domingo, junho 25, 2006

Ex-Presidente indonésio Habibie espera solução democrática da crise

Lisboa, 25 Jun (Lusa) - O ex-Presidente indonésio Bacharuddin Jusuf Habibie disse hoje esperar que a crise em Timor-Leste se resolva "democraticamente" e de acordo com a Constituição, salientando que existem maneiras de tornar a Lei Fundamental "mais perfeita".

"Desejo que não se matem, não façam uma guerra. Têm de se sentar, conversar, fazer uma negociação com base na Constituição. Se entenderem que esta não é perfeita, existem formas de a alterar", afirmou o ex-presidente da Indonésia, antes de um almoço com o chefe de Estado português, Aníbal Cavaco Silva.

Habibie, que aceitou a realização do referendo que conduziu à independência de Timor-Leste, em 2002, lembrou que os timorenses "tomaram as suas decisões e escolheram ser independentes com base nos valores da democracia".

"Temos de honrar essa escolha e tenho a certeza que vão resolver os problemas democraticamente", sublinhou.

O ex-presidente da Indonésia, que está em Lisboa no âmbito de uma visita privada por vários países europeus, garantiu ainda que o seu país será sempre "um bom vizinho" de Timor-Leste, reiterando o desejo que os timorenses "resolvam os seus problemas constitucionalmente".

"Se acham que a Constituição não é perfeita, façam-na mais perfeita. Na própria Constituição há maneiras de a tornar mais perfeita", salientou, lembrando que "existem pessoas a sofrer" devido à grave crise política que Timor-Leste atravessa.

Para o almoço no Palácio de Belém foram convidadas várias personalidades, incluindo os embaixadores da Indonésia e de Timor- Leste em Lisboa, Francisco Lopes da Cruz e Pascoela Barreto, respectivamente, o ex-embaixador de Portugal em Jacarta António Pinto da França, actual presidente da Associação Luso-indonésia de Amizade e Cooperação, e o actual embaixador em Portugal em Jacarta, José Santos Braga.

A actual crise em Timor-Leste começou com o despedimento de cerca de 600 militares que se queixaram de alegada discriminação étnica por parte da hierarquia das forças armadas e cujo protesto, em finais de Abril, em Díli, terminou com uma intervenção do exército.

Na repressão da manifestação foram mortas cinco pessoas, segundo o governo, mas os ex-militares e outros elementos das forças armadas que entretanto abandonaram a instituição afirmam que morreram cerca de 60 timorenses.

Desde então, mais de duas dezenas de pessoas foram mortas em confrontos entre grupos rivais, incluindo 10 polícias timorenses abatidos por soldados, a 25 de Maio, durante um ataque ao seu quartel, em Díli.

Para restabelecer a segurança no país, as autoridades timorenses pediram a intervenção de uma força militar e policial a Portugal (que enviou 120 efectivos da GNR), Austrália, Nova Zelândia e Malásia.

Na quinta-feira, a crise em Timor-Leste intensificou-se com a ameaça do Presidente, Xanana Gusmão, de se demitir, caso o primeiro- ministro, Mari Alkatiri, não o faça.

Hoje, após uma reunião do comité central da FRETILN, foram anunciadas as demissões dos ministros José Ramos Horta (Negócios Estrangeiros e Cooperação e da Defesa) e Ovídeo Amaral (Transportes e das Comunicações).

No final dessa reunião, o partido no poder em Timor-Leste apelou ao Presidente da República e ao primeiro-ministro para não se demitirem, considerando que uma solução duradoura para a crise em Timor-Leste passa pelo "envolvimento de instituições e mediadores internacionais credíveis".

VAM.

2 comentários:

  1. Malai Azul, Margarida e camaradas:

    Ja ouviram aquela do cara que caiu do topo de um arranha-ceus e que em queda livre e dois andares antes da calcada pensou e disse para si mesmo: so far so good (Traducao: ate agora tudo bem)

    PS: senao por acaso nao compreenderam e um exemplo sobre a inevitabilidade das coisas e o facto de as pessoas sempre negarem ate a ultima o seu fim....splashsss!

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  2. Qual é o interesse de agora desatar a "postar" o mesmo comentário repetidas vezes?
    Acaso se acha muito engraçado ou será apenas e só estúpido???

    Tenha vergonha!
    A situação que se vive em Timor é um assunto muito, muito sério!

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