tag:blogger.com,1999:blog-28192219.post59098357141324571..comments2024-03-24T18:22:40.376+09:00Comments on Timor Online - Em directo de Timor-Leste: East Timorese government steps up repression in aftermath of alleged “coup attempt”Unknownnoreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-28192219.post-10358655826446412872008-03-01T21:23:00.000+09:002008-03-01T21:23:00.000+09:00Tradução:Governo Timorense aumenta repressão depoi...Tradução:<BR/>Governo Timorense aumenta repressão depois de alegada “tentativa de golpe” <BR/>WSWS<BR/><BR/>Por Patrick O’Connor<BR/>1 Março 2008<BR/><BR/>O Primeiro-Ministro Timorense Xanana Gusmão aproveitou a crise desencadeada pelos ferimentos infligidos em 11 de Fevereiro ao Presidente José Ramos-Horta e morte do antigo major Alfredo Reinado para tomar uma série de medidas repressivas que visam consolidar o seu instável governo. Como anunciou um porta-voz do governo de Gusmão na Segunda-feira “o estado de sítio”— que envolve um recolher obrigatório das 10 p.m. até às 6 a.m. E a proibição de manifestações e reunião não autorizadas — foi prolongado até 23 de Março. Mais de 200 pessoas já foram detidas a maioria por violação do recolher obrigatório, apesar de terem tido também visados deputados da oposição e jornalistas.<BR/><BR/>A pressa do governo de Gusmão em usar métodos autoritários de governar levanta contudo outra vez muitas questões importantes acerca dos eventos que rodearam a morte de Reinado. De acordo com a versão oficial promovida pelo governo e pelos media Australianos e internacionais, o soldado amotinado foi morto a tiro depois dele e dos seus homens terem tentado ou matar ou raptar ambos o Presidente Ramos-Horta e Primeiro-Ministro Gusmão como parte duma tentativa de golpe falhada. Esta explicação representa a menos provável de todas as explicações do que ocorreu em 11 de Fevereiro.<BR/><BR/>Ao mesmo tempo que os detalhes permanecem nebulosos, o que se sabe aponta para a possibilidade duma cilada para assassinar Reinado. Antes o soldado amotinado tinha ameaçado publicamente emitir detalhes ao alegado papel de Gusmão em instigar directamente um motim de soldados (os “peticionários”) em 2006. O motim desencadeou uma crise política que culminou na intervenção de centenas de tropas Australianas e na remoção do antigo governo da Fretilin. A alegação de Reinado foi emitida num DVD que circulou alargadamente em Janeiro através de Timor-Leste.<BR/><BR/>O velho adágio, cui bono (quem ganha?), continua a ser uma regra normal nas investigações criminais. À luz do que transpirou na quinzena passada, os principais ganhadores indiscutíveis da morte de Reinado têm sido as forças estrangeiras lideradas pelos Australianos estacionadas em Timor-Leste e o próprio Gusmão.<BR/><BR/>A adopção pelo primeiro-ministro de poderes de tipo ditatorial foi recebida com críticas agudas no parlamento do país. Uma sédir de deputados da Fretilin opuseram-se ao prolongamento do “estado de sítio” com base de que já não existia a exigência constitucional para “perturbações sérias ou ameaça de perturbações sérias à ordem democrática constitucional”. Durante o debate, a oposição chegou mesmo a emergir dentro do partido de Gusmão, o CNRT. “Eu e os meus amigos estamos descontentes com a implementação do ‘Estado de Emergência,’” O deputado do CNRT Cecilio Caminha declarou. “No 'Estado de Emergência' não há regras que autorizem o aparelho de segurança a atacar casas de civis à noite ou a proibir as pessoas de fazerem reuniões e manifestações.”<BR/><BR/>A Fretilin tem acusado Gusmão de usar a crise para minar a sua posição. Em 19 de Fevereiro, o deputado do partido e seu porta-voz para os media José Teixeira foi detido em Dili depois de seis carros cheios de polícias Timorenses armados o levarem da sua casa. Depois Teixeira afirmou que a polícia não tinha mandato de prisão e que tinha actuado sem conhecimento do oficial de topo da polícia de investigação. Ele foi libertado no dia a seguir depois de Mari Alkatiri, o secretário-geral da Fretilin e antigo primeiro-ministro Timorense ter apresentado queixa. “Isto é perseguição política — Teixeira é um porta-voz para os media eficaz e alguém em posição de autoridade quer calá-lo ,” declarou. “É uma tentativa desgraçada para politizar a força da polícia e usar a investigação ao balear do presidente para ganhos político-partidários .”<BR/><BR/>Tanto os polícias Timorenses como os soldados Australianos têm também alvejado jornalistas.<BR/><BR/>Em 23 de Fevereiro, o editor gráfico de topo do Timor Post, Agostinho Ta Pasea, foi preso quando ia para a tipografia em Dili com o ficheiro informático da edição de fim-de-semana do jornal. O editor do Post Mouzinho De Araujo disse ao The Australian que Ta Pasea foi parado às t 2 a.m., agredido pela polícia militar e depois levado para uma estação de polícia onde tornou a ser agredido. De Araujo disse que o membro do seu pessoal ficor retido 11 horas com o pretexto de ter violado o recolher obrigatório, antes de ser libertado com golpes e contusões na cara. “Talvez tenha acontecido isto porque o nosso jornal tem sido duro com as autoridades,” disse o editor. A detenção de Ta Pasea fez atrasar a publicação desse dia do Post. A Secretaria de Estado da Segurança emitiu mais tarde um pedido de desculpa formal pelo uso pelos oficiais da polícia do que descreveu como “força injustificada”.<BR/><BR/>O incidente ocorreu poucos dias depois do reórter daTime Rory Callinan ae do fotógrafo John Wilson terem sido detidos por tropas Australianas durante três horas com armas apontadas fora de Dili quando tentavam alcançar a vila de Dare. A ISF dominada pelos Australianos estava a conduzir uma operação na área, supostamente em perseguição de seguidores de Reinado envolvidos nos tiros contra Ramos-Horta. Aos jornalistas foi recusada a entrada através dum posto de controlo de estrada da ISF e foi-lhes dito que estavam proibidos de entrar na “área proibida aos media”. Callinan e Wilson caminharam então através duma pista no mato para tentarem o acesso a Dare a pé.<BR/><BR/>Mais tarde Callinan disse ao The Australian que quando se aproximavam da vila: “Saltaram do mato dois Australianos usando tinta de “camuflagem”, de armas apontadas e ordenaram para nos deitarmos no chão. Disseram-nos para entregar os nossos telemóveis, todo o nosso equipamento de câmara e os passaportes e que nos sentássemos sem falar. O tipo disse: ‘Estamos a deter vocês para a vossa segurança e não vos posso dizer mais .’ Disse, ‘Então não nos podemos mover?’ Ele disse, ‘Estou a dizer-lhes, estou a deter vocês. Posso deter vocês fisicamente, se quiser, mas escolhi não o fazer nesta altura.’ Perguntava-mos a nós próprios porque é que deixavam circular por ali dúzias de Timorenses sem preocupação aparente com a segurança deles.”<BR/><BR/>Os dois homens ficaram retidos no mato durante três horas, até ao pôr do sol, quando lhes disseram que podiam prosseguir para Dare. Depois de mais tarde terem regressado a Dili foram outra vez detidos por terem violado o recolher obrigatório,” disse Callinan. “Dissemos, ‘Mas já nos detiveram durante três horas e foi por causa disso que violámos o recolher obrigatório....’ Os Timorenses que estavam connosco repetiam que istoe era o tipo de coisas que aconteciam no tempo dos Indonésios.”<BR/><BR/>O incidente sublinha o carácter neo-colonial da ocupação Australiana do Timor-Leste “independente”. Ao usar a crise política para os seus próprios fins, o governo do Labor de Rudd Labor aumentou o tamanho da força de intervenção e declarou que as forças Australianas ficarão “o tempo que for pedido.” Como os destacamentos anteriores em 1999 e 2006, a última operação é acima de tudo movida pela determinação de Canberra em manter a sua dominação sobre o território rico em petróleo e estrategicamente significativo, e afastar poderes rivais como a China e Portugal. Rudd e Gusmão parece terem alcançado um arranjo mutuamente benéfico pelo qual p líder Timorense dá carta livre aos militares Australianos e como paga o governo Australiano continua a suportá-lo politicamente. Rudd e os seus ministros têm mantido um silêncio rigoroso em relação às recentes medidas autoritárias do governo de Gusmão.<BR/><BR/>As acções da ISF em Dare levantam também questões sobre o que é que as tropas Australianas andavam a fazer, que não queriam que os media monitorizassem. O estatuto da suposta perseguição dos homens de Reinado pelos militares Australianos mantém-se por esclarecer. Mais de 1,100 tropas Australianas, incluindo pelo menos 80 elementos das SAS tropas de elite estão agora no terreno em Timor-Leste ou estacionados em navios de guerra offshore. Gusmão segundo relatos, autorizou essas forças a usarem força letal. Contudo apesar do vasto sortido de tecnologia de vigilância e do conhecimento extensivo do grupo de Reinado dos militares Australianos, recolhidos durante os dois últimos anos, aparentemente as tropas ocupantes foram incapazes de localizar qualquer um dos alegados candidatos a assassinos de Ramos-Horta.<BR/><BR/>Estava o governo de Gusmão a enfrentar a dissolução?<BR/><BR/>Desde o 11 de Fevereiro os eventos tornam claro como foi conveniente a morte de Reinado para ambos Gusmão e Canberra.<BR/><BR/>A acusação do antigo major que o primeiro-ministro tinha instigado deliberadamente o protesto dos peticionários em 2006 estava a minar seriamente o já instável governo de coligação de três partidos. Na altura em que as acusações de Reinado estavam a circular através do país, o governo aprovou o seu primeiro orçamento, reduzindo as rações de comida dos 100,000 deslocados para metade e cortando nas pensões. Ao mesmo tempo, o governo gabava-se que estava a baixar os impostos para companhias e investimento para os níveis mais baixos do mundo.<BR/><BR/>Estas medidas, que aumentarão ainda mais a desigualdade social no país profundamente empobrecido, atraíram alargada oposição dos cidadãos Timorenses comuns e inflamou tensões e lutas dentro do governo. Correram rumores em Dili que Fernando “La Sama” de Araújo, líder do Partido Democrático e agora presidente interino se retiraria da coligação.<BR/><BR/>Entretanto Gusmão recusava-se a negar as alegações de Reinado e ameaçava prender os jornalistas que insistissem na história. Alkatiri pediu a resignação de Gusmão e que se realizassem eleições antecipadas.<BR/><BR/>Há evidência que o Presidente Ramos-Horta se estava a preparar para endossar publicamente tais pedidos. De acordo com o Timor News Line web site, que traduz relatos dos media Timorenses para Inglês, em 11 de Fevereiro (o mesmo dia em que Reinado foi morto) o Diario Nacional relatou que : “O Secretário-Geral da Fretilin, Mari Alkatiri, disse que o Presidente José Ramos Horta e o Secretário-Geral da ONU tinham concordado com a proposta da Fretilin de realizar eleições antecipadas no país”.<BR/><BR/>A última edição da revista Indonésia Tempo traz uma entrevista com Alkatiri na qual o antigo primeiro-ministro afirma que há uma conexão entre os eventos de 11 de Fevereiro e um encontro alegadamente convocado pelo Presidente Ramos-Horta uma semana antes.<BR/><BR/>“Houve um encontro de políticos na residência de Horta uma semana antes dos tiros,” disse Alkatiri. “Nesse encontro participaram membros do CNRT liderado por Xanana Gusmão, PSD, ASDT e da Fretilin ...O Presidente Horta deu as boas vindas à proposta da Fretilin Party ao Secretário-Geral da ONU. Essencialmente essa proposta unia todos os partidos da AMP com a Fretilin, na formação dum governo inclusivo, um governo de unidade nacional. A própria Fretilin recusou-se a juntar no governo de unidade nacional como este. A iniciativa era tomada para resolver o problema de Alfredo Reinado, desertores liderados por Salsinha Gasão e também os deslocados.”<BR/><BR/>Perguntado se algum dos “partidos de elites” de Timor esteve envolvido na morte de Reinado, Alkatiri recusou-se a responder directamente ou a mencionar o nome de Gusmão, mas disse, “Direi apenas que a pessoa por detrás dos tiros contra Horta talvez discordasse da iniciativa do Presidente para formar um novo governo e fazer eleições antecipadas.”<BR/><BR/>Se a explicação de Alkatiri for verdadeira, põe numa nova perspectiva o acordo feito entre Ramos-Horta e Reinado apenas quatro semanas antes do soldado amotinado ter sido morto. Em 11 de Janeiro, tos dois homens tinham acordado que Reinado se entregaria primeiro a prisão domiciliária que pouco depois seria amnistiado por Ramos-Horta. Será que o presidente, antes um aliado próximo de Gusmão, viu a ruptura de relações entre Reinado e o primeiro-ministro como uma ameaça intolerável ao acordo que tinha acabado de fazer, que requeria a formação duma nova administração de coligação entre a Fretilin, ASDT, e elementos do CNRT?<BR/><BR/>Se sim, a versão oficial da morte de Reinado torna-se ainda mais implausivel. O antigo major teria tentado assassinar ou raptar Ramos-Horta,que tinha não apenas garantido a sua liberdade, como estava também a preparar-se a emprestar o seu peso para a saída de Gusmão, a quem Reinado estava a acusar ser um criminoso e em traidor. Por outro lado, se for verdadeiro o cenário sugerido pelas declarações de Alkatiri, Gusmão teria um motivo ainda mais poderoso para eliminar Reinado, e desencadear uma crise política através da qual pudesse prolongar a sua autoridade.<BR/><BR/>A possibilidade duma tal conspiração levanta questões imediatas sobre o papel do governo Australiano. Há pouca possibilidade de as autoridades Australianas — que incluem conselheiros militares e em altos cargos no governo bem como uma rede alargada de informadores e agentes dos serviços de informações — estarem na ignorância das variadas acções em Dili. A perspectiva do regresso dum governo liderado pela Fretilin teria feito tocar sinos de alarme. O antigo governo Howard, com o apoio não regateado da oposição Labor, bem como de toda a imprensa Australiana, gastou recursos consideráveis para expulsar a administração Alkatiri em 2006. A sua prolongada campanha para a “mudança de regime” foi conduzida pela preocupação do governo da Fretilin se orientar demasiado para poderes rivais e não querer aceder a todos os pedidos da Austrália para a posse das reservas do petróleo e gás do Mar de Timor. As movimentações recentes de Gusmão —ambos dos eventos de 11 de Fevereiro e desde então — eram sem dúvida conhecidas, se não directamente instigadas por Canberra.<BR/><BR/>Nenhuma destas questões tem sido debatida na imprensa Australiana. Nem uma única publicação sequer relatou as declarações de Alkatiri no Tempo. Chegou-se ao ponto de qualquer análise política que se tente fazer aos eventos que rodearam o tiroteio no exterior da residência de Ramos-Horta, e das motivações potenciais de Reinado ser simplesmente considerada loucura, assim justificando a lógica implausível da versão oficial. A actuação dos media é consistente com o seu papel em 1999 e 2006, quando foi então o promotor principal das operações militares do governo de Howard, sob a bandeira de “intervenção humanitária” e “democracia”.<BR/><BR/>World Socialist Web SiteAnonymousnoreply@blogger.com