Díli, 06 Dez (Lusa) - A crise timorense pode condicionar o futuro, mas as forças políticas timorenses podem, se optarem pelo consenso, superar esse cenário de crise, considerou hoje em Díli o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República portuguesa.
Segundo José Luís Arnaut, o consenso de que as actuais forças políticas timorenses podem dar exemplo é no debate em curso para a aprovação das leis eleitorais.
José Luís Arnaut falava à Lusa depois de ter visitado a Escola Portuguesa de Díli e o quartel da GNR e após um encontro com os líderes de todas as bancadas do Parlamento Nacional de Timor-Leste, no segundo de três dias da visita de trabalho que uma delegação parlamentar portuguesa está a efectuar a Timor-Leste.
"O futuro é incerto, naturalmente, mas tenho esperança de que esta crise que se vive agora seja superada e seja ultrapassada (...) é preciso avançar com uma lei eleitoral consensual. É preciso que haja consenso de todos os partidos relativamente à lei eleitoral", salientou.
Integram a delegação parlamentar portuguesa os deputados Renato Leal (PS), Abílio Fernandes (PCP), Hélder Fernandes (CDS-PP) e João Semedo (BE), à qual se juntou também o deputado José Cesário (PSD), eleito pelo Círculo Eleitoral Fora da Europa, e que chegou segunda-feira a Díli.
"Estivemos a analisar a situação em Timor-Leste. Uma situação de crise. Reconhecidamente uma situação de crise. Como ultrapassar este momento e quais são os principais desafios e problemas que se colocam", disse.
"Aproveitámos para transmitir a nossa experiência, de uma jovem democracia como a portuguesa, e aproveitámos a oportunidade para salientar às autoridades e parlamentares (timorenses) da necessidade de haver uma boa lei eleitoral. De haver um consenso na lei eleitoral", acrescentou.
Para a delegação parlamentar portuguesa, "sem consenso generalizado, seguramente qualquer resultado das eleições poderá ser sempre prejudicado".
"Estou esperançado que sejam reunidas as condições necessárias, e que acho determinantes para que haja um consenso sobre a lei eleitoral. Esse consenso ainda não esta encontrado, mas espero que possamos ter contribuído activamente para a sensibilização de ambas as partes (partido no poder, FRETILIN, e oposição) para todos chegarem a um consenso", vincou.
Sobre a oportunidade da vinda de uma delegação parlamentar portuguesa a Timor-Leste, José Luís Arnaut destacou o facto de ela deputados de todos os quadrantes políticos, em que o objectivo foi reafirmar às autoridades timorenses a posição de Portugal sobre a actual situação timorense e expressar a solidariedade do povo português.
"Naturalmente, por outro lado, o objectivo foi também vir conhecer a realidade de viva voz, ver o que se passa hoje em Timor, quais os problemas em Timor e vir aqui ver a obra da cooperação portuguesa, e também manifestar a nossa solidariedade com as forças policiais (portuguesas) que aqui se encontram", salientou.
Antes de Timor-Leste, a delegação parlamentar esteve na Austrália, onde foi recebida pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Justiça e pelo presidente da Câmara de Representantes.
"Era importante também, dado o papel complementar que há entre Portugal e a Austrália, e discutir a situação de Timor e a situação geopolítica nesta região. Reafirmámos qual a nossa posição quanto à questão de Timor e nosso não interesse politico ou geopolítico nesta região", destacou.
"O nosso interesse é que temos (Portugal e Timor-Leste) algo que nos une, laços culturais fortíssimos, e estamos aqui por uma questão de afectividade, porque as autoridades timorenses nos pedem e o povo timorense nos quer", frisou.
Os deputados portugueses deixam Díli quinta-feira, completando o périplo com uma estada para contactos políticos na Indonésia, onde serão recebidos pelo Presidente Susilo Bambang Yudhoyono e pela ex- presidente Megawati Sukarnoputri.
Sobre a visita a Jacarta, José Luís Arnaut salientou o papel desempenhado na região pela Indonésia.
"É uma potência a ter em consideração. É um 'player' internacional muito importante neste contexto e queremos também, nos encontros que vamos ter ao mais alto nível, discutir a análise que têm da situação geopolítica na região, a leitura que fazem da situação em Timor e também vamos reafirmar qual é a nossa posição relativamente a Timor", salientou.
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Alegadamente o Arnaut foi para Dili dizer que “o consenso de que as actuais forças políticas timorenses podem dar exemplo é no debate em curso para a aprovação das leis eleitorais.” É a velha história do frei Tomás faz o que ele diz, não faças o que ele faz.
ResponderEliminarÉ que em Portugal havia leis eleitorais aprovadas por CONSENSO logo depois do 25 de Abril, mas o partido do Arnaut logo que se apanhou com maioria absoluta no poder não descansou enquanto não as mudou. E depois tem a lata de ir para Timor-Leste pregar o contrário do que por cá faz. Para anjinho só lhe faltam mesmo as asinhas.