DN
14.06.06
Cadi Fernandes
Díli quer "reduzir as tensões políticas e diplomáticas" causadas pela força militar liderada pela Austrália.
Nesse sentido, defende a presença de um contingente das Nações Unidas, com 870 membros, durante 12 meses, pelo menos, em vez dos soldados australianos. Neste contexto, Portugal terá um papel preponderante, através da GNR.
Estas são, segundo o Financial Times, as principais ideias da mensagem de Ramos-Horta, ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, dirigida ao Conselho de Segurança da ONU (lida, ontem, pelo embaixador José Luís Guterres) e, também, da carta enviada ao secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, pelo Presidente da República, Xanana Gusmão, primeiro-ministro, Mari Alkatiri, e presidente do Parlamento, Francisco Guterres "Lu-Olo".
Numa súmula dos dois textos, a ONU (que administrou o país entre 1999 e 2002) e a GNR (que lá tem 127 agentes) são as entidades mais elogiadas pelos responsáveis timorenses, ao contrário das forças australianas. As respectivas presenças são apontadas como imprescindíveis para "manter a lei e a ordem".
Lisboa já respondeu "presente" a este repto. Como disse António Costa, ministro da Administração Interna português: "Caso venha a ser criada uma missão da ONU, estamos disponíveis para reforçar os efectivos da GNR em Timor-Leste."
Ou seja, após uma fase em que a GNR estava como que subalternizada perante os soldados australianos, é agora elogiada unanimemente em Díli. A comprová-lo, também, refira-se que os deputados timorenses adoptaram uma moção, ontem, defendendo que as forças australianas, malaias e neozelandesas devem retirar-se para um perímetro de segurança à volta da capital, deixando que a GNR actue em toda a Díli "de forma eficiente e sem impedimentos". Tudo porque, como disse o embaixador Guterres, a GNR é "uma força efectiva que a população respeita".
Comissão de inquérito
Numa altura em que, no terreno, os ânimos estão mais aplacados, a ONU encarregou a Alta Comissária para os Direitos do Homem, Louise Arbour, de criar uma comissão de inquérito independente sobre a violência que assolou Timor. Este um pedido de Ramos-Horta e do enviado especial da ONU, Ian Martin, a que Kofi Annan deu, ontem, luz verde.
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