinha expressado igual opinião. Há uma outra coincidência mulher de Xanana é australiana.

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