Díli, 07 Mai (Lusa) - Um incidente envolvendo militares e polícias timorenses no quartal-general da Polícia Nacional (PNTL), em Caicoli, Díli, "está sob investigação", afirmou à Agência Lusa uma fonte oficial das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).
O incidente ocorreu cerca das 20:00 (12:00 em Lisboa) de terça-feira, quando um elemento da PNTL e dois militares das F-FDTL entraram no Centro Nacional de Operações (NOC, na sigla inglesa), em Caicoli, Díli, e tiveram uma discussão com o elemento da PNTL de serviço àquela hora.
O NOC depende da PNTL e funciona no quartel-general da instituição, em Caicoli. Tecnicamente, o NOC está sob a supervisão do chefe da Polícia das Nações Unidas (UNPol), que também funciona nas instalações de Caicoli.
A UNPol tem poderes executivos de polícia em Timor-Leste, por acordo entre o Governo timorense e as Nações Unidas, na sequência da crise de 2006.
Os três elementos estranhos ao NOC "falaram em tom exaltado e apontaram o dedo ao elemento da PNTL", afirmou à Lusa a fonte oficial do Estado-Maior das F-FDTL.
"Um elemento da Polícia das Nações Unidas (UNPol) acalmou-os, mas não está claro de que se tratava a discussão porque falaram em tétum", acrescentou a mesma fonte.
O incidente foi considerado "grave" por oficiais superiores da UNPol, segundo afirmou à Lusa uma fonte da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT).
Na versão da UNPol, segundo esta fonte, "a entrada dos elementos estranhos ao NOC aconteceu depois de eles terem feito 10 chamadas" para o número de emergência nacional, o 112.
"Nesses telefonemas, foi perguntado ao oficial da PNTL no NOC se ele tinha recebido alguma chamada de uma senhora ministra", afirmou à Lusa a fonte da UNMIT.
"Depois dos telefonemas, os militares e o polícia foram ao NOC. Estavam embriagados e tiveram um comportamento agressivo", acrescentou a mesma fonte.
O caso foi levado hoje à reunião diária em que o representante-especial do secretário-geral das Nações Unidas, Atul Khare, analisa os acontecimentos das 24 horas anteriores com os chefes das diferentes unidades da UNMIT.
Segundo o relato feito à Lusa por um elemento da UNMIT, o incidente "foi considerado grave porque é mais um incidente em que está em causa a falta de respeito das F-FDTL pelas forças policiais timorenses e pela UNPol".
Na mesma reunião foi recordado que houve outros incidentes envolvendo elementos das F-FDTL.
Um dos incidentes ocorreu em Fevereiro na parte reservada aos voos da UNMIT no aeroporto internacional Nicolau Lobato, em Díli, quando militares armados das F-FDTL levaram um elemento do grupo do major Alfredo Reinado que se tinha rendido à UNPol no enclave de Oécussi.
"Outro incidente aconteceu em Março, quando uma funcionária civil da UNMIT foi ameaçada por um elemento das F-FDTL", acrescentou a mesma fonte da missão internacional.
A "relação má" entre as forças conjuntas da operação "Halibur" e a UNMIT, em particular com a UNPol, têm sido analisadas em diferentes instâncias nos últimos três meses, segundo declararam à Lusa ao longo desse tempo diferentes fontes políticas, diplomáticas e do sector de segurança.
PRM
Lusa/fim
Se a hierarquia da PNTL era coisa a brincar quanto mais cadeia de comando. É normal acontecerem coisas destas.
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