domingo, maio 28, 2006

Comandante australiano diz que está a fazer desarmamento dos grupos

Lisboa, 28 Mai (Lusa) - O comandante das tropas australianas em Timor-L este, brigadeiro Mick Slater, afirmou hoje em Díli que os seus efectivos estão a tentar desarmar os grupos envolvidos nos confrontos.

"As únicas pessoas com armas em Díli, quando terminarmos isto, serão os elementos da força internacional. Já começámos a desarmar", sublinhou, em confe rência de imprensa.
"A mensagem para o povo timorense é que estamos a avançar tão dura e tã o rapidamente como podemos para lhes garantir a segurança nas suas casas", disse .
O responsável militar australiano afirmou que, para já, a operação Astu te (nome de código da intervenção australiana) tem efectivos suficientes, garant indo que "se for necessário, virão mais".

Horas antes, o representante especial do secretário- geral das Nações U nidas em Timor-Leste, Sukehiro Hasegawa, tinha afirmado que são necessárias mais forças de paz para conter a onda de violência na capital timorense.

Mick Slater apelou aos timorenses para que voltem para as suas casas, a firmando: "se regressarem, podemos apoiá-los e fornecer segurança".

Os comentários do responsável australiano contradizem, porém, a informa ção prestada pelo governo e por residentes de alguns dos bairros afectados, que acusam as tropas de não actuarem perante a destruição das casas e ataques à popu lação.

Em declarações à Agência Lusa vários habitantes do bairro Delta-Comoro, onde hoje morreram duas pessoas, segundo residentes, mostraram-se indignados co m o que disseram ser a "imobilidade" dos soldados internacionais, a quem acusam de nada fazer, ao mesmo tempo que pedem a presença urgente da GNR portuguesa.

Inácio Moreira, professor universitário, 44 anos, morador no bairro, fo i peremptório nesse pedido (presença da GNR), acusando as forças australianas de não estarem a "proteger a população".

"Os australianos têm armas e não fazem nada, não ajudam, só estão a aju dar os criminosos", afirmou.

Outro dos moradores do bairro, um jovem de 24 anos, cuja casa ardeu e q ue se disse familiar de uma das vítimas mortais, deixou ainda um recado: "digam ao Xanana (Presidente da República), digam ao Ramos-Horta (ministro dos Negócios Estrangeiros), digam ao Alkatiri (primeiro-ministro), para mandar embora as tro pas australianas".

A liderança militar australiana espera que até meio do dia de hoje já e stejam no terreno a totalidade da força de 1.300 militares, apoiados por tanques , helicópteros e comandos especiais.
O governo timorense reactivou já a Comissão de Apoio Humanitário, sob r esponsabilidade do secretário de Estado do Trabalho e Solidariedade, Arsénio Ban o, que tem estado envolvido na coordenação do apoio humanitário básico aos deslo cados.

Entretanto, em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro Mari Alkati refere ter recebido várias expressões de solidariedade para com o povo timorense , entre eles do presidente moçambicano, Armando Gebuza, e dos primeiros-ministro s português, José Sócrates, e cabo-verdiano, José Maria das Neves.

"Todos expressaram a sua profunda tristeza pelo que está a acontecer em Timor-Leste e reafirmaram o seu total apoio ao povo timorense", refere o comuni cado.
"Expressaram a sua solidariedade e vontade de assistir o Governo e o Es tado timorense na procura de uma solução duradoura e estável para o país, que pa sse pelo reforço da solidariedade institucional dos órgãos de soberania de Timor -Leste", conclui a nota de imprensa.
ASP.

11 comentários:

  1. A ausencia de actualizacoes deixa um pouco de preocupacao...

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  2. O que está a acontecer e a relativa ineficácia (aparente?) da intervenção australiana até ao momento eram de esperar...
    As forças armadas --- nenhumas FA em ladoi nenhum do mundo --- não estão preparadas para a "reposição da ordem pública"; isso É tarefa das polícias, nomeadamente das "polícias de choque". Isto é: os australianos foram chamados para susterem determinado "inimigo", essencialmente militar (Reinaldos, Salsinhas FDTL contra PNTL, etc), e afinal o inimigo com que se deparam é outro: as várias "turbas" que andam a pôr a cidade a ferro e, principalmente, fogo.
    Moral da história, sf. Ministro António Costa: o que está em causa em Dili é trabalho para a GNR e não para um exército, que não está equipado nem preparado (não sabe como...) para este tipo de operações.
    Por isso seria essencial --- E-S-S-E-N-C-I-A-L! --- que enviasse a GNR JÁ e não "às mijinhas"!... (desculpem o palavreado mas por vezes não há como falar português "vernáculo" para ver se a gente se entende!...)

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  3. Australianos estao nas zona do supermercado lider acompanhados dos timorenses que um pouco antes estavam ai a barricar a estrada e a apedrejar os carros que passam.

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  4. hali boot, acompanhados como? foram "apanhados" pelos Australianos ou os Aussies continuam impavidos e serenos?

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  5. Por favor vejam no final deste comentário, o último despacho da LUSA.

    Muito preocupante o que pode ser inferido das declarações o Ministro José Ramos-Horta:
    1 - Presidente da Republica vai reunir com forças australianas para avaliar condições para colocar a PNTL na rua ao lado das forças estrangeiras;
    2 - Não respondeu - ficou em silêncio - aos jornalistas quando foi questionado sobre a 'possibilidade de dissolução do Parlamento Nacional e de demissão do Governo'.

    O Presidente da República está aparentemente mesmo a movimentar-se para concentrar o poder - mesmo que dando-lhe a nuance de "acção no contexto constitucional" - para alcançar este objectivo, partiu para Díli e está com ele o constitucionalista português - Pedro Bacelar de Vasconcelos: ajudar o PR a 'movimentar-se entre as linhas da Constituição - porque o espírito Constituição não consegue controlar!

    Passos seguintes do PR:

    1 - Dissolve o Parlamento que o Povo de Timor-Leste elegeu, pois não controla a maioria eleita.

    2 - Consequentemente, demite o Governo, que não controla.

    3 - Nomeação de um Governo de iniciativa presidencial. A dúvida é: PM Hermenegildo Pereira, PM Lasama, PM Mário Carrascalão - recuso a acreditar na possibilidade PM José Ramos-Horta.

    4 - Continuação do clima de crise - tão favorável ao PR nestas circunstâncias! - e anúncio de convocação de eleições gerais.

    Se não convocar eleições, a comunidade internacional não poderia aceitar o que ele está a fazer!

    Belo papel, Dr. Pedro Bacelar de Vasconcelos. Pode incluir no seu CV de Professor Catedrático: experiência prática em 'golpes constitucionais'!

    O Presidente da República tem de dialogar. Não pode continuar nesta posição autista (como um leitor do blog referia há umas horas atrás).

    Só mantém diálogo com assassinos? E com os seus irmãos? Não sabe o que é a solidariedade institucional? O Senhor é um Chefe de Estado! Não tem sentido de estadista? Não respeita as instituições ou, na sua cabeça e com os movimentos do golpe que está a dar, já ficou claro que as instituições/órgãos de soberania já não existem ... só existem na cabeça de quem continua a recusar ver que está a dar um golpe!!??

    O jogo com os media também é revelador: Não diz nada mas anuncia com 48 horas de antecedência que vai falar ao país: técnica conhecida para criar expectiva e aumentar o impacto!

    Conhecia-o como herói, como líder, como estratega na causa nobre de defesa de 'Pátria/Povo' - agora conhecemo-lo como Golpista - que desejo de concentrar o poder nas suas mãos! Como permitiu consumir-se de tanta animosidade, Senhor Presidente?



    28-05-2006 8:46:00. Fonte LUSA. Notícia SIR-8030391

    Timor-Leste: Violência em Díli é obra de marginais, diz Ramos-Horta


    Díli, 28 Mai (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, José Ramos-Horta, considerou hoje que os actuais episódios de violência em Díli se devem à actuação de grupos de marginais.

    "A questão agora é de lei e de ordem, são marginais que estão a causar os distúrbios, o que torna a situação mais difícil de controlar por parte do exército," disse Ramos-Horta, falando aos jornalistas no bairro de Becora, na capital timorense.

    Ramos-Horta efectuou hoje duas visitas ao bairro, que foi durante o dia alvo de actos de violência, quando grupos de civis armados com armas de fogo, catanas, arcos e flechas e zagaias atacaram diversas residências no local, incendiando diversas casas.

    "O Presidente da República, Xanana Gusmão, vai hoje encontrar- se com o comandante das forcas australianas em Timor-Leste, para avaliar quais as condições para que a polícia de Díli possa voltar ao trabalho, ao lado das forças australianas," disse o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense.

    Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade próxima de uma dissolução do parlamento e de demissão do governo, Ramos-Horta preferiu não responder.

    Díli vive hoje o quarto dia de violência, com grupos armados a atacar diversos bairros, cujos moradores organizaram também mílicias de defesa, armados com armas tradicionais.

    Civis armados atacaram hoje de manhã o Bairro Delta-Comoro, na parte oriental da capital timorense, provocando pelo menos dois mortos, segundo os habitantes do bairro.

    Os confrontos registam-se também em outros bairros de Díli, nomeadamente Becora e Bairro Pite com a destruição e saque de residências e confrontos entre grupos armados.

    RBV Lusa/Fim

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  6. Esses «manos» precisam é de ser metidos na «choldra», caso contrários tiram-lhes umas catanas e eles vão buscar outras, ou será que estamos perante o genial conceito de desarmamento até se esgotarem as pedras, fósforos e gasolina de todas as lambretas de Timor-Leste e arredores. Daqui a nada esses rufiões estão-se a rir é dos australianos

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  7. "O responsável militar australiano afirmou que, para já, a operação Astu te (nome de código da intervenção australiana) tem efectivos suficientes, garantindo que "se for necessário, virão mais".

    Horas antes, o representante especial do secretário- geral das Nações Unidas em Timor-Leste, Sukehiro Hasegawa, tinha afirmado que são necessárias mais forças de paz para conter a onda de violência na capital timorense".

    Mick Slater apelou aos timorenses para que voltem para as suas casas, a firmando: "se regressarem, podemos apoiá-los e fornecer segurança".

    Na BBC as imagens são de grupos de jovens a destriur casas e com os militares australianos parados a assistir.

    De Mick Slater e Sukehiro Hasegawa, face aos altos cargos que ocupam esperava-se um pouco mais de seriedade!

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  8. Malai Azul: sera que da para dar uma palavrinha? Niguem sabe quem es mas todos entem a tua falta!...

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  9. Tivemos a bocado uma reuniao no Bairro da Cooperacao. Da reuniao destacam-se duas coisas:
    1 - ha quem fique especialmente antipatico em situacoes de tensao (e nao devia...)
    2 - Os portugueses presentes sao quase unanimes (a julgar pelas conversas pelo jardim apos a reuniao) em nao querer abandonar os timorenses com quem trabalham, a quem dao aulas... O pessoal esta confiante em que as coisas melhorem em breve, para que haja um futuro para Timor e para os timorenses.

    Os alunos com quem vou contactando telefonicamente repetem a mesma pergunta: quando chegam os GNRs? Os timorenses ja viveram situacoes de instabilidade, com bandidos impunes a solta pelas ruas, em que a actuacao dos agentes anti-motim da GNR foi decisiva para parar a actuacao dos gatunos e arruaceiros e para restaurar a confianca perdida das pessoas. Repetem-se os relatos de situacoes em que tropas australianas assistiram a accao de incendiarios e saqueadores de lojas ou casas sem os deterem. As pessoas perguntam-nos: quando chegam os GNR? So podemos responder-lhes que "em breve".
    Tambem nos perguntam se os portugueses vao embora com a ansiedade de quem pensa que quando isso acontecer tal sera o sinal de que vai tudo rebentar definitavente no pais e nas suas vidas. Temos-lhes dito que os portugueses nao vao embora, que estamos so a espera que as coisas fiquem um pouco mais calmas para retomarmos as aulas, tenho esperanca de poder continuar a dizer o mesmo. Espero que nao haja evacuacao dos cidadaos portugueses, como gostariam os australianos se calhar, a nossa presenca faz uma diferenca para os timorenses.
    JP

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  10. E hoje, as mesmíssimas cadeias internacionais, BBC, CNN, Euronews continuam a mostrar as mesmíssimas cenas de jovens a destruíram e a incendiarem as mesmíssimas casas de ontem, numa mal encenada mostra de vingança, "puxando" por eles para eles dizerem que é por "vingança" que estão a fazer isso! E o "jornalista" da BBC que se esforça por encontrar estas razões é o mesmíssimo que ontem ao "entrevistar" o Alkatiri insistia que ele "falhou", que ele tinha de se demitir...

    E de repente lembrei-me de já ter visto repetidamente este filme, na Bósnia, no Kosovo, na Chechénia, onde quer que "eles" tenham interesses para preservar e um governo que não alinha submissamente. Regime change, novamente, agora à moda da social-democracia portuguesa para levar a água ao moinho dos australianos? Shame on you Mr. Gusmão e a todos os que alinharem nesta golpaça!

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  11. A retirada pela força do PM de TL
    custará muito aos seus atores e ao povo desta jovem nação.
    Só o estado de direito garante a segurança e o futuro para apopulção de TL.
    Alfredo
    Brasil

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