Díli, 09 Jul (Lusa) - As Nações Unidas consideram não haver condições para antecipar a realização de eleições legislativas em Timor-Leste, previstas para Abril ou Maio de 2007, disse hoje em Díli o enviado especial do secretário-geral da organização.
Ian Martin, que falava à imprensa no final de uma missão de duas semanas no país, para avaliação das necessidades relativamente ao envio dentro de meses de uma nova missão da ONU, acrescentou que a consulta ao eleitorado se deverá realizar dentro dos prazos constitucionalmente previstos.
"Certamente que seria muito difícil realizar eleições antes da época das chuvas (que se inicia em Novembro e decorre até Abril). Há muitos passos que têm de ser dados, como a aprovação de uma lei eleitoral, e consultas com os partidos políticos e a sociedade civil", afirmou.
"Acreditamos que as eleições se possam realizar no prazo constitucional", adiantou.
Ian Martin referiu que vai elaborar um relatório sobre as consultas que manteve em Timor-Leste nestas últimas duas semanas, e que incluíram contactos e reuniões de trabalho com as autoridades, sociedade civil e Igreja Católica, defendeu que as suas recomendações vão no sentido da assistência da ONU e da comunidade internacional a Timor-Leste "não ser apenas durante um ano ou dois, mas muitos mais".
"A assistência da ONU e da comunidade internacional deverá continuar por muitos mais anos, mas isso não quer dizer que os 'capacetes azuis' fiquem esse tempo todo. As responsabilidades serão progressivamente transferidas para o Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e outras agências", frisou.
Quanto ao formato e áreas de intervenção da futura missão da ONU, Ian Martin manifestou-se favorável ao reforço da componente policial, incluindo a formação da Polícia Nacional de Timor-Leste, bem como no apoio à organização das eleições a realizar em 2007, "de molde a garantir um escrutínio justo, credível e aceite por todos".
"Apresentámos várias opções aos timorenses, e certamente que todos esperam que as Nações Unidas colaborem no que for necessário para garantir a imparcialidade e credibilidade das eleições", acrescentou.
Ian Martin sustentou ainda que a futura missão deverá prestar também assistência a Timor-Leste no sector da Justiça, sobretudo tendo em conta a presente crise.
"As Nações Unidas estão prontas a colaborar no reforço das instituições democráticas e a participar no processo de reconciliação", disse.
"Sei pela minha experiência de 1999 quão corajoso é o povo de Timor-Leste e esta crise colocou mais uma vez à prova a resiliência dos timorenses", vincou.
Ian Martin chefiou a missão da ONU responsável pelo referendo em que os timorenses escolheram a independência, em Agosto de 1999.
Antes do período de perguntas e respostas, numa breve declaração, Ian Martin saudou a formação do próximo governo timorense, que terá como primeiro-ministro José Ramos Horta, a quem prometeu o apoio da comunidade internacional.
O novo governo vai ser empossado segunda-feira de manhã (hora local) pelo Presidente Xanana Gusmão, e na cerimónia será dada posse ao primeiro-ministro, que é independente, e aos dois vice-primeiro- ministro, Estanislau da Silva, do Comité Central da FRETILIN, e Rui Araújo, também independente.
EL.
Algo parecido com Australopiteccus??!!
ResponderEliminarPerigo à vista!
Eleicoes anticipadas para a ONU e mesmo uma impossibilidade. Resta saber se sao ate mesmo capazes de "ajudar" como deve ser em 2007 porque se ha uma coisa pela qual a ONU nao e conhecida e a eficiencia e celeridade.
ResponderEliminarCurioso que aquando do referendo de 1999, não era isso que se dizia da ONU nem do Ian Martin...
ResponderEliminarEnfim, mudam-se os tempos....
Revisionismos da História....
Não creio que o que se vier a passar relativamente ao apoio da ONU às eleições do próximo ano, tenha algo a ver com Ian Martin. A não ser que ele venha a ser o próximo RESG, após a saída de Hasegawa (quando é que parte? Já devia ter saído por incompe`^encia total).
ResponderEliminarA sua tarefa era a de avaliar a situação e preparar os contronos da nova missão. Até à data, não vejo razões para que se desconfie dele.
Estou em crer quem, se for ele o próximo RESG, NÃO permitirá - como não permitiu em 1999 - que a ONU faça pesar a sua máquina burocrática. Ele sabe rodear-se de gente competente ... talvez por isso, não consegue subir como tantos outros dentro da organização!