domingo, novembro 05, 2006

Prenúncio da época das chuvas

As nuvens começam a aparecer timidamente a meio da tarde.

Fica então um céu violeta e nostálgico a fechar a época seca. As noites estão mais quentes.

.

2 comentários:

  1. Esse apontamento causou-me melancolia: a época das chuvas.
    Os odores desenfreados que esta época provoca na natureza e os sons quase cantados da água a corer abrutamente pelas ribeiras, goteiras e tudo que é sítio com declive.
    Abrigar dessa chuva para quê? Até sabe bem!
    Como também é muito agradavel o odor que vem da terra, de dia principalmente quando se evapora em contacto com o chão quente...
    Tantas e boas recordações!
    Ir do Sporting a Taibesse, a pé, pelo Quintal Bote, molhado que nem um pinto, mas parar e fumar um cigarro debaixo de enormes folhas de bananeira, em vez de o fazer na palapa do Tilman que era amizade abundante como a chuva que calava os tokês para lhes emprestar mais energia quando a noite caísse.
    Bons tempos.
    Tempos com alguns senãos, mas em que todos davamos as mãos.

    ResponderEliminar
  2. Um tecto cor de chumbo forra o céu. À hora marcada, a chuvada cai forte, sem vento, dissolvendo o calor sufocante que abafava a atmosfera. A chuva transforma-se em fumo ao tocar o chão quente e inunda o ar de um perfume fresco a terra molhada. As goteiras pingam placidamente, molhando o jardim. As ribeiras despertam da longa hibernação, ganhando vida, primeiro com um indolente bocejo e depois correndo desenfreadamente pela encosta abaixo.

    Depois pára subitamente como começara. Chega a humidade e reclama o seu território. As folhas e ramos ornamentam-se de pequenas gotas que parecem pérolas de água. As formigas, expulsas dos seus túneis, emergem enlouquecidas sem saber o que fazer.

    Chegou a estação das chuvas! Até amanhã à mesma hora!

    ResponderEliminar