domingo, janeiro 27, 2008

Mais uns passos a caminho da ditadura...


"Elementos da UNPol ordenaram a vários jornalistas presentes que "apagassem as imagens" do incidente."

A polícia da ONU é que decide aquilo que os jornalistas podem ou não filmar.

Senão, o maun boot Xanana pode prender. Isto faz-me lembrar outros tempos, de Intel e de hansips.

Para que não restem dúvidas sobre quem "manda" em Timor-Leste...

Henrique

2 comentários:

  1. Embaixador: «Suharto foi pressionado para invadir Timor»
    Diário Digital / Lusa
    27-01-2008 7:02:00

    O antigo Presidente indonésio, Suharto, foi pressionado a invadir Timor-Leste em 1975, afirma o embaixador da Indonésia em Portugal, Francisco Lopes da Cruz.
    «Em 1975, quando os americanos (ex-Presidente Gerald) Ford e (o ex-secretário de Estado, Henry) Kissinger estiveram com ele e tomaram uma atitude sobre Timor, ele era contra», salientou Lopes da Cruz à Lusa, num comentário sobre o antigo chefe de Estado indonésio, que morreu hoje em Jacarta, em consequência de complicações cardíacas.
    Suharto considerava que o fim do regime marcelista em Portugal, em 25 de Abril de 1974, «ditava uma nova fase nas relações entre Lisboa e Jacarta».
    Contudo, o «abandono do território (por parte de Portugal) e o risco de se espalhar o marxismo-leninismo na região levam-me a acreditar que foram pressões externas que levaram a Indonésia a entrar em Timor», disse Lopes da Cruz à Lusa, escusando-se, todavia, a dar mais detalhes sobre a posição do antigo chefe de Estado indonésio, que ao dar «luz verde» à invasão deu início a uma trágica ocupação de Timor-Leste ao longo de 24 anos.
    «Dele recordo memórias positivas. As melhores memórias. Era uma pessoa muito calma, com quem aprendi muito», referiu.
    O embaixador Francisco Lopes da Cruz nasceu em Maubara, a oeste de Díli, e em 1974, com o fim do regime colonial português, fundou com outros a União Democrática Timorense (UDT).
    Defendeu sempre a integração do território na Indonésia, país que viria a escolher para viver e cuja nacionalidade adoptou.
    Lopes da Cruz começou a trabalhar com Suharto e com os quatro presidentes que lhe sucederam, tendo sido conselheiro especial do ex-chefe de Estado para Timor-Leste, que mais tarde o nomearia embaixador itinerante e, entre 2000 e 2003, embaixador na Grécia.
    «Creio que Suharto ficará na história, embora a imprensa mundial lhe chame ditador, mas confesso que dele guardo as melhores memórias. Falam dele como um ditador, mas um ditador resiste até ao último momento, e ele, quando viu que o movimento de reforma e a democracia eram imparáveis na Indonésia e poderia haver uma guerra civil, resignou», salientou.
    Quando Suharto abandonou o poder, transmitindo-o ao seu vice-presidente, Yussuf Habibie, em 1998, Lopes da Cruz visitou-o, acompanhado da família.
    «Quando ele resignou fui falar com ele. Levei comigo a minha mulher e as minhas quatro filhas. Já não era o homem que parecia um Deus, rodeado de todos os que o aplaudiam. Deixaram-no de lado«, frisou.
    «Disse-lhe que se ele resignava, também queria resignar do cargo de embaixador itinerante, e ele respondeu-me que não, que eu não devia resignar e que devia era ir falar com o novo Presidente, Habibie», acrescentou.
    Para Francisco Lopes da Cruz, Suharto «deixou obra em Timor».
    «Ele construiu a catedral de Díli, o monumento ao Cristo-Rei e apesar de toda aquela governação formou mais de 2 mil timorenses, quase todos da oposição, da FRETILIN«, vincou.
    «Foi um dirigente que deu um contributo muito grande à nação indonésia.
    Lopes da Cruz voltou a falar com Suharto antes de viajar para Lisboa, em 2005, para assumir o cargo de embaixador.
    «Falámos um pouco de Timor. Ele estava resignado com a situação. Disse-me que foi a vontade do povo. Se o povo escolheu...», recordou Lopes da Cruz, referindo-se à aceitação resignada de Suharto do resultado do referendo de 1999, que ditou o fim da ocupação e a consequente independência de Timor-Leste, que seria reconhecida internacionalmente em 20 de Maio de 2002.
    Suharto, nascido a 08 de Junho de 1921, em Kemusuk Argamulja, perto de Yogiakarta, no centro da ilha de Java, subiu ao poder em 1967, em resultado do golpe militar orquestrado pela CIA a 30 de Setembro de 1965, de que resultou o massacre de entre 500 mil e 2 milhões de pessoas, a maioria do Partido Comunista Indonésio.

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  2. Cuidado com as generalizações.
    Com tantos polícias de tantas nacionalidades, a UNPOL é uma salganhada com experiências nos seus próprios países muito diferentes.
    Mas se os polícias em causa eram australianos ou de outro país com tradições democráticas mais arreigadas, é grave, muito grave mesmo. É-o em quaisquer circunstâncias mas neste caso é, mesmo, incompreensível/imperdoável.
    Por outro lado, também há que colocar a hipótese de o polícia estar despenteado com tanta agitação e não querer ficar mal na fotografia. Será que não pediu para apagar para depois gravar de novo, já penteadinho com a risca ao lado para o verem bonitolá em casa?
    Independentemente disso, não é por aqui que se caminha para a ditadura. Mas que os "chefões" têm, afinal, tiques de mandões mais evidentes do que os anteriores, lá isso têm...

    E depois há que compreender também a angústia da ONU: afinal estão a proteger uma ordem constitucional de constitucionalidade mais que suspeita e em que os próprios chefões estão com acusações bem mais graves que o anterior. Ora a ONU não nasceu para estas coisas e mal deve saber como descalçar a bota... Daí adoptar a sua filosofia habitual, só desmentida aqui e ali: sempre, sempre ao lado do poder...

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