segunda-feira, julho 10, 2006

Novo PM, José Ramos Horta, foi a voz da resistência no exterior

Díli, 09 Jul (Lusa) - Voz da resistência timorense no exterior ao longo dos 24 anos de ocupação indonésia, José Ramos Horta toma posse na segunda-feira como primeiro-ministro, após três meses de crise político-militar que ditou a demissão de Mari Alkatiri.

A posse como primeiro-ministro do II Governo Constitucional constitui mais um desafio na carreira de Ramos Horta, iniciada ainda antes do 25 de Abril, quando o regime colonial o deportou por um ano (1970/71) para Moçambique, devido às suas actividades políticas pró- independência.

Com a autoproclamação da independência de Timor-Leste, a 28 de Novembro de 1975, Ramos Horta fica com as Relações Exteriores e, com a ocupação indonésia, enceta um longo período de denúncia das atrocidades no então território ocupado, tornando-se ainda no porta- voz de Xanana Gusmão, o comandante da guerrilha que no mato mantinha a luta de armas na mão pela independência.

Com o reconhecimento da independência pela comunidade internacional a 20 de Maio de 2002, fica com a pasta dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e torna-se na segunda figura do governo liderado por Mari Alkatiri.

José Manuel Ramos-Horta nasceu em Díli a 26 de Dezembro de 1949, filho de mãe timorense e pai português, e foi educado na missão católica de Soibada.

Para trás ficou, em Dezembro de 1996, a partilha do Prémio Nobel da Paz com o então bispo de Díli, Carlos Ximenes Belo, um gesto que o Comité Nobel justificou pelo esforço continuado na luta contra a opressão vigente em Timor-Leste.

José Ramos Horta estudou Direito Internacional na Academia de Direito Internacional de Haia (1983) e na Universidade de Antioch, Estados Unidos, onde completou um mestrado em Estudos da Paz (1984), bem como uma série de outros cursos de pós-graduação sobre a temática do Direito Internacional e da Paz.

Apontado ao longo dos últimos meses como um dos candidatos à sucessão de Kofi Annan no cargo de secretário-geral das Nações Unidas, Ramos Horta nunca confirmou de forma clara o seu interesse no posto, mas também não excluiu a hipótese.

Contudo, a crise político-militar em Timor-Leste veio irremediavelmente condicionar essa possibilidade.

A sua nomeação para o cargo de primeiro-ministro foi feita sábado pelo Presidente Xanana Gusmão, a figura mais popular em Timor- Leste pelo papel que desempenhou na luta de libertação.

Xanana Gusmão disse esperar que o novo chefe de governo possa ajudar o país a "curar as feridas e trazer a paz e a estabilidade para o povo de Timor-Leste".

...

EL.

1 comentário: