tag:blogger.com,1999:blog-28192219.post1886254262535435074..comments2024-03-24T18:22:40.376+09:00Comments on Timor Online - Em directo de Timor-Leste: Sobre línguas oficiaisUnknownnoreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-28192219.post-69969047025457893762008-01-31T09:46:00.000+09:002008-01-31T09:46:00.000+09:00A propósito da falácia que frequentemente se lê na...A propósito da falácia que frequentemente se lê na internet sobre o Português ser pouco falado (ou percebido) em Timor-Leste, sugiro a leitura deste texto, de autor desconhecido e publicado em http://www.agal-gz.org/foros/viewtopic.php?t=193<BR/><BR/>Trata-se de um texto que resume a História da ocupação de Olivença e da repressão da língua portuguesa nesse território.<BR/><BR/>Substitua-se "Olivença" por "Timor-Leste", "oliventino" por "timorense", "Espanha" por "Indonésia", "Castelhano" por "Indonésio" e façam-se mais algumas pequenas adaptações. O resultado assentará quase como uma luva ao que se passou em Timor-Leste durante a ocupação indonésia e ajuda a explicar (aos mais incrédulos) porque é que tão poucas pessoas falam Português em Timor.<BR/><BR/>"A 20 de Fevereiro de 1805, foi decidido suprimir toda e qualquer escola portuguesa, bem como o ensino do Português. <BR/><BR/>A 14 de Agosto de 1805, as actas da Câmara Municipal passaram a ser escritas obrigatoriamente em Castelhano, o que fez uma vítima: Vicente Vieira Valério. Este, negando-se a escrever na Língua de Cervantes, teve de ceder o lugar a outro. E acabou por morrer à mingua de recursos, personificando um drama cujo desenvolvimento se processaria, geração após geração. <BR/><BR/>As Escolas privadas continuaram a ministrar ensino em Português, até que são fechadas a 19 de Maio de 1813, com o propósito (oficial) "de evitar qualquer sentimento patriótico lusitano" (A.M.O. leg/Carp 7/2-18, 19-05-1813, n.º 1324; revelado por Miguel Ángel Vallecillo Teodoro, "Olivenza en su História", Olivença, 1999). <BR/><BR/>Mas, porque eram muitos os oliventinos que queriam que os seus filhos fossem educados na língua materna, continuaram a existir professores particulares para o fazer. <BR/><BR/>O "Ayuntamiento" não hesitou, e proibiram-se "as aulas particulares, sob pena de multa de 20 Ducados", em 1820 (A.M.O. leg/Carp 8/1-171, 7-10-1820, n.º 1704; revelado, também, por Miguel Ángel Vallecillo Teodoro, "Olivenza en su História", Olivença, 1999). <BR/><BR/>A população oliventina mantinha as velhas tradições, a vários níveis, procurando agir como se nada tivesse mudado. Mas tal foi sendo cada vez mais difícil, e muita gente foi emigrando, principalmente para as povoações portuguesas mais próximas. <BR/><BR/>Em 1840, trinta e nove anos após a ocupação espanhola ( recorde-se: efectuada em 1801 ), o Português foi proibido em Olivença, inclusivamente nas Igrejas. O combate contra a Língua de Camões já vinha de trás, todavia. <BR/><BR/>Algumas elites foram aceitando o castelhano. O Português foi-se mantendo, teimosamente, principalmente a nível popular.<BR/><BR/>O hábito e o amor-próprio levavam o oliventino a, quase constantemente, "saltar" do castelhano para o português. De tal forma que, depois de duzentos anos de pressão, ele é entendido e falado por cerca de, pelo menos 35% da população, segundo cálculos da União Europeia (Programa Mosaïc). <BR/><BR/>Como sucede, contudo, neste casos, em qualquer ponto do Globo, o Português foi perdendo prestígio. Não sendo utilizado nunca em documentos oficiais, na toponímia (salvo se traduzido e deturpado), ou em qualquer outra situação que reflectisse a dignidade de um idioma, manteve-se, discretamente, por vezes envergonhadamente. A Televisão e a Rádio vieram aumentar a pressão sobre o seu uso e compreensão. <BR/>A Ditadura Franquista acentuou a castelhanização. Agora oficialmente, o Português era uma Língua de quem não tinha... educação! Uma Língua de Brutos, ou, como também se dizia, uma Língua Bárbara! <BR/><BR/>Não obstante, ela sobreviveu. Mesmo nas ruas, surgia e ressurgia, a cada passo... raramente na presença da autoridades. Mesmo algumas elites continuavam a conhecê-la, embora numa fracção minoritária. <BR/><BR/>Nas décadas de 1940, 1950, e 1960, era raríssimo, mesmo impossível em alguns casos, encontrar professores, polícias, funcionários em geral, que fossem filhos da terra oliventina, na própria Olivença. Colonizadores inconscientes, peões numa política geral de destruição das diferenças por toda a Espanha."Anonymousnoreply@blogger.com