Esse apontamento causou-me melancolia: a época das chuvas. Os odores desenfreados que esta época provoca na natureza e os sons quase cantados da água a corer abrutamente pelas ribeiras, goteiras e tudo que é sítio com declive. Abrigar dessa chuva para quê? Até sabe bem! Como também é muito agradavel o odor que vem da terra, de dia principalmente quando se evapora em contacto com o chão quente... Tantas e boas recordações! Ir do Sporting a Taibesse, a pé, pelo Quintal Bote, molhado que nem um pinto, mas parar e fumar um cigarro debaixo de enormes folhas de bananeira, em vez de o fazer na palapa do Tilman que era amizade abundante como a chuva que calava os tokês para lhes emprestar mais energia quando a noite caísse. Bons tempos. Tempos com alguns senãos, mas em que todos davamos as mãos.
Um tecto cor de chumbo forra o céu. À hora marcada, a chuvada cai forte, sem vento, dissolvendo o calor sufocante que abafava a atmosfera. A chuva transforma-se em fumo ao tocar o chão quente e inunda o ar de um perfume fresco a terra molhada. As goteiras pingam placidamente, molhando o jardim. As ribeiras despertam da longa hibernação, ganhando vida, primeiro com um indolente bocejo e depois correndo desenfreadamente pela encosta abaixo.
Depois pára subitamente como começara. Chega a humidade e reclama o seu território. As folhas e ramos ornamentam-se de pequenas gotas que parecem pérolas de água. As formigas, expulsas dos seus túneis, emergem enlouquecidas sem saber o que fazer.
Chegou a estação das chuvas! Até amanhã à mesma hora!
Esse apontamento causou-me melancolia: a época das chuvas.
ResponderEliminarOs odores desenfreados que esta época provoca na natureza e os sons quase cantados da água a corer abrutamente pelas ribeiras, goteiras e tudo que é sítio com declive.
Abrigar dessa chuva para quê? Até sabe bem!
Como também é muito agradavel o odor que vem da terra, de dia principalmente quando se evapora em contacto com o chão quente...
Tantas e boas recordações!
Ir do Sporting a Taibesse, a pé, pelo Quintal Bote, molhado que nem um pinto, mas parar e fumar um cigarro debaixo de enormes folhas de bananeira, em vez de o fazer na palapa do Tilman que era amizade abundante como a chuva que calava os tokês para lhes emprestar mais energia quando a noite caísse.
Bons tempos.
Tempos com alguns senãos, mas em que todos davamos as mãos.
Um tecto cor de chumbo forra o céu. À hora marcada, a chuvada cai forte, sem vento, dissolvendo o calor sufocante que abafava a atmosfera. A chuva transforma-se em fumo ao tocar o chão quente e inunda o ar de um perfume fresco a terra molhada. As goteiras pingam placidamente, molhando o jardim. As ribeiras despertam da longa hibernação, ganhando vida, primeiro com um indolente bocejo e depois correndo desenfreadamente pela encosta abaixo.
ResponderEliminarDepois pára subitamente como começara. Chega a humidade e reclama o seu território. As folhas e ramos ornamentam-se de pequenas gotas que parecem pérolas de água. As formigas, expulsas dos seus túneis, emergem enlouquecidas sem saber o que fazer.
Chegou a estação das chuvas! Até amanhã à mesma hora!