Público, 19.01.2008
Jorge Heitor
O primeiro-ministro Xanana Gusmão também diz que, embora desrespeitando os direitos humanos, o antigo ditador promoveu o desenvolvimento
O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, pediu esta semana aos timorenses que perdoem ao antigo Presidente indonésio Mohammed Suharto, responsável por uma ditadura de 32 anos durante a qual se verificaram muitas centenas de milhares de mortos, incluindo mais de 200 mil no próprio território de Timor-Leste, que mandou invadir em Dezembro de 1975.
"Nenhum de nós deve guardar rancor. Oremos a Deus para que o receba no seu seio", disse José Ramos-Horta à agência Lusa e a outros órgãos de informação, em declarações que tiveram grande repercussão internacional. E acrescentou que iria pedir nos próximos dias ao próprio Papa Bento XVI, no Vaticano, que orasse pelo político que, há mais de uma semana, se encontra à beira da morte num hospital de Jacarta.
O primeiro-ministro Xanana Gusmão, durante a década de 90 julgado na Indonésia como chefe da resistência timorense e condenado a prisão perpétua, de onde viria a sair no fim de 1999, disse entretanto PÚBLICO, por e-mail, que Suharto não respeitara os direitos humanos, governara em ditadura e promovera a corrupção, mas tinha sido "também o promotor do desenvolvimento de um grande país, o que não era fácil".
"Ficará também na história pelo mal que fez ao povo de Timor e ao indonésio, mas a sua atitude não poderá deixar de ser contextualizada na época em que governou".
"Pressionado por generais"
Ontem, o antigo governador Mário Viegas Carrascalão, actual líder do Partido Social Democrata, considerou, em declarações por telefone, que "o grande erro de Suharto foi a invasão de Timor, sob pressão de quatro generais. O que ele queria era um Timor que mostrasse ao mundo que a Indonésia fazia mais por ele do que Portugal fizera".
Igualmente interrogada pelo PÚBLICO, a empresária Conceição de Araújo, dirigente do Partido Nacionalista Timorense, manifestou a opinião de que, ao ordenar a invasão, de que resultaram chacinas e abusos dos direitos humanos, o chefe do regime de Jacarta "foi mandado pelas outras nações", que não aceitou especificar. E agradeceu a Suharto o facto de ainda estarem vivos os seus familiares que em 1992 chegaram a ser capturados pelo ocupante indonésio.
Já a religiosa Guilhermina Marçal, madre da Congregação das Canossianas, lembrou "os muitos erros", mas também as "boas coisas" que Suharto teria feito por Timor-Leste, "como a construção e o desenvolvimento".
Por outro lado, o escritor timorense Luís Cardoso, a viver em Lisboa, não hesitou em afirmar que "os crimes de Suharto foram muito mais graves do que os do também ditador Pinochet [do Chile]".
"Tanto contra o próprio povo como contra o povo timorense. Espero que Deus faça justiça onde os homens não a fizeram", concluiu.
Poi...é..que grande deus...!! quatas pessoas que perderam a vida...e quatas viuvas cria.ças sem pais...?? diz -me lá Saxana...e Rh. ??
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