terça-feira, agosto 08, 2006

Dos leitores

Do João Porventura:

Absolutamente reprovável os comentários relativos ao JPE.

Este texto, este relato de um homem emocionado, de entrega total a um país, aprendendo e estudando a sua língua, comungando das suas tradições e cultura, apaixonado por uma mulher nascida e criada em Timor-Leste, merece de todos nós carinho, respeito e admiração.

Só quem nunca viveu o amor por algo e por alguém poderá criticar com a violência dos anónimos acima.

1999, a morte, a tristeza, a violência física e psicológica, os cheiros a carne queimada e a corpos em decomposição... corpos mutilados, amontoados uns nos outros. Velhos e crianças, mulheres e homens. Lembro os mortos que não queria ver e aos quais me habituei, não esqueço a desgraça, a desumanidade e jamais, jamais em tempo algum esquecerei o cheiro a morte. Mas também não esqueço as coisas boas das gentes de Timor-Leste, as minhas gentes, abraçadas à luta, à causa, à verdade - apesar do preço elevado a pagar.

João Paulo Esperança, agradeço-te esse texto de coragem, de paixão e de carinho pela mulher que amas. Só nós sabemos o que vivemos e não esquecemos.... e que hoje, anos passados, de novo nos atormentam na noite dos toques de aviso nos ferros, nos gritos de aflição de raiva e de revolta dos sedentos de paz perturbados e violados pelos que nunca a pretenderam.

A cada toque, a cada grito é mais um regresso ao passado do medo, da tristeza e da frustração.

Hoje são os GNR que estão em Díli, antes... em 1999, eram eles, eles os vadios do Eurico Guterres - alguns deles, mesmo muitos deles - que matavam e destruiam. Hoje são eles na mesma que andam pelas ruas, nunca souberam fazer outra coisa se não promover a violência, o vandalismo. São os mesmos com motivações idênticas. A frustração da derrota de 30 de Agosto de 1999 não terminou, estava adormecida, escondida, aguardando por dias a favor. E eles aí estão.

Não esquecerei nunca que a entrada da INTERFET em 20 de Setembro de 1999 foi repetida este ano. Os actores são os mesmos, as tropas australianas... e eles, os mesmos que roubaram, deportaram e violaram as vidas dos seus irmãos. E as tropas, de óculos escuros, equipamento topo de gama, eram as mesmas: ineficazes por estratégia, colaborantes com os militares e milícias por compromisso.

João, parabéns pelo teu casamento, que escrevas mais sobre o que sentes, pois sentes como ninguém Timor!

Ainda bem que a GNR está na cidade, pois com ela a mentira nunca será verdade.


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3 comentários:

  1. O sr. João "porventura" recebeu o barlak??

    Ou partilha dos 2000 dolares por mes que o governo portugues paga a esse senhor?

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  2. 1200, apenas!! (dez meses por ano, sem subsidio de ferias nem decimo terceiro mes). Dos quais 350/mes sao para pagar o aluguer da casa...
    Nao me estou a queixar, estou so a repor a verdade. Ganharia mais arranjando um emprego em Portugal, mas e aqui que eu quero estar. Olhe que eu nao pertenco ao tipo de professor que acha que o Estado tem dever de me arranjar emprego, e sei fazer outras coisas na vida alem de dar aulas...
    Por isso nao venha com bocas foleiras.
    Paz na terra aos homens (e mulheres) de boa vontade! :-)

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  3. ja agora responder ao de cima pois o joao porventura escreve nos jornais de timor e ha quem diga que ele e pseudonimo de xanana gusmao.

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