Lusa - 12 de Novembro de 2007, 16:13
Díli - O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que inicia quarta-feira uma visita oficial a Portugal, considerou "completamente sem fundamento" os receios de uma perda de influência portuguesa no país.
Em entrevista à Agência Lusa, José Ramos-Horta salientou que Timor-Leste "conta com Portugal" nas áreas da Educação e da Defesa.
"Que eu me lembre, em 2000, 2001 e 2002, quando foi necessário defender a Língua Portuguesa perante muito cepticismo, mesmo nas Nações Unidas e outros países da comunidade internacional, fui eu que o fiz, frontal e eloquentemente", afirmou o Presidente da República.
José Ramos-Horta referiu, porém, que "nos próximos anos tem que haver mais ênfase e mais espaço ao bahasa indonésio e ao inglês, para além do desenvolvimento do tétum e do português".
Diferentes declarações de responsáveis políticos timorenses têm insistido na valorização do bahasa indonésio e do inglês, que não são línguas oficiais.
Ao mesmo tempo, vários assessores e funcionários portugueses têm deixado posições de destaque nas áreas de segurança e de justiça.
"Manter o indonésio e expandir o inglês" devem ser prioridades em Timor-Leste, a par das duas línguas oficiais, explicou o Presidente da República.
"Portugal deve encontrar meios para apoiar o desenvolvimento do tétum, o que não tem sido feito", afirmou José Ramos-Horta.
O chefe de Estado referiu a necessidade de Portugal dar "um apoio forte ao Instituto da Língua Tétum".
Da parte timorense, José Ramos-Horta salientou que em 2008, o Estado timorense orçamentará a vinda de mais 30 professores portugueses, "sobretudo para a universidade".
"Parece que em Portugal não me conhecem", afirmou José Ramos-Horta quando questionado pela Lusa sobre a possibilidade de alterações estratégicas de Timor-Leste.
"Não há ninguém neste país que conhece melhor Portugal e não há ninguém neste país que os portugueses melhor conhecem", sublinhou o Presidente da República.
"Uma das minhas poucas virtudes é o sentimento de gratidão por um povo que tanto fez por Timor-Leste", referiu o chefe de Estado.
"Além disso, sou inspirado por interesses vitais de Timor-Leste que são também defendidos por Portugal".
"Portugal é um dos nossos melhores aliados nos fóruns internacionais", acrescentou José Ramos-Horta, na entrevista à Lusa.
Na delegação de José Ramos-Horta viajam o vice-ministro da Educação e o secretário de Estado para a Formação Profissional.
O Presidente da República visita Portugal a partir quarta-feira, a primeira enquanto chefe de Estado, depois de uma paragem em Singapura em visita privada.
O programa oficial da visita a Portugal é de três dias mas José Ramos-Horta estará no país até domingo, antes de viajar para Madrid, Espanha.
PRM-Lusa/fim
Ramos-Horta em visita oficial a Lisboa na 5ª e 6ª-feira
O presidente de Timor-Leste chega quarta-feira de manhã a Lisboa, mas só na quinta-feira começa a visita oficial de dois dias a Portugal, reunindo-se, em Belém, com o chefe de Estado português.
De acordo com o programa hoje divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português, José Ramos-Horta almoça com Aníbal Cavaco Silva, depois de um breve encontro com jornalistas, seguindo mais tarde para a Assembleia da República, onde é recebido por um dos quatro vice-presidentes da AR, dada a ausência do presidente Jaime Gama,em visita oficial a Moçambique.
Ainda na quinta-feira, pelas 18:00, Ramos-Horta recebe o presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, tendo previsto para sexta-feira de manhã um encontro com jornalistas , seguido de uma visita à Câmara Municipal de Lisboa para um encontro com o presidente da autarquia, António Costa.
Depois de um almoço com o primeiro-ministro português, José Sócrates, o presidente da República Democrática de Timor-Leste participa numa reunião extrordinária do Comité de Concertação Permanente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), seguindo depois para um encontro com a comunidade timorense na Fundação Cidade de Lisboa.
O último acto oficial da visita, é um jantar na Fundação Oriente, oferecido pelo presidente da instituição, Carlos Bonjardino. Sábado e domingo, Ramos-Horta permanecerá em Portugal seguindo na segunda-feira para a capital espanhola.
Em entrevista à Lusa antes de deixar Díli, o presidente timorense afirnmou que Portugal não tem motivos para recear a perda de influência em Timor-Leste, pois «conta com Portugal» sobretudo nas áreas da educação e da defesa.
«O maior aliado que temos na UE é Portugal. Logo, ao atribuirmos a Uma Fuko (Casa da Cultura) à UE, estamos a atribuí-la a Portugal», referiu o chefe de Estado em entrevista à Lusa.
Quanto à cedência da Uma Fuko à União Europeia, apesar de o edifício estar entregue, por contrato, à caixa Geral de Depósitos (CGD), o presidente explicou que a decisão deve-se, primeiramente, ao facto de não se ter conseguido encontrar um espaço adequado para a Comissão Europeia.
A CGD tem um projecto de investimento no valor de 600 mil euros na casa da Cultura, programa que o presidente timorense reconhece como sendo «um favor enorme» que a Caixa ia fazer ao país.
Contactado hoje pela Lusa, o porta-voz da Caixa Geral de Depósitos afirmou que a cedência do espaço à Comissão Europeia teve «anuência» do grupo financeiro público, que em Timor-Leste é accionista maioritário do BNU.
O mesmo responsável da Caixa adiantou que «ainda não é possível» saber qual o futuro do projecto do centro cultural da capital timorense.
A visita do Presidente da República de Timor-Leste a Portugal é a primeira de Ramos-Horta desde que foi eleito presidente, em Junho passado.
Diário Digital / Lusa
13-11-2007 20:50:00
Sugiro ao autor deste texto que passe pelo edificio da CGD em Dili, ponha o nariz no ar e leia o que está escrito na frente do "toldo" de entrada...
ResponderEliminaro "BNU" é uma agência da Caixa Geral de Depósitos; tal como a de Freixo de Espada à Cinta; não é um banco cujo "accionista maioritário" é a CGD