Fosse Timor uma terra pobre e haveria miséria. Mas também paz. É essa a realidade que reduz a raça humana à sua condição – traduzida no egoísmo que se afirma como o mais forte dos sentimentos. Em Timor, onde há petróleo e gás natural, continua a haver miséria. E guerra. Ontem era a Indonésia com a Austrália à espreita, agora são os australianos com os indonésios na expectativa. Como sempre há romantismo em doses que nos elevam ao limiar inatingível da bondade: Xanana Gusmão continua mítico, ainda com força para lutar contra a adversidade. Igual aos que não souberam, ou não puderam, deixar que outros crescessem fora do olhar protector. E o que vemos hoje? Xanana a pedir que o deixem resolver aquilo que ele sabe não poder mudar. Porque há a cobiça humana, esse pecado feito virtude pelos homens que só querem vencer. Mas há mais, numa versão que julgávamos difícil numa jovem democracia. A mulher do herói emite opiniões. Depreciativas em relação a um governo, também ele eleito pela lógica saudável do voto. E vemos Kirsty Sword, mulher do Presidente Xanana Gusmão, a desmultiplicar-se em declarações definitivas, garantindo que «o Governo perdeu a confiança da população». Antes de Kirsty, já o primeiro-ministro australiano tinha expressado igual opinião. Há uma outra coincidência mulher de Xanana é australiana.
Maquiavel considerava que um príncipe nunca deveria fazer uma aliança com alguém mais poderoso do que ele. Porque assim, em caso de vitória, acabaria inevitavelmente como prisioneiro do seu aliado.
Raul Vaz
ResponderEliminarA mulher do herói
Fosse Timor uma terra pobre e haveria miséria. Mas também paz. É essa a realidade que reduz a raça humana à sua condição – traduzida no egoísmo que se afirma como o mais forte dos sentimentos. Em Timor, onde há petróleo e gás natural, continua a haver miséria. E guerra.
Ontem era a Indonésia com a Austrália à espreita, agora são os australianos com os indonésios na expectativa. Como sempre há romantismo em doses que nos elevam ao limiar inatingível da bondade: Xanana Gusmão continua mítico, ainda com força para lutar contra a adversidade. Igual aos que não souberam, ou não puderam, deixar que outros crescessem fora do olhar protector. E o que vemos hoje? Xanana a pedir que o deixem resolver aquilo que ele sabe não poder mudar. Porque há a cobiça humana, esse pecado feito virtude pelos homens que só querem vencer. Mas há mais, numa versão que julgávamos difícil numa jovem democracia. A mulher do herói emite opiniões. Depreciativas em relação a um governo, também ele eleito pela lógica saudável do voto. E vemos Kirsty Sword, mulher do Presidente Xanana Gusmão, a desmultiplicar-se em declarações definitivas, garantindo que «o Governo perdeu a confiança da população». Antes de Kirsty, já o primeiro-ministro australiano tinha expressado igual opinião. Há uma outra coincidência mulher de Xanana é australiana.
Maquiavel considerava que um príncipe nunca deveria fazer uma aliança com alguém mais poderoso do que ele. Porque assim, em caso de vitória, acabaria inevitavelmente como prisioneiro do seu aliado.
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