sexta-feira, outubro 13, 2006

Austrália vai ter comando próprio em Timor-Leste

Público - Sexta, 13 de Outubro de 2006


Adelino Gomes

Timor-Leste desistiu de defender a integração dos militares australianos na próxima missão da ONU no país. Num encontro com o seu homólogo John Howard, em Camberra, o primeiro-ministro José Ramos-Horta declarou-se convencido de que, dada a escassez de recursos, é preferível combinar forças de manutenção da paz, fornecidas por esta organização mundial, com actores regionais.

A oposição do Brasil, Malásia, Nova Zelândia e Portugal deverá assim ser insuficiente para evitar que a Austrália - como desde o início exigiu, apoiada pelos EUA, Grã-Bretanha e Japão - assuma uma posição de supremacia militar em Timor-Leste, subalternizando o papel das outras componentes da missão, cuja composição definitiva será aprovada no próximo dia 25, em Nova Iorque.

Horta anunciou, na mesma ocasião, que o Parlamento nacional ratificará, em Novembro, o tratado de exploração conjunta de petróleo e gás natural no mar de Timor. E revelou que o relatório da ONU sobre a violência de há meio ano, aguardado com grande expectativa e receio de novos confrontos, deverá ser tornado público na próxima segunda-feira.

O primeiro-ministro timorense manifesta-se favorável à emergência, já nas próximas eleições legislativas e presidenciais, de líderes da nova geração. Admite, contudo, que se assim não acontecer, pode ele próprio candidatar-se a qualquer dos dois lugares.

Um recente relatório do International Crisis Group (ICG) sugeriu que Xanana Gusmão e o ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri, desistam de qualquer papel nas eleições de 2007 "para que novos líderes possam emergir".

O ICG é presidido pelo chefe da diplomacia australiana Gareth Evans e co-dirigido pelo ex-comissário europeu Chris Patten e pelo antigo embaixador dos EUA na ONU Thomas Pickering.

Evans protagonizou com Ali Alatas, seu homólogo indonésio, a assinatura de um tratado de partilha dos recursos petrolíferos do mar de Timor, em 1989. "Um momento nauseabundo da tragédia de Timor", segundo o cineasta John Pilger, que no seu filme Death of a Nation (1994) incluiu imagens dos dois ministros a festejarem a assinatura com champanhe, a bordo de um avião militar australiano que sobrevoava Timor.

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5 comentários:

  1. Jose Horta, o tambem cidadao australiano vendeu-nos a sua patria adoptiva. Terminou o nosso sonho? Parece-me bem que sim. Mas enquanto ha vida ha esperanca e por isso vamos a luta.

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  2. Vamos ver se a comissão de inquérito patrocinada pela ONU vai ter a coragem e ser isenta em relação a todos os intervenientes responsáveis… Não deixa de ser curioso o PR já andar a fazer comentários sobre os eventuais responsáveis...Questão muito importante: Porque é que ele e os seus amigos australianos já têm conhecimento do que está no relatório? (querem saber o dia e quem deu conhecimento?). Por exemplo: no incidentes do dia 25MAI06 há um internacional (querem que diga o nome?) que afirma ter sido as F-FDTL a abrir fogo sobre a PNTL (devem estar a brincar e pensam que são todos parvos). Mas o grande problema são as provas - Filmes dos incidentes, dos encontros e gravações das conversas de alguns conspiradores com o PR e o actual PM, assim como outros testemunhos, que já foram entregues directamente ao Secretário-Geral das NU, porque parece que a comissão não esteve muito interessada (será que foi manipulada pelos jogos de bastidores do PR e do seu chefe de gabinete!?). Não se esqueçam "A VERDADE É COMO O AZEITE, VEM SEMPRE AO DE CIMA". É tudo uma farsa, tendo em vista a impunidade de alguns dos principais responsáveis, que a ONU (manipulada pelos homens das terras dos “cangurus”) não pode patrocinar e lá vai continuar a instabilidade e a desgraça dos timorenses!
    O GRANDE OBJECTIVO DAS "BESTAS" DOS AUSTRALIANOS E SEUS LACAIOS É PROVOCAR INCIDENTES E INSTABILIDADE PARA QUE NÃO POSSA HAVER ELEIÇÕES OU ESTAS SEJAM IMPUGNADAS". QUE PENA OS TIMORENSES NÃO ABRIREM DEFINITIVAMENTE OS OLHOS E SE UNIREM PARA CORREREM COM ESSA GENTE PARA FORA DO PAÍS…ANALISEM COM ATENÇÃO E CHEGARÃO À CONCLUSÃO QUE O PR ESTÁ “NUM BECO SEM SAÍDA”. De facto é pena! Sempre disse, que as missões das NU, principalmente a UNOTIL, têm sido responsáveis directa ou indirectamente por quase tudo o que tem acontecido (quer por omissão ou falta de acção). A comissão vai apontar alguns dos responsáveis (arraia miúda) mas os principais, VÃO FICAR IMPUNES!!!!! Como é que já sei? Descansem que não sou bruxo. Para o PR e seus amigos (ou inimigos?) o grande tribunal será a sua própria consciência e o povo timorense. Quem fez acordos com os indonésios na cadeia é capaz de tudo.…Será que já vendeu a soberania dos timorenses? Quais as contrapartidas dos intermediários ou mediadores? Até breve. Continuarão a ter notícias minhas. Primo do RAMELAU

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  3. Portugal está a gastar demasiado tempo e dinheiro com governantes de um Timor Leste ingrato.
    Será melhor deixar que os outros comam o país todo e preocuparmo-nos em arrumar a nossa casa e a europa.
    Será lamentavel para o povo de Timor, mas a paciência do povo português tem limites.
    Não temos de andar a apertar o cinto para andar a mimar governantes timorenses crápulas!
    Basta de andarmos a gastar recursos que nos fazem falta!
    A Austrália que fique com Timor como colonia!
    Estamos a ficar fartos de dar e só receber coiçes desses golpistas!

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  4. A medida apelidada no relatório do ICG "para que novos líderes possam emergir" afigura-se como uma escada extendida na escalada do poder político e económico em Timor-Leste.

    É curioso o facto do relatório do ICG surgir quase ao mesmo tempo em que a Comissão Independente de Investigação ter concluído o trabalho de investigação sobre a crise leste-timorense nos últimos meses.

    Já antecipando as conclusões do relatório que se tornará público na próxima semana, conforme previsto, o relatório do ICG afigura-se como uma carta de renúncia a serviços de certos políticos que prestaram serviços consideráveis na entrega do seu país a uma grande potência regional, devido ao seu envolvimento de irrefutável suspeitabilidade na crise e preparando a entrada na cena de novos actores e novas cenografias.

    Os olhos de grande público devem com particular atenção fixar-se naqueles actores políticos cuja exposição pública tem permanecido durante todo o tempo de crise muito discreta e escondendo os seus propósitos por detrás da reputação de certas figuras de estado.

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  5. Talvez fosse melhor escrever:
    A AUSTRÁLIA VAI TER O COMANDO DE TIMOR-LESTE!

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