terça-feira, maio 08, 2007

Timor: Fretilin Mudança afasta hipótese de criar partido

Diário Digital / Lusa
08-05-2007 10:04:37

O líder da Fretilin Mudança e ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, José Luís Guterres, afastou hoje a hipótese de criar um novo partido mas pede mudanças na Fretilin e novas políticas para o país.

«Não, neste momento estamos na Fretlin e queremos continuar a ser membros do partido», afirmou ao salientar que a mudança que pretende para o seu partido «é um processo político» sobre o qual é preciso ver a reacção da parte contrária - adversários internos.

José Luís Guterres falava à agência Lusa à margem da cerimónia de cumprimentos de despedida do corpo diplomático a Xanana Gusmão, confirmou encontros recentes entre Mari Alkatiri e membros da facção «Mudança» da Fretilin e explicou que o congresso extraordinário visa «que todas as sensibilidades possam debater ideias e candidatar-se à liderança nacional».

«O processo da mudança é um processo contínuo e mal das organizações políticas que não se adaptem às realidades de hoje», afirmou o chefe da diplomacia timorense.

«Nós tentámos no último congresso, dentro das normas estatutárias, apresentar pontos de vista, apresentar alternativas à actual liderança política», afirmou para sublinhar que nunca lhe foi permitido intervir no congresso que reconduziu Mari Alkatiri como secretário-geral da Fretilin.

Por isso, explicou, pretende um congresso, para «projectar a mudança para a Fretilin e para o país».

Apoiante da candidatura presidencial de José Ramos-Horta, José Luís Guterres recordou que o candidato e actual primeiro-ministro é um dos fundadores da Fretilin que «representou sempre a ala moderada do partido».

«Eu também faço parte dessa ala moderada», assinalou.

O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros no Governo de Timor-Leste acrescentou também que uma eventual derrota de «Lu Olo» nas presidenciais «significa o descrédito da actual liderança» da Fretilin e deixou o alerta aos seus companheiros de partido que «já deviam ter tirado ilações do resultado na primeira volta».

«A Fretilin nas primeiras eleições teve quase 60 por cento dos votos e agora tem 28 por cento», disse ao salientar o partido precisa de «fazer um esforço muito grande» para «analisar a realidade que se vive em Timor e tomar políticas acertadas para essa realidade e não continuar a afirmar-se ou comportar-se como se nada existisse à sua volta».

«O sonho antigo de ser único e exclusivo hoje já não dá», sustentou.

Além de Horta como fundador, José Luís Guterres recordou também Xanana Gusmão como o homem que «reconstituiu toda a Fretilin» durante a luta pela libertação mas que pelas exigências internas da resistência teve de «alargar a base de apoio e sustentação à luta de libertação nacional abrindo as portas a todas as sensibilidades nacionais para darem o seu contributo para a luta».

José Luís Guterres considerou também que Xanana Gusmão preferiria agora ir descansar mas as «políticas de arrogância, exclusão dos meus colegas e a falta de sensibilidade para lidar com a população timorense, falta de políticas para o desenvolvimento rural, fez com que o país estivesse quase destruído, à beira de ser um Estado falhado» levando o ainda Chefe de Estado a manter-se activo na política.

«Por causa de tudo isso é que estamos a dar as mãos com Xanana Gusmão e com todos os líderes dos partidos que existem em Timor-Leste, incluindo no seio da Fretilin, para ver se encontramos uma saída defendendo os interesses nacionais, a soberania e o desenvolvimento rural para que a população viva melhor», afirmou.

O governante deixou também um desafio a quem possa ter dúvidas sobre as dificuldades do povo: «vá às montanhas e veja que a população vive hoje talvez pior do que no tempo da Indonésia com excepção da liberdade que hoje tem em Timor-Leste».

4 comentários:

  1. Em 29 de Abril do ano passado, ao DN, Ramos-Horta sobre os graves incidentes que tinham acabado de deflagrar explicava textualmente que "Os incidentes não foram provocados pelos ex-militares mas sim por um grupo de jovens extremistas, que se apropriaram da manifestação há vários dias já. Os ex-militares perderam o controlo do protesto. Alguns pertencem a grupos políticos mas outros pertencem a uma organização, Colimau 2000, que desde 1999 tem praticado actos de vandalismo, arvoram-se em dissidentes políticos, mas são líderes de gangues. O Governo tem sido demasiadamente tolerante com eles" e continuava a notícia “O ministro timorense diz saber de vários testemunhos que Colimau, o líder do grupo que tem o seu nome, "estava ao microfone da manifestação, incitando os jovens a atacar o palácio, propondo aos ex-militares o derrube do Governo" (…).
    http://dn.sapo.pt/2006/04/29/internacional/ha_interesses_estranhos_a_timor_tras.html
    Passado um ano, tal como o seu Chefe (de então e de agora), o José Luís Guterres mudou de ideias e esteve no comício de Dili como um dos donos do microfone ao lado precisamente do presidente do Colimau 2000, Gabriel Fernandes.
    E nem faltou ninguém dos tais grupos políticos a quem então o Horta culpava também da violência, nem Francisco Xavier do Amaral, Avelino Coelho, João Carrascalão, Fernando «Lassama» de Araújo, Lúcia Lobato, Mário Carrascalão. Nem sequer o inspirador de toda aquela barbaridade, o Xanana.

    E este José Luís Guterres que passou todos esses quatro anos do Governo de Alkatiri, longe da luta pela criação de instituições democráticas em Timor-Leste, longe das tremendas dificuldades que foi a partir do zero criar um Estado, formar os seus funcionários, instituir as suas leis e que em vez disso esteve no bem-bom nas salas com ar condicionado de Nova Iorque, vem agora armado em carapau de corrida “«vá às montanhas e veja que a população vive hoje talvez pior do que no tempo da Indonésia”!

    Será que ele nem ainda percebeu que em Dili, precisamente na capital de Timor-Leste o povo vive bem pior do que vivia há um ano, quando ele entrou para o Governo do Horta? Será que não percebeu ainda que desde há um ano todos os seus camaradas da Fretilin e até os seus simples simpatizantes e restantes Timorenses da Administração civil vivem perseguidos, aterrorizados, com as barbaridades cometidas pelos seus colegas de conspiração e comício, precisamente desde que os seus guarda-costas Australianos entraram no país, e será que ainda não meteu na cabeça que as milhares de casas, negócios e edifícios estatais queimados, pilhados o foram a mando precisamente dos seus novos amigos? E pior, será que as milhares, muitos milhares de crianças sem aulas, professores sem escolas, tanta situação por resolver não se deve á total incompetência do seu amigo Horta? Bem como os investimentos que não se fizeram tem a ver com a completa inoperância do mesmo Horta que em dez meses agravou todos, todos os problemas e não resolveu nenhum?

    Esta gente, este José Luís Guterres, Horta, Xanana e restante cambada vive obsecada pelo poder, só pelo poder, está-se marimbando para a segurança básica e pelo bem-estar dos seus co-cidadãos e merece ser arredada pelo mal e sofrimento que durante um ano infligiram aos seus co-cidadãos.

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  2. Como e que este individuo vai fazer alguma coisa pelo seu partido e acima de tudo por Timor Leste, quando foi o proprio Ramos Horta que botou a boca cheia dizendo que no dicionario do Jose Luis Guterres, a palavra "TRABALHO" nao existe!!

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  3. Esta "notícia" dá vontade de rir, confrontada com estas declarações de Maubosi, em 2006...


    Lusa
    19-8-2006

    “Em declarações à Agência Lusa, um dos dinamizadores dos contestatários, Vicente Ximenes "Maubosi", garantiu que Mari Alkatiri "não irá permanecer muito tempo na liderança do partido" porque o grupo renovador "tem os apoios necessários para a realização de um congresso extraordinário".”


    Em relação ao que diz JL Guterres, três observações:

    1 - A Fretilin não teve "quase 60%" "nas primeiras eleições", pela simples razão de que as eleições presidenciais não se disputam entre partidos, mas entre pessoas. Ou então, usando o mesmo critério, diremos que Xanana teve, na segunda eleição (1ª volta de 2007), apenas quase 22%, apesar de o seu candidato ter sido insistentemente rotulado de "favorito" pela maior parte da imprensa estrangeira. Então o "descrédito" de Xanana é de longe superior ao da Fretilin.

    2 - JL Guterres gosta de se fazer de vítima, mas se ele não falou no Congresso da Fretilin foi pela simples razão de que se foi embora, quando viu que nem 10% dos congressistas conseguia reunir para apresentar uma lista às eleições do partido. Essa dor de cotovelo é muito feia.

    3 - Se há pessoas que sabem como vivia o povo durante a ocupação indonésia, JL Guterres não é uma delas. Não foram só Alkatiri e Ramos Horta que passaram por Maputo... e por aqui me fico.

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  4. Críticas. São apenas críticas. Pelo que vejo até são construtivas. Ele não renega ninguém. Não despreza. Apenas apresenta soluções para o futuro, e nem se oferece para as concretizar, apresenta outro nomes para o fazerem.
    Criticar só porque se é criticado é feio, meus meninos.

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