CM
2006-07-26 - 00:00:00
Reinado escondia armas
Manuel de Almeida
Major Reinado manteve encontros com Xanana
Militares da GNR descobriram ontem uma quantidade apreciável de armas e munições em casa do major Alfredo Reinado, o antigo major das Forças Armadas timorenses que no início de Maio despoletou a crise político-militar ao desrespeitar a cadeia de comando. O prazo para a entrega voluntária das armas tinha expirado na segunda-feira à tarde, e o governo assegurara que todos aqueles que fossem apanhados com armamento proibido seriam detidos. A situação é extremamente delicada e colocou em alvoroço o governo e a Justiça timorenses.
A GNR deslocou-se ontem de manhã a uma residência no centro de Díli, junto ao quartel-general dos militares australianos, na sequência de uma queixa de um cidadão português, actualmente em Lisboa, que afirmou que a sua residência teria sido ocupada por estranhos. Ao chegar ao local, a patrulha da GNR constatou que a casa estava efectivamente ocupada pelo major Reinado e por alguns dos seus homens. No interior, os militares lusos depararam-se com várias armas e munições. “Ao entrarmos na casa, com autorização de quem lá vive, deparámos com o grupo do major Alfredo Reinado, que estava no interior, e onde à primeira vista havia algumas munições e material militar”, afirmou o comandante operacional da GNR, capitão Gonçalo Carvalho.
Face à descoberta, a GNR pediu à Procuradoria-Geral timorense a emissão de mandados de busca a mais duas casas contíguas, igualmente ocupadas pelos homens do major Reinado, iniciando-se então uma longa série de consultas que se prolongou por mais de sete horas e envolveu vários responsáveis políticos e judiciais timorenses, incluindo o procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, o vice-ministro do Interior, José Agostinho Sequeira, e o segundo comandante da Polícia Nacional, Ismael Babo, não estando descartada a possibilidade de uma intervenção directa do presidente Xanana Gusmão, até porque, segundo Reinado, foi o próprio Xanana quem lhe deu autorização para ocupar a casa em questão.
O prazo dado pelas autoridades timorenses para a entrega de armas nas mãos de civis expirou segunda-feira à tarde, e as forças multinacionais têm ordens para prender quem for encontrado com armas ou munições ilegais.
Segundo a agência Lusa, o major Reinado acabou por entregar voluntariamente à GNR nove pistolas de 9 milímetros, mais de 50 carregadores de pistolas e espingardas automáticas, granadas defensivas, granadas de fumo e diverso equipamento militar, incluindo fardas. O major Reinado e os seus homens estavam ontem à noite confinados à sua residência, sob guarda dos militares australianos, e só hoje a situação deverá ficar clarificada, nomeadamente, quanto à possibilidade de o major vir a ser – ou não – detido.
Recorde-se que o major Reinado foi o primeiro militar revoltoso a entregar as armas, no mês passado, no âmbito do processo de desarmamento das forças envolvidas na crise político-militar, desconhecendo-se por que razão decidiu manter o armamento apreendido ontem. Questionado na altura sobre a sua segurança, Reinado manifestou a sua confiança nas garantias de protecção oferecidas pelo presidente Xanana Gusmão. “O meu presidente é a minha protecção”, afirmou.
PERFIL
Alfredo Reinado, antigo comandante da componente naval das F-FDTL (Falintil-Forças Defesa de Timor-Leste) – onde detinha o posto de capitão-tenente – recebeu formação de militares portugueses e australianos, tendo recebido treino na Austrália. Posteriormente foi nomeado comandante da Polícia Militar timorense, com o posto de major, tendo abandonado a cadeia de comando a 3 de Maio deste ano, viajando para Aileu onde coordenou as acções de um grupo de militares, polícias e civis que exigiram a demissão do primeiro-ministro Mari Alkatiri.
O major Reinado exibe no pescoço, abaixo da nuca, uma tatuagem com o título do filme ‘Triple X’, onde um desportista radical amante de adrenalina luta contra terroristas que querem destruir o mundo com uma arma química. A mulher, Maria – que está grávida – e os três filhos estão em casa de familiares que residem em Perth, na Austrália, desde a década de 70, quando fugiram de Timor-Leste perante a ocupação indonésia.
HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS MORTAIS
Uma missa na Catedral de Díli e o lançamento de flores no mar, marcaram ontem a homenagem aos mortos da recente crise político-militar em Timor-Leste, uma iniciativa a que se associou o presidente Xanana Gusmão.
Xanana reconheceu que apesar da situação estar progressivamente a melhorar no país, por aqueles que morreram “a única coisa que podemos fazer é honrar os mortos”. A homenagem começou com uma missa na Catedral da capital do país, celebrada pelo bispo de Díli, D. Alberto Ricardo da Silva, auxiliado pelos vigários das dioceses de Díli e Baucau e por mais 10 padres.
ADVOGADOS DE LOBATO DÃO O DITO PELO NÃO DITO
Rogério Lobato, antigo ministro do Interior de Timor-Leste, admitiu em Tribunal, por duas vezes, ter armado civis timorenses para poder assassinar inimigos do partido no poder, a Fretilin. Foi durante as audiências judiciais realizadas à porta fechada nos passados dias 22 de Junho e 1 do corrente que Lobato admitira a sua “culpa” quando confrontado com essa alegação, de acordo com o Programa de Supervisão do Sistema Judicial, um organismo não-governamental que tinha representantes no Tribunal.
No entanto, soube-se agora que cinco dias depois da segunda audiência, os advogados de Lobato terão preparado documentos a desmentir as alegações, alegando que o ex-ministro do Interior fora coagido por soldados australianos a prestar falsas declarações em Tribunal. Recorde-se que Vicente da Conceição (‘Railós’) declarou que Lobato lhe deu armas e lhe ordenou que assassinasse adversários da Fretilin.
Ricardo Ramos com Lusa / P.M.
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Como este ainda está vazio, fica aqui também, com as devidas desculpas ao autor/a, pelo sonegar do firts parágrafo:
ResponderEliminar"...Quanto ao PR "proteger" quem quer que seja, o problema e que o Reinado e os outros nao foram nem os unicos, nem os maiores, nem sequer os primeiros a matar!! Nao podemos esquecer que dos estimados 30 mortos, 20 deles morreram nas maos das F-FDTL. (10 policias desarmados, 5? civis em Tacitolo, um militar do grupo do Alfredo, 4 do grupo de Rai Los). Estas mortes foram causadas directamente pelas F-FDTL atraves de uma intervencao ilegal feita por ordem igualmente ilegal do governo. Dos restantes 10 e tirando os familiares de Rogerio que morreram carbonizados em sua casa, quantas mortes foram causadas DIRECTAMENTE pelos rebeldes em combate? Faca la as contas!! Esta a ver como o problema dos "assassinos" nao e assim tao simples como voces querem fazer acreditar. O PR sabe muito bem disso e se Alfredo nao for protegido, de uma maneira ou de outra, vao manda-lo juntar-se aos 30 e a sangue frio. Pois porque ainda nao esquecemos o que as F-FDTL fizeram aos 10 policias. Massacraram os homens e mulheres a sangue frio e a queima-roupa. Um AUTENTICO massacre para o qual jamais podera haver defesa possivel! Quando comecamos a fazer as contas e que as coisas comecam a clarear. Nao e? E por ultimo nao se preocupe que Timor vai ultrapassar isto tudo. Timor ja ultrapassou episodios muito mais negros na sua recente historia e soube mais uma vez encontrar a paz. Nao tenho alguma duvida que o vai fazer outra vez de forma cada vez mais certa. Quarta-feira, Julho 26, 2006 10:22:56 AM Anonymous said... E depois admiram-se que Alfredo tinha pistolas e municoes em sua posse. Depois daquele barbaro massacre de policias desarmados e na presenca dos oficiais de seguranca da ONU que tinham negociado a sua rendicao, compreendo perfeitamente a reluctancia de Alfredo em desarmar-se por completo ate que a situacao fique resolvida de uma vez por todas.
Quarta-feira, Julho 26, 2006 11:10:41 AM""
Não é assim? Então expliquem melhor se faz favor que eu sou ceguinho.
Não percebi umas coisas:
ResponderEliminar1. Como é que o JSMP estava no tribunal a ouvir as declarações do ex-M.Int. se as mesmas eram feitas à porta fechada!?!?!?!
2. Quem autorizou o JSMP a assistir a declarações feitas no âmbito do inquérito?
3. A que título se considerava o JSMP autorizado a ouvir as declarações feitas no âmbito do inquérito?
4. Conhecem a lei processual penal em vigor em TL?
5. Onde encontram fundamento para isto?????
6. NB: não sou contra nem a favor do ex-M.Int., mas a lei processual penal tem um propósito e um fundamento que são obviamente postos em causa pela sua violação. Aliás, o presente caso é a mais cabal demonstração disso. Talvez não seja má ideia dar a ler aos juristas (???) do JSMP as declarações de Direitos Humanos e outros instrumentos internacionais, para além da lei timorense, claro está. Pede-se aos senhores do JSMP que, pelo menos, leiam, estudem.
P.S. Caro Malai Azul, pedia-lhe destaque para estas palavras, uma vez que também se vê por esta via o mal que fazem algumas ONG's a Timor-Leste.
Não percebi umas coisas:
ResponderEliminar1. Como é que o JSMP estava no tribunal a ouvir as declarações do ex-M.Int. se as mesmas eram feitas à porta fechada!?!?!?!
2. Quem autorizou o JSMP a assistir a declarações feitas no âmbito do inquérito?
3. A que título se considerava o JSMP autorizado a ouvir as declarações feitas no âmbito do inquérito?
4. Conhecem a lei processual penal em vigor em TL?
5. Onde encontram fundamento para isto?????
6. NB: não sou contra nem a favor do ex-M.Int., mas a lei processual penal tem um propósito e um fundamento que são obviamente postos em causa pela sua violação. Aliás, o presente caso é a mais cabal demonstração disso. Talvez não seja má ideia dar a ler aos juristas (???) do JSMP as declarações de Direitos Humanos e outros instrumentos internacionais, para além da lei timorense, claro está. Pede-se aos senhores do JSMP que, pelo menos, leiam, estudem.
P.S. Caro Malai Azul, pedia-lhe destaque para estas palavras, uma vez que também se vê por esta via o mal que fazem algumas ONG's a Timor-Leste.