Brasília, 24 Jun (Lusa) - O governo brasileiro defende uma presença significativa das Nações Unidas no actual processo de estabilização política e social em Timor-Leste, disse hoje à Agência Lusa o subsecretário geral para a África, Ásia, Oceania e Médio Oriente do Itamaraty.
O embaixador Pedro Motta, que vai liderar uma missão do governo brasileiro a Díli, a nível bilateral, de 30 de Junho a 04 de Julho, disse que "é fundamental a presença militar da ONU no país, com forte componente de natureza policial".
"Estamos muito preocupados. É urgente que a ONU assuma o seu papel de manutenção da paz e da estabilidade política e social de Timor-Leste", assinalou o diplomata brasileiro.
Para além de dialogar com as autoridades timorenses, a missão brasileira deverá trocar impressões com os representantes das Nações Unidas que estão no país, nomeadamente com Ian Martin, enviado do secretário-geral da ONU devido aos confrontos ocorridos em Díli.
"Reconhecemos o valor da presença das forças estrangeiras em carácter de emergência, mas é importante que o processo de manutenção da paz seja conduzido sob a égide da ONU", reiterou o embaixador.
Pedro Motta explicou à Agência Lusa que a missão brasileira, constituída a pedido do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, é totalmente desvinculada da missão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Timor-Leste, na qual o Brasil também estará integrado.
Na missão da CPLP, o Brasil estará representado pelo embaixador Luiz Henrique Pereira da Fonseca, que será o novo director da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Itamaraty.
A decisão brasileira de enviar a Timor-Leste uma missão diplomática foi tomada antes da reunião do Conselho de Ministros da CPLP, em Lisboa, onde foi acertado o envio de uma missão técnico- política a Díli entre 03 e 06 de Julho.
Pedro Motta destacou que a missão brasileira quer compreender as razões subjacentes à actual crise e pretende trabalhar com as autoridades timorenses para a estabilidade política e retomada do crescimento do país, defendendo a solução de controvérsias por meio pacífico.
A delegação brasileira, que também tem o objectivo de reforçar a cooperação com o governo timorense, deverá ser integrada por diplomatas e representantes das áreas da educação, justiça e defesa.
"Queremos manter a cooperação com Timor-Leste e, eventualmente, ajustá-la às circunstâncias actuais, como na área eleitoral, por exemplo, com a proximidade das eleições, marcadas para Abril de 2007", referiu o subsecretário geral para a África, Ásia, Oceania e Médio Oriente do Itamaraty.
Segundo o embaixador brasileiro, o Brasil quer estar mais presente em Timor-Leste e acompanhar de uma forma mais directa a situação actual do país.
A actual crise em Timor-Leste começou com o despedimento de cerca de 600 militares que garantem ter sido alvo de discriminação ética por parte da hierarquia das forças armadas.
O protesto, em finais de Abril, terminou com uma intervenção do exército e houve mortes.
O governo diz que cinco timorenses foram mortos nos confrontos, mas os ex-militares afirmam que o número de mortos chegou a 60.
Os problemas de segurança amenizaram-se com a chegada de forças estrangeiras em Timor-Leste, nomeadamente de Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia, mas a crise política continua aguda.
O presidente Xanana Gusmão ameaçou demitir-se na sexta-feira, caso o primeiro-ministro Mari Alkatiri não deixe o cargo.
CMC.
Acordaram!!
ResponderEliminarAntes tarde do que nunca.
Alfredo
Brasil
Vejam também a notícia da ABC que tomei a iniciativa de traduzir, mas podem ler o original. (link abaixo).
ResponderEliminarNao se preocupe margarida não quero a sua posição de tradutora oficial do timor-online. Estou somente a dar-lhe uma pequena ajuda.
Tradução:
Lobato implica Alkatiri nas alegações do “esquadrão da morte”
By Anne Barker in Dili and Reuters
O antigo ministro do interior de Timor-Leste, Rogerio Lobato, implicou diretamente o Primeiro Ministro Mari Alkatiri nas alegações de que eles tinha recrutado um grupo de milicias civis.
Lobato encara quatro acusações sobre alegações de ter fornecido armas à um esquadrão de morte civil para eliminar os oponentes do Dr Alkatiri.
O líder do grupo, Coronel Railos, alegou que Lobato estivera a agir sob ordens do Primeiro Ministro e que ele e o seus homens tinham-se encontrado com o Dr. Alkatiri a 7 de Maio, altura em que foi discutido essa questão.
A ABC confirmou já que o testemunho de Lobato em tribunal confirma a história de Coronel Railos.
Ele disse aos investigadores que o Dr Alkatiri tinha total conhecimento do plano, algo que o Primeiro Ministro tem consistentemente vindo a negar.
Esta noite, o Dr Alkatiri resiste a pedidos de sua resignação apesar de uma ameaça do Presidente Xanana Gusmão de que iria demitir-se caso o Primeiro Ministro se recuse a o fazer.
O Ministro de Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, disse não ser claro o alcance dos poderes políticos do Presidente Gusmão na constituição de Timor-Leste.
"Nesta Constituição, nenhum tem o poder especial ou esmagador," retorquiu.
"Portanto é uma Constituição de Balanço do Poder, o que faz com que uma situação destas, toda a questão, seja difícil de resolver legal e constitucionalmente."
Ele diz que a Australia não tem algum controle sobre a possibilidade de o Dr Alkatiri se resignar ou não durante as investigações sobre as alegações contra a sua pessoa.
"Quais ligações existem entre o que ele alegadamente fez e o Primeiro Ministro e quão verdadeiras são algumas dessas alegações feitas contra o Primeiro Ministro, são questões que os Timorenses irão ter que investigar,” disse.
http://www.abc.net.au/news/newsitems/200606/s1670626.htm