DN
O recém aprovado Programa de Governo timorense propõe o inglês e o indonésio como línguas de trabalho
Data: 21-09-2007
O português e o tétum continuarão a ser as línguas oficiais de Timor-Leste, reafirmou hoje o Presidente da República, defendendo, porém, o "reequacionamento dos métodos de ensino", que suscitou críticas da oposição.
"Não há alteração na política fundamental estabelecida na Constituição da República de termos duas línguas oficiais, português e tétum", declarou José Ramos-Horta, em entrevista à Lusa.
"O português avançou imenso nestes anos com crianças a aprender em português", notou o chefe de Estado, que sugere, "talvez no próximo ano", a realização de um "seminário de especialistas para equacionar melhores métodos de ensino".
O Presidente da República explicou que "o português é extremamente importante para a identidade do país, mas a Constituição sempre falou em duas línguas de trabalho, o bahasa (indonésio) e o inglês".
Na semana passada, à margem da apresentação do programa do governo no parlamento timorense, o presidente da Fretilin, Francisco Guterres "Lu Olo", criticou a intenção de reequacionar as línguas oficiais e colocou em causa a utilidade dos 60 milhões de euros disponibilizados por Portugal para projectos de cooperação, que assentam no ensino da língua portuguesa.
"Sem retirar ao tétum e ao português o estatuto privilegiado de línguas oficiais, vamos ver como podemos manter o bahasa indonésio, porque temos um vizinho de 250 milhões de habitantes e há muitos milhares de timorenses que falam bahasa e vão continuar a estudar na Indonésia", explicou José Ramos-Horta.
É também intenção da liderança timorense investir no inglês, "que (representa) o acesso à ciência e à tecnologia", acrescentou o Presidente da República.
O Programa de Governo, aprovado sábado passado no Parlamento, contém uma alínea que propõe "o reequacionamento da problemática da língua oficial de ensino e do ensino de outras línguas, incluindo as línguas nacionais, o inglês e/ou o indonésio, como línguas de trabalho".
Tanto o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, como o ministro da Educação, João Câncio, declararam que este enunciado não pretende abrir as portas à revisão do artigo 2º da Constituição, mas insistem em mudanças nos métodos e condições em que a Língua Portuguesa é ensinada nas escolas timorenses.
Em declarações à Lusa na semana passada, em reacção às críticas da Fretilin, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português, João Gomes Cravinho, afirmou não ter "qualquer indicação" de que a língua portuguesa estivesse a ser reequacionada em Timor-Leste.
Cravinho adiantou mesmo que nas conversas que manteve, no início deste mês, durante a visita a Timor-Leste, com o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, "houve concordância quanto à necessidade de reforçar o apoio à língua portuguesa".
Nota de Rodapé:
Cravinho ou é sempre o último a saber, ou anda sempre distraído. Mas por este andar, um dia destes talvez Ramos-Horta lhe dê um lugar de assessor...
Se as línguas de casa/maternas são as lingua timorenses, se a língua de negócios vai ser o indonésio, e se a língua de conhecimento ou de acesso "à ciência e tecnologia" vai ser o inglês, para que serve a lingua portuguesa em Timor Leste?
ResponderEliminarRamos Horta e Xanana não falam claro, actuam à Javanesa!
A lingua portuguesa só será util e fará sentido em Timor Leste se for a lingua de acesso ao conhecimento. A lingua em que se estuda engenharia, e matemática e direito e economia e literatura e geografia e história e medicina!
Só será util se for a lingua da administração em que os tribunais farão os seus despachos e sentenças, em que a administração pública decida, em que se crie uma unidade que dilua as diferenças étnicas e regionais...
A actual liderança está a enganar Portugal, mas está sobretudo a enganar os timorenses!